O dia que Dinho e Bonfá aceitaram maracutaia para ir aos EUA e acabaram sem grana
Por Gustavo Maiato
Postado em 04 de maio de 2023
Antes de ganhar o Brasil com o Capital Inicial e a Legião Urbana, Dinho Ouro Preto e Marcelo Bonfá eram dois adolescentes no Distrito Federal. Em episódio do "Que História é essa, Porchat?", Dinho contou uma história hilária dessa época.
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"Essa história aconteceu em 1983. As bandas estavam começando em Brasília. Eu estava começando o Capital Inicial e o Marcelo Bonfá iniciando a Legião Urbana. Naquela época, o Brasil estava com hiperinflação. Tenho que descrever a cena do crime! Durante o mesmo dia os preços mudavam. Era um pesadelo e o governo criou uma cotação artificial do dólar. Tinha o dólar oficial e o livre.
A diferença entre os dois era grande. Aconteceu uma coisa peculiar com as agências de viagem. Quem ia ao exterior tinha direito de comprar no câmbio oficial 1 mil dólares. Era em preço barato, diferente do câmbio livre, que era mais caro. As agências diziam que ofereciam uma passagem, mas em troca você tinha que renunciar ao seu direito de comprar dólares no câmbio oficial. Você tinha que se virar, só se você tinha dólar guardado em casa.
Não sei como, mas chegaram para mim e para o Bonfá e oferecem essa maracutaia! Ninguém aceitou, mas eu e o Bonfá aceitamos! [risos]. A gente se vira em Nova York, damos um jeito de sobreviver sem grana. Contamos essa história para nossa turma das bandas. Bolamos o plano de ir até uma cidade próxima chamada Diamantina e comprar pedras preciosas com preço de banana. Levaríamos para Nova York escondidos! Éramos gangsters! Íamos vender as joias. Tudo com dinheiro emprestado dos nossos amigos!
Ninguém tinha dinheiro, sabe? Pegamos todas as economias da galera. Eram umas 30 pessoas. Compramos esmeraldas e topázios! A gente não entendia nada de pedra. Pegamos as pedras e fomos. Escondemos nas nossas roupas e embarcamos. O plano estava indo tudo bem. Fomos em uma rua em Nova York que tem um monte de casas de comércio de pedras preciosas. Entramos na primeira loja e o cara botou aquela lente para ver a qualidade das pedras. Ele falou: ‘Vocês roubaram essas pedras, né?
Como vocês tem isso?’. Falamos que viemos do Brasil e trouxemos e tal. Ele falou que as pedras são péssimas e não tinham valor algum. Achamos que o cara estava enganado e queria forçar o preço. Fomos na segunda loja e o cara disse a mesma coisa. Fomos de loja em loja e ninguém queria comprar. Não tínhamos como comer nem dormir. Estávamos ilhados e sem ninguém a recorrer. Decidimos ir aos clubes de música e oferecer as pedras em troca de comida ou para entrar. Fomos nuns lugares de punk rock e esses caras falaram: ‘Que legal!’. Viramos os ‘Boys From Brazil’. Tínhamos pedras preciosas e as portas se abriram!
Deixaram a gente entrar e comer e tal. Fomos tratados como reis nesse mundo do rock alternativo. O voo de volta era daqui uma semana. Deixaram a gente dormir nos sofás e tudo mais. Até o fim da viagem. As pedras acabaram. Voltamos ao Brasil. Eu e Bonfá até pensamos em ficar por lá, com aquela galera generosa! Mas voltamos e todo mundo ficou: ‘Eles chegaram com nosso dinheiro’. Falamos que tínhamos uma má notícia, que o dinheiro virou fumaça"
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