A história de Jimmie Nicol, baterista que substituiu Ringo nos Beatles por duas semanas
Por André Garcia
Postado em 09 de maio de 2022
Em 1962, a beatlemania dominou Liverpool; no ano seguinte a Inglaterra; e um ano depois os Estados Unidos — e, consequentemente, o mundo.
Dessa forma, em meados de 1964, os Beatles fariam uma ambiciosa turnê em três continentes: começando na Dinamarca e terminando na Nova Zelândia, ela passaria ainda pela Holanda, Hong Kong e Austrália — tudo isso em menos de um mês!
No entanto, conforme publicado pela Ultimate Classic Rock, na véspera do embarque, no dia 3 de junho, o baterista Ringo Starr foi hospitalizado com amigdalite. O empresário Brian Epstein já tinha feito todos os preparativos e milhares de ingressos já haviam sido vendidos, então cancelar os shows seria uma catástrofe financeira para a banda.
Sem saída, coube ao empresário convencer os outros três a substituir temporariamente Ringo. John Lennon e Paul McCartney compreenderam a necessidade e aceitaram a ideia, mas George Harrison recusou.
"Eles quase não fizeram a turnê australiana", contou o produtor George Martin no documentário Anthology. "George é uma pessoa muito fiel, e disse: 'Se não tiver o Ringo, não é Beatles. Não acredito que a gente deva fazer isso, e eu não vou.' Foi preciso toda a persuasão minha e de Brian para convencê-lo de que, se ele não embarcasse, deixaria todo mundo na mão."
John, Paul, George & Jimmie
O substituto escolhido foi Jimmie Nicol, um baterista londrino de 24 anos, cujo trabalho como músico de estúdio já era conhecido por Epstein e McCartney. Nicol recebeu o telefonema dos Beatles o convocando para um rápido teste/ensaio de seis músicas no estúdio Abbey Road. A seguir, ele recebeu o corte de cabelo característico da banda e arrumou as malas. E assim, apenas 27 horas depois, ele já fazia sua estreia na Dinamarca.
Do hospital, Ringo Starr acompanhava tudo aquilo à distância. "Foi muito estranho, eles irem sem mim" contou o baterista também no Anthology. "Eles levaram Jimmie Nicol e eu pensei que eles não gostavam mais de mim. Aquela coisa toda ficou martelando na minha cabeça."
Jimmie Nicol fez parte dos Beatles por quase duas semanas, período onde tirou fotos, fez aparições na TV e até deu entrevistas, gozando de todo o sucesso do grupo. "Um dia antes de ser um beatle, nenhuma garota olhava para mim", confessou Nicol. "Um dia depois, vestindo um terno e andando de limusine com John Lennon e Paul McCartney, elas se matavam para encostar em mim."
O sonho acabou
Assim que recebeu alta, Ringo partiu para Melbourne [Austrália], onde se juntou a seus colegas no palco já no dia 14 de junho. No dia seguinte, Jimmie deu sua última entrevista para a TV como um beatle e partiu sozinho para o aeroporto. Em agradecimento, ele recebeu um relógio de ouro com a inscrição: "Dos Beatles e Brian Epstein para Jimmie — com reconhecimento e gratidão."
Segundo Jim Berkenstadt, que escreveu um livro sobre Jimmie Nicol, após tocar com os Beatles a vida do baterista foi ladeira abaixo: "As duas bandas solo dele após os Beatles não venderam nada. A música era uma mistura de jazz e rock, as pessoas queriam ouvir algo mais estilo rock britânico. Ele gastou todo seu dinheiro nessas bandas. Ele faliu e sua esposa pediu divórcio, assim ele foi separado do filho e teve que voltar para a casa da mãe."
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