Para Sting, toda banda extinta deveria se reunir - mas uma única vez!
Por André Garcia
Postado em 28 de junho de 2023
Com raras exceções, banda grande quando se separa, "o pra sempre, sempre acaba". Pode demorar, mas (quase) todas cedo ou tarde volta, só que muitas delas pouco duram.
The Police estava lado a lado com o The Smiths no quesitos retornos mais aguardados, mas que jamais aconteciam. Já era muito raro em 2007, quando Sting (baixo e vocal), Andy Summers (guitarra) e Stewart Copeland (bateria) se riscaram dessa lista com uma turnê mundial do The Police em sua formação original. A turnê se estendeu até o ano seguinte, e foi a terceira que mais faturou no período. Apesar de tanto sucesso, foi uma noite e nada mais. O trio desde então segue suas vidas por caminhos separados e não pensa mais no assunto.
Em entrevista para a Music Week, Sting foi perguntado se recomenda a experiência da reunião às bandas ainda extintas. "Uma vez só!", respondeu sério, apesar do riso. "Tem que ser uma vez, e no momento certo. Quando o The Police se reuniu, já tinha se passado tempo suficiente e era a hora certa de fazê-lo. E assumo o crédito por isso, porque foi minha decisão. Fazer aquilo de novo seria simplesmente sem propósito, então não vai acontecer. Mas nós fizemos, e todo mundo ficou feliz que papai e mamãe se reuniram novamente para uma última aventura."
Crítico ao conceito de pertencer a uma banda em pleno século XXI, o baixista destacou a intimidade forçada como maior fonte de atrito:
"É um relacionamento intenso: vocês começam em uma banda juntos e passam a viver juntos, dormindo na van juntos, compartilhando quarto de hotel... Sua vida está soldada à dos outros caras da banda, e isso é intenso. Ainda nos amamos e nos respeitamos, mas estou feliz por não estar mais em uma banda. Tenho muito mais liberdade, e quando tenho minha própria banda, o papel de cada um é muito claro. Apenas seguimos em frente com o trabalho. Quando uma banda jovem começa, os papéis são muito mais flexíveis, o que cria tensões. Mas é tudo natural, é claro."
E foi a tensão daquele atrito o que favoreceu o processo criativo do The Police, segundo seu frontman. Para ele, o que move a panda a seguir em frente é o que fatalmente provoca seu fim: "Acho que isso te dá uma energia competitiva, uma emoção. Ao mesmo tempo, chega um ponto em que isso atrapalha o processo criativo e você está lidando com o ego em vez de ideias musicais concretas (ou ideias musicais atuais). Quando o fluxo para, é quando uma banda precisa se separar."
Sobre música nova do The Police, Sting garantiu que a ideia jamais foi sequer debatida: "Nem foi. Aquilo foi [...] a nostalgia de recriar aquela coisa por um breve período do tempo. Não, nós nem tentamos."
Atualmente o legado do The Police anda sendo carregado por seu baterista com a turnê Police Deranged For Orchestra. Com a experiência do vencedor de sete Grammys que é, rearranjou com orquestra completa clássicos do The Police e uma seleção de coisas solo. O projeto estreou em 2021, e permanece na estrada até hoje, sem dar sinais de que pretende sair dela.
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