Gloria Cavalera comenta comparação com Yoko Ono após Max sair do Sepultura
Por Emanuel Seagal
Postado em 22 de outubro de 2022
Em 1983 Gloria Cavalera abriu um bar com seu irmão, um negócio que ajudou a movimentar a cena da cidade de Phoenix (Estados Unidos), abrindo as portas para diversas bandas do underground. Nomes como Flotsam & Jetsam, Poison e Sacred Reich se apresentaram lá, até a polícia fechar o local. Após Gloria perdeu tudo, Jason Rainey, guitarrista do Sacred Reich, a convidou para ser empresária do grupo. Gloria topou e começou do zero, sem ter ideia do que uma empresária deveria fazer. Anos depois, em 1989, ela foi convidada por Monte Conner, um dos executivos da Roadrunner Records, para ser empresária do Sepultura, que vinha de uma turnê problemática nos Estados Unidos. Ela aceitou e os dois lados foram bem sucedidos nos anos seguintes, até que em 1996 Max Cavalera, seu marido e vocalista do Sepultura, deixou o grupo, e para muitos fãs ela é lembrada apenas por esse dia, comparada à Yoko Ono. Em entrevista realizada por Eleanor Goodman, da revista Metal Hammer, a empresária relembrou o ocorrido e o falecimento do seu filho, Dana Wells.
Gloria afirmou que embora os fãs a culpem pela saída do Max ela o encorajou a permanecer na banda. "Sim, eu disse a ele para ficar, foi assim, 'Sabe de uma coisa, eu posso ser empresária de um milhão de bandas, e este é o seu bebê, você precisa ficar.' Mas realmente, a morte de Dana mudou tudo pro Max e pra mim. Isso fez nossos olhos verem o que estava acontecendo, e as coisas que dizíamos a nós mesmos que não estavam acontecendo porque não queríamos que acontecessem. Eu havia acabado de enterrar meu filho e me falaram que duas semanas era tempo suficiente, 'Venha pra estrada, aja como uma profissional.' Quando fiz a turnê para terminar no último dia do meu contrato e saí daquela sala, havia tanto caos no ônibus e caos pra todo lado, brigas, comportamento alcoolizado. Pra mim, foi como se eu deixasse minhas correntes em Brixton (onde o grupo encerrou a turnê) e seguisse em frente", contou.
Ela acrescentou: "Eu não sabia pra onde eu ia ou onde iria parar, mas uma vez que você enterra uma criança, uma banda é uma banda, e você coloca seus sentimentos em perspectiva de uma maneira diferente sobre a vida. Max chegou em casa e começou a compor imediatamente. Ele escreveu (as músicas do Soulfly) 'Eye For An Eye' e 'Tribe'. Então nós dois encontramos maneiras diferentes de cuidar daquele sentimento horrível, daquela traição. Foi tão incrível ter todas essas coisas acontecendo simultaneamente."
"Alguém me falou: 'Como você se sente sendo chamada de Yoko Ono?' e eu disse: 'Você está brincando comigo? Sou comparada a uma esposa dos Beatles?" Isso é a coisa mais espetacular do mundo; John Lennon foi de longe o Beatle mais legal, e eu tenho um cara muito legal também' (risos)! Eu não acho que era a resposta que esperavam de mim. Eu gostaria que meu legado tivesse sido um pouco mais polido, mas as coisas acontecem em sua vida e, com as mídias sociais, muitas coisas são divulgadas. Espero ser conhecida por ser uma mulher que conseguiu trazer muita arte e ajudou muita gente nos momentos ruins. A música salva, e eu gostaria de ser conhecido por ser uma pessoa compassiva e humilde."
Gloria nunca deixou de cuidar da carreira do marido, mas espera arranjar mais tempo livre com ele fora do trabalho. "O sonho dele é ter um motorhome, sair por um ano e dirigir pela América, ver coisas diferentes. Passamos tanto tempo trabalhando e em turnês que acho que queremos um pouco de tempo para passarmos um com o outro, apesar de ficarmos juntos o tempo inteiro. Queremos um tempo só pra nós", desabafou.
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