A "injustiça eterna" de Freddie Mercury que Brian May levou anos para superar no Queen
Por Gustavo Maiato
Postado em 09 de abril de 2025
Quase quatro décadas após o auge da Queen, Brian May segue revisitando a história da banda com franqueza e bom humor. Em entrevista recente à revista MOJO, o guitarrista abordou um tema espinhoso na trajetória do grupo: os créditos de composição — e como eles nem sempre refletiam o trabalho coletivo por trás de cada faixa.
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"Foi ideia do Freddie que quem escrevesse a letra levasse o crédito pela música", explicou May. "Na época, ninguém questionou. Mas, olhando para trás, não era algo tão exato assim. As composições sempre foram interativas. Tudo era desmontado e remontado em grupo."
Segundo May, o sistema individualizado, vigente até o fim dos anos 1980, foi responsável por ressentimentos internos — algo comum em muitas bandas. "Nada cria mais mal-estar do que perceber que o cara que escreveu a música está ganhando muito dinheiro, enquanto os outros sustentam a canção em turnês."
Essa tensão ficou evidente no caso mais simbólico citado por May: o lançamento do single "Bohemian Rhapsody" em 1975. No lado B do compacto, estava "I'm In Love With My Car", escrita e cantada pelo baterista Roger Taylor. O sucesso da faixa principal garantiu ao lado B os mesmos rendimentos autorais — o que, nas palavras de May, "parecia uma injustiça suprema".

"Demorei bastante para superar isso", admitiu. "Foi um ponto sensível dentro da banda. Ainda bem que o nosso senso de humor nos salvou. Mas, sim, levou um tempo."
Queen e direitos autorais
A partir de "The Miracle" (1989), o grupo passou a dividir os créditos entre todos os membros. O novo arranjo evitou tensões e reforçou o espírito coletivo.
May também falou sobre o processo criativo com John Deacon, baixista responsável por clássicos como "Another One Bites the Dust". "O John geralmente não deixava ninguém mexer nas músicas dele. Gostava de tocar guitarra também. Eu só ia lá e colocava uma ‘sujeira’ por cima, um pouco de fogo."
Sobre o hit "Another One Bites the Dust", May revelou que foi Freddie Mercury quem defendeu sua inclusão no álbum "The Game" (1980). "Achei ousada, diferente e grudenta. O John tocava a guitarra limpa, eu adicionei a parte suja. A combinação funcionou."

Já sobre Freddie, May compartilhou uma piada que ilustra a ousadia — e os tropeços — do vocalista. "Ele chegou um dia e disse: ‘Michael Jackson lançou ‘Bad’. E se a gente chamasse o próximo disco de ‘Good’?’ Nós nos entreolhamos e dissemos: ‘Talvez seja melhor pensar melhor, Freddie’."
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