Neil Young relata o episódio do aneurisma que quase tirou sua vida em 2005
Por André Garcia
Postado em 10 de fevereiro de 2022
Em sua autobiografia, lançada em 2012, o compositor canadense Neil Young narra episódios como o aneurisma que quase tirou sua vida em 2005.
Naquele ano, Neil participou da cerimônia do Rock and Roll Hall of Fame e na manhã seguinte ele relatou uma preocupante anormalidade: "Não conseguia enxergar muito bem. Parecia que eu tinha um caco de vidro nos olhos, como se estivesse olhando através de um espelho quebrado."
O aneurisma
Após consultar um neurocirurgião, Young realizou os exames por ele solicitados e retornou com os resultados. O médico mostrou numa imagem do cérebro uma área irregular, que "parecia o restado da Flórida, pendurada no sudeste dos Estados Unidos", definiu o cantor.
"Ainda não é uma emergência", disse o doutor, "mas temos de retirar isso de seu cérebro assim que possível." O aneurisma de tempos em tempos se expandia, como um balão — e uma hora arrebentaria.
O cirurgião que faria a operação só estaria em Nova Iorque em 10 dias. Incapaz de ficar em casa parado esperando, Neil Young entrou em estúdio em Nashville para gravar o álbum "Prairie Wind" (2005), aquele que poderia ser seu último.
Em meio às gravações, a cirurgia foi marcada para a semana seguinte. Quando voltou para casa, já tinha o álbum quase completo. Chegado o dia da cirurgia, Neil narra: "Vieram me buscar, e eu disse a Pegi ‘Logo a gente se vê’. Aí fui levado para uma salinha e me sedaram."
A cirurgia
Microscópicas molas adesivas foram instaladas no aneurisma, atraindo o tecido que preencheria a região, regulando o fluxo sanguíneo.
"Quando acordei, tudo tinha terminado", recorda o canadense. "Minhas pernas estavam amarradas para eu não mexê-las e machucar o local por onde eles tinham entrado na artéria femoral e ido até meu cérebro."
Dias depois enquanto fazia exames, ele decidiu ir até um restaurante quando o pior aconteceu: "Caminhamos bem devagar pela Madison Avenue. Já tínhamos andado meio quarteirão quando dei um passo e senti um movimento acima da coxa. Minha perna ficou muito quente. Notei que estava molhada. Meu sapato estava cheio de sangue e minha calça ficou encharcada."
A emergência
Ele retornou ao hotel, mas desabou enquanto esperava o elevador. "Caí lentamente até ficar estendido, com sangue escorrendo pelo chão. Eric [Johnson] estava comigo. Ele entendeu o que estava acontecendo e fazia pressão na perna, bem no lugar da ferida, para interromper o fluxo de sangue."
Os pontos da incisão da cirurgia romperam, abrindo um buraco na artéria. "Depois de 10 minutos no máximo, os paramédicos chegaram. Fui colocado numa maca e levado para a ambulância, e um técnico em enfermagem muito animado e forte dizia: ‘Neil, converse comigo! (...) Faça força para continuar acordado!’
Em seguida, me senti com frio, mas bem. Meu corpo tremia feito louco e eu estava congelando! (...) Fui sedado. Quando finalmente acordei, estava acompanhado por uma enfermeira negra muito legal e suave, da Carolina do Sul. (...) Era meu anjo da guarda.
‘Agora você está bem’, disse ela. ‘Deus ainda não quer você, ou já o teria levado.’"
FONTE:
Livro Neil Young - A Autobiografia, lançada no Brasil pela Globo Livros
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