John Lennon "agradecia a Jesus todo dia" por decisão dos Beatles que foi um livramento
Por André Garcia
Postado em 29 de abril de 2025
A trajetória dos Beatles é repleta de pioneirismos — tanto no estúdio quanto fora da esfera musical. Eles foram pioneiros inclusive no cancelamento após terem sido escrachados nos Estados Unidos em 1966 por conta de uma infeliz declaração de John Lennon comparando a popularidade dos Beatles com a de Jesus Cristo e o cristianismo. O pesadelo vivido por eles depois daquilo foi tão traumático que deixou marcas por toda vida. Fora Paul McCartney, que passou toda a carreira solo com álbuns e turnês constantes, John Lennon, George Harrison e Ringo Starr tiveram atividades musicais bem espaçadas e nunca foram muito de fazer longas turnês.


Lennon parece ter sido o mais traumatizado dos quatro, a julgar pelo fato de que praticamente não fez mais turnês propriamente ditas depois daquilo.
Ironicamente, conforme publicado pela Beatles Bible, ele eventualmente acabou agradecendo a Jesus pelo livramento que foi para ele se livrar da exaustiva e excruciante vida na estrada a bordo da maior banda de rock do planeta:
"Eu sempre me lembro de agradecer a Jesus pelo fim dos meus dias de turnê. Se eu não tivesse dito que os Beatles eram 'maiores do que Jesus' e chateado a muito cristã Ku Klux Klan, […] poderia muito bem ainda estar lá em cima dos palcos com todas as outras pulgas amestradas!"

Em 1966 John Lennon disse em uma entrevista na Inglaterra que não gerou repercussão:
"O cristianismo vai passar; vai encolher até desaparecer. Só não sei o que vai desaparecer primeiro: o rock n roll ou o cristianismo. Nós, os Beatles somos mais populares do que Jesus atualmente. Jesus era legal, mas seus discípulos eram desonestos e medíocres."
Como não existia internet, levou meses para que aquilo chegasse ao conhecimento dos radialistas sensacionalistas e pastores evangélicos oportunistas dos Estados Unidos — mas, quando chegou, a repercussão foi avassaladora. Para piorar, isso aconteceu bem quando a banda estava em turnê por lá. Foi porrada de todo lado: a mídia massacrando, rádios boicotando, igrejas promovendo a queima de discos. Ameaças de morte passaram a fazer parte da rotina deles. Teve até mesmo um show que quase foi cancelado por conta de uma ameaça de atentado a bomba por parte da Ku Klux Klan.

Para tentar por um fim em tudo aquilo, os Beatles convocaram uma entrevista coletiva onde um visivelmente abatido John Lennon tropeçou nas palavras para tentar se retratar:
"Eu não disse o que dizem que eu disse. Sinto muito pelo que eu disse. Nunca quis [dizer algo que] fosse anti-religioso. Peço desculpas, se isso deixa vocês felizes. Ainda não sei exatamente o que fiz. Tentei explicar o que quis dizer, mas se quiserem que eu me desculpe, se isso vai deixar vocês felizes… então tá, desculpa."
Os Beatles, que já não aguentavam mais o desgaste, o estresse e o caos que eram suas turnês (o que só piorava anos após ano), assim que voltou dos Estados Unidos decidiu se aposentar da estrada para focar só em gravar álbuns. Também pesou para essa escolha o fato de que em estúdio a música deles estava ficando cada vez mais complexa, e era impossível reproduzir aquilo no palco com a precária tecnologia da época.

O primeiro trabalho deles como banda exclusivamente de estúdio já foi o "Sgt. Pepper's Lonely Hearts Club Band" (1967), considerado por muitos um dos maiores, melhores e mais influentes discos de todos os tempos.
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