A explicação de Jeff Beck para sua "desconfortável" rivalidade com Eric Clapton
Por André Garcia
Postado em 17 de janeiro de 2023
Um traço comum à maioria dos mais bem sucedidos dos artistas e atletas é o alto espírito de competitividade. No futebol, por exemplo, nos últimos anos vimos a disputa entre Lionel Messi e Cristiano Ronaldo pelo trono de melhor do mundo; no rock, já vimos inúmeras bandas antagonistas, como Oasis e Blur em meados dos anos 90.
No rol de maiores guitarristas da música britânica sempre rolou rumores de que Eric Clapton e Jeff Beck nutriam uma relação competitiva que se tornou uma longa e saudável rivalidade. Conforme publicado pela Far Out Magazine, Jeff acreditava que essa história começou lá em 1965, quando substituiu Eric no Yardbirds, e, segundo ele, o superou:
"Eu sei que ele não gostou do fato de eu tê-lo superado no Yardbirds, e nós fomos muito bem. O burburinho ao redor da banda era que ela estava acabada quando Eric saiu. Na minha estreia com o Yardbirds no Marquee [Club, em Londres] eu mostrei a eles como a banda tocava, e fui aplaudido de pé, então acabou aquela história."
"Dois meses depois daquilo, a coisa deslanchou nos Estados Unidos", acrescentou, "o que deixou Eric muito puto. Acho que ele ansiava por aquilo — assim como todos nós. Era nosso sonho ir para os Estados Unidos conhecer os guitarristas de blues. Em uma semana estávamos em Chicago com Howlin' Wolf, então sinto que Eric ficou com um pouco de ciúmes daquilo. Mas aí então veio o Cream, e ele passou por cima de todo mundo."
Por mais que fossem rivais, os dois possuíam uma grande admiração mútua que não costumavam demonstrar devido ao fato de não terem sido lá muito próximos. Tanto que Beck ficou surpreso de ver a emocionante participação de Clapton no documentário Still on the Run: The Jeff Beck Story:
"Devo admitir que caiu uma lágrima – especialmente com Eric", disse ele à Rolling Stone. "Eu nunca imaginei que ele fosse se dar ao trabalho de estar naquilo. Observei a cara dele várias vezes para ver se ele estava de gozação [risos], mas não, foi simplesmente avassalador."
Décadas se passaram, e os dois seguiram tendo uma peculiar relação de admiração e competição:
"Lembro que ele me convidou para um show [em 1980] em Guilford, perto de onde ele mora, e eu pensei 'Por que ele está me convidando?' [...] No caminho, ele perguntou 'Você quer tocar Blackie?' e eu respondi 'Não conheço essa música', e ele disse 'Não, digo minha guitarra'. Eu fiquei, tipo, 'Ah tá, ops…' Primeira mancada da noite."
"Então eu disse: 'Como eu não trouxe uma guitarra, vou fazer isso.' Aí, cerca de um minuto depois, ele se virou, parou o carro e disse: 'Isso não vai ser uma daquelas coisas explosivas não, né?' Eu respondi: 'Olha, ou eu toco, ou eu não toco'. Havia uma certa rivalidade — qual seria palavra? — desconfortável."
"Eu descobri mais tarde por Pattie [Boyd], sua esposa, que realmente havia [uma rivalidade], especialmente pelo lance de Stevie Wonder. Ele não gostou muito de eu ter feito sucesso com Stevie. Acho que aquilo deixou ele mordido", concluiu.
Certa vez, em entrevista para a Rolling Stone, Eric Clapton minimizou essa história de rivalidade com Jeff Beck: "Nós nunca fomos rivais — isso não passou de algo que a imprensa fez parecer."
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