Os Beatles foram uma boyband? John Lennon concordou, mas discordou
Por Bruce William
Postado em 04 de junho de 2025
Em 1975, John Lennon concedeu uma entrevista à revista Hit Parader e comentou um dos maiores mitos sobre os Beatles: a ideia de que a banda teria sido fabricada por Brian Epstein, como se fosse uma espécie de boyband. Lennon não negou completamente a noção — admitiu que o empresário sugeriu mudanças no visual e ajudou a abrir portas —, mas rejeitou com veemência a narrativa de que o grupo teria sido criado por alguém de fora. Segundo ele, os Beatles permitiram que Epstein os administrasse, e não o contrário. "Eu usaria até um balão se alguém me pagasse por isso", disse, ao lembrar que topou usar terno para ganhar cachês melhores. Mas frisou: "Nós o deixamos cuidar da gente. A gente PERMITIU que ele nos administrasse".


O termo boyband se popularizou a partir dos anos 1980 e 1990 para definir grupos formados por jovens do sexo masculino, geralmente montados por empresários com foco comercial. Esses grupos são conhecidos por cantar músicas românticas ou dançantes, ter coreografias ensaiadas, visual padronizado e forte apelo entre adolescentes, principalmente garotas. Diferentemente de bandas que se formam organicamente entre amigos ou músicos, as boybands costumam ser criadas por produtores, que selecionam cada integrante com base em aparência, personalidade e carisma, mais do que por habilidade musical.

Na entrevista, Lennon explicou que Epstein trabalhava em uma loja de discos e se interessou pelos Beatles depois de assistir a um show. "Ele viu uns roqueiros, uns 'greasers' (veja descrição na wikipedia), fazendo barulho e atraindo um monte de moleques. E pensou: 'Esse é um bom negócio'. Quis nos empresariar, e a gente não tinha ninguém melhor, então dissemos ok."
Naquela fase, os Beatles usavam couro e jeans, com o cabelo lambido para trás no estilo teddy boy. Fora de Liverpool, o visual intimidava. "Os promotores achavam que éramos uma gangue de bandidos", lembrou Lennon. Foi quando Epstein sugeriu: "Se vocês usarem ternos, vão ganhar mais dinheiro". John imediatamente topou: "Eu usaria até um balão se alguém me pagasse por isso. Não amava tanto assim o couro."

Epstein tinha mais instrução formal e servia como a ponte entre os Beatles e os engravatados da indústria. "Era nosso vendedor, nosso rosto público. Era teatral e acreditava na gente. Mas ele não nos empacotou como dizem. Era bom no que fazia, até certo ponto."
O argumento final de Lennon veio com ironia, bem ao seu estilo: "Se ele era tão bom assim em criar pacotes, o que aconteceu com Gerry and the Pacemakers, Cilla Black e os outros? Onde estão esses pacotes? Só um sobreviveu: o pacote original. Isso responde todas as lendas sobre terem nos criado."

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