Muse quase assinou com o selo de Serj Tankian, mas parceria não rolou
Por Mateus Ribeiro
Postado em 19 de maio de 2024
"Down With The System", novo livro de Serj Tankian, foi lançado na última terça-feira (14 de maio). Em uma das passagens de seu livro, o vocalista do System Of A Down conta que tentou levar banda inglesa Muse para seu próprio selo, porém, a parceria infelizmente não deu certo.
"Minha gravadora, Serjical Strike, sempre foi concebida como um meio de trabalhar com artistas que eu amo. Eu não tinha nenhuma ambição comercial real. Apesar disso, por pouco não assinei contrato com a banda britânica Muse em 2002 e no início de 2003, pouco antes de eles se tornarem grandes estrelas nos Estados Unidos. Por pouco não consegui, é uma forma diplomática de dizer isso. Eu fui meio que enganado", diz trecho do livro publicado no site da revista Metal Hammer.
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Serj chegou a ter contato com os integrantes do Muse, que foram até sua casa, tocaram em seu estúdio e até brincaram com seu animal de estimação. Apesar de tudo, o vocalista (que na época vivia um romance à distância) aparentemente foi passado para trás.
"Eu tinha visto o Muse tocar em festivais europeus onde o System estava se apresentando. Naquela época, a banda já tinha um grande número de seguidores na Europa, mas ainda não havia estourado nos Estados Unidos. Na verdade, sua gravadora americana, Maverick - uma subsidiária da Warner Bros. dirigida por nosso velho amigo Guy Oseary - nem sequer lançou seu segundo álbum, ‘Origin of Symmetry’ [2001], nos Estados Unidos.
A música deles é essa mistura contagiante de Rock Progressivo e Pop europeu com influências clássicas profundas, mas acho que a gravadora pensou que o público americano não entenderia. Falei com o empresário deles para tentar negociar uma saída do contrato com a Maverick para que eu pudesse contratá-los, e ele pareceu receptivo. Os caras da banda eram realmente bons. Vieram à minha casa, tocamos juntos em meu estúdio e até brincaram com meu cachorro.
A Maverick queria meio milhão de dólares para liberar o Muse de seu contrato, então fui até a Sony e fiz uma proposta, basicamente dizendo: ‘Adiante esse dinheiro. Essa banda valerá a pena e muito mais’. A Sony ficou na dúvida. Na época, o Muse estava trabalhando em outro álbum, e a Sony queria esperar para ouvi-lo antes de se comprometer a desembolsar o meio milhão de dólares para tirar o Muse da Maverick.
Por volta dessa época, eu estava passando muito tempo na Austrália e na Nova Zelândia. Isso foi antes de conhecer Angela [atual esposa de Serj], e eu ainda estava tentando salvar meu relacionamento com minha ex-namorada, que conheci em minha primeira viagem a Sydney. Todo mundo sabe que relacionamentos à distância são difíceis de manter, mas eu realmente havia me apaixonado por essa australiana e queria tentar fazer com que desse certo. Parti para lá por alguns meses e disse ao meu advogado para me avisar quando a cópia antecipada do álbum do Muse chegasse, para que eu pudesse apresentar a banda novamente à Sony. Parece que meu advogado não fez isso", acrescentou o cantor e compositor, que deu mais detalhes sobre a triste história (que provavelmente o fez perder uma belíssima grana).
"Nesse meio tempo, um vice-presidente da Sony tentou agir pelas minhas costas e assinar com o Muse sem a minha autorização. Quando ouvi algo sobre isso, vários meses depois, o barco já havia zarpado. A Warner Bros. ouviu o novo álbum do Muse, ‘Absolution’ [2003], retirou-os da Maverick e estava tomando providências para lançar o álbum por meio de uma subsidiária diferente. Até o momento, o álbum vendeu mais de 3,5 milhões de cópias em todo o mundo. O álbum seguinte da banda, ‘Black Holes And Revelations’ [2006], vendeu mais de cinco milhões [de cópias]."
Embora a situação contada por Serj fosse suficiente para o deixar completamente desgraçado das ideias, ele reconhece que errou e poderia ter agido de uma outra forma.
"Do ponto de vista comercial, fiz muitas coisas erradas aqui. Primeiro, eu deveria ter falado diretamente com Guy sobre a liberação do Muse de sua gravadora. Éramos velhos amigos e talvez tivéssemos conseguido chegar a um acordo muito menos oneroso do que os 500 mil dólares que a Maverick estava pedindo. Em segundo lugar, quando a Sony se recusou a pagar esse dinheiro, eu deveria tê-lo encontrado em outro lugar ou ter feito eu mesmo o pagamento. Em terceiro lugar, por mais irritado que estivesse com meu advogado por não ter me avisado que o álbum havia sido entregue, eu deveria ter telefonado para verificar. Eu estava muito zen em relação a tudo isso. Minha prática espiritual parecia estar me ensinando a acreditar que, se for para ser, será. Eu não ia forçar nada. Mas não é bem assim que o negócio da música funciona", finalizou o frontman.
No fim das contas, o Muse decolou e se tornou uma banda muito popular não apenas na Europa, mas na América também. O trio, formado por Matt Bellamy (guitarra/vocal), Christopher Wolstenholme (baixo) e Dominic Howard (bateria), continua na ativa e seu álbum mais recente é "Will Of The People", lançado em agosto de 2022.
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