O beatle com quem George Harrison não trabalharia de novo: "Com o John Lennon eu faria banda"
Por Gustavo Maiato
Postado em 19 de abril de 2025
A harmonia que os Beatles transmitiam no palco contrastava fortemente com os bastidores da banda. Após a separação oficial em 1970, os ressentimentos entre os integrantes vieram à tona, revelando desavenças antigas. Entre elas, uma das mais profundas envolvia George Harrison e Paul McCartney — dois músicos que, apesar do respeito mútuo, dificilmente voltariam a dividir um estúdio.
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Em entrevista durante a década de 1970 redescoberta pela Far Out, quando os rumores sobre uma possível reunião da banda se intensificavam, Harrison foi direto: "Paul é um ótimo baixista, mas pode ser um pouco dominador às vezes. Para falar a verdade, eu entraria em uma banda com John Lennon a qualquer momento, mas não conseguiria entrar em uma com Paul. Não é nada pessoal, é só uma questão musical."
A declaração ecoou como um baque entre os fãs que alimentavam a esperança de ver os Fab Four novamente juntos. Harrison, que àquela altura promovia sua carreira solo com vigor e autenticidade, mostrava-se incomodado com a insistência da imprensa em vê-lo apenas como o "Beatle George". Para ele, aquela identidade já não cabia mais.

"Gandhi dizia: crie e preserve a imagem de sua escolha", afirmou em outro momento. "A imagem que escolhi para mim não é a de Beatle George. Se quiserem isso, podem ver os Wings." A resposta ácida deixava clara sua intenção de se desvincular do passado coletivo e ser reconhecido por sua produção individual.
Mesmo colaborando pontualmente com Ringo Starr e John Lennon após o fim do grupo, Harrison resistiu a uma reaproximação mais profunda com McCartney. Os conflitos criativos de outrora — especialmente a dificuldade de emplacar composições próprias em meio ao domínio da dupla Lennon/McCartney — deixaram marcas profundas. "Desde o início fui descartado como compositor", comentou certa vez.

Durante a icônica turnê de 1974, Harrison chegou a flertar com o repertório dos Beatles, modificando letras em "In My Life" e "While My Guitar Gently Weeps", o que reacendeu especulações sobre uma possível reunião. Mas a animosidade com McCartney, especialmente em termos criativos, manteve a distância. Para ele, o passado já bastava — e insistir em retomá-lo seria negligenciar a liberdade artística conquistada a duras penas.
O reencontro só viria em 1997, para um projeto especial que homenageava John Lennon. Mesmo assim, ficou evidente que o vínculo com o passado era agora mais afetivo do que artístico. Harrison seguiu firme em seu caminho solo até sua morte, em 2001, deixando como legado não apenas seu talento como músico, mas sua integridade diante das pressões de uma das maiores instituições da música moderna.

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