Baterista quebra silêncio e explica o que houve com Ready To Be Hated, de Luis Mariutti
Por Gustavo Maiato
Postado em 07 de dezembro de 2025
Em entrevista ao podcast Ibagenscast, o baterista e produtor Rodrigo Silveira finalmente contou, com todos os detalhes, como nasceu e como praticamente acabou o projeto Ready To Be Hated, supergrupo que juntou nomes como Luis Mariutti, Thiago Bianchi, Fernando Quesada e o próprio Silveira. Pela primeira vez, ele explicou como a banda surgiu, por que as coisas aconteceram tão rápido e em que momento ele, Quesada e Bianchi deixaram de fazer parte do grupo.

Logo de cara, Rodrigo corrige uma percepção comum: ele não foi "chamado" para o projeto – ele foi um dos criadores. "Na verdade eu não entrei, eu montei isso aí junto com o Quesada", contou. A ideia nasceu na estrada, voltando de um show em Campos do Jordão com o amigo Ale Costa. "A gente veio de carro, escutando um monte de banda moderna e eu falei: 'Cara, vamos montar um projeto nosso, eu, você…'". O primeiro nome pensado para vocal/guitarra foi Eloy (Elote), ex-Gloria: "Falei com ele, mas ele tava num momento difícil. Ele falou: 'Agora não dá, mas vamos conversando daqui alguns meses'".
No dia seguinte, a história começou a virar outra coisa. "No dia seguinte, o Quesada me liga e fala: 'Olha, o Luiz me ligou aqui. Como a gente tá montando esse projeto, que que você acha de colocar ele?'. Ah, legal, bora", lembra Rodrigo. Foi marcada uma reunião no estúdio do baterista: "Quarta-feira o Luiz, junto com a esposa dele, junto com o Quesada, foram no meu estúdio, a gente começou a conversar. Foi aí que pintou o nome do Bianchi". Sobre trabalhar com Thiago Bianchi pela primeira vez, ele foi só elogios: "Eu nunca tive amizade com o Bianchi e foi uma grata surpresa trabalhar com ele. Hoje o Thiago é meu amigo".
A partir daí, tudo aconteceu em uma velocidade que o próprio Rodrigo não esperava. "Foi uma loucura essa banda. A gente sentou, fez um cronograma e dois dias depois eu já tava indo pro estúdio do Thiago com uma batera que tinha lá, sem saber… 'vamos compor'. Chegou lá, já era pra gravar na hora: 'Pega uma baqueta qualquer, senta lá na batera que tá montada e grava'. Ele conta que, nesse primeiro choque, já saíram várias faixas: "Aí já gravou três músicas, já chegou, gravou o single novo. Falei: 'Cara, não tava preparado pra isso não'. E tá aqui mais duas músicas, a gente grava semana que vem no teu estúdio".
Como compositor, Rodrigo explica que sua participação foi focada nas partes de bateria, criadas em estúdio, sem o processo tradicional de ensaio e maturação. "Eu compus todas as bateras das músicas. Foi aquela história: 'tem isso aqui, o que você colocaria?'. 'Só isso aqui? Não tá legal isso aqui'. 'Ah, agora tá legal'. A gente foi compondo as bateras dentro de estúdio, não foi uma coisa que a gente foi ensaiando, compondo com tempo, com calma". Ele lembra que ninguém ali tinha agenda folgada: "Ninguém dessa banda tem muito tempo. O Thiago com o Noturnall e turnês, o Quesada com Kiss Cover Of Rock, carreira solo, o Luiz com a Mariutti Team, carreira solo, Shaman… Então tinha que ser corrido – só que eu não esperava que ia ser tão corrido".
Sobre a produção do disco "The Game of Us", Rodrigo deixa claro que, embora seja um produtor experiente, não atuou nessa função no álbum. "Não foi o processo que me agrada do jeito que eu faço, mas quem produziu foi basicamente o Thiago", explica. "A mixagem foi ele que fez, masterização foi ele que fez, a captação foi ele que fez. Eu não fiz nada, eu só toquei bateria nesse álbum". Ele reforça que não se trata de dizer que o trabalho está errado, apenas que é diferente do seu método: "Não sei se é o ideal, cada produtor trabalha de um jeito. O Rick Rubin é um dos melhores produtores do mundo e não sabe ligar o equipamento dele. Não dá pra falar 'isso é certo, isso é errado'. Só não foi o processo que me agrada".
Quando fala dos shows, o tom muda um pouco, e aparece a frustração mais clara – principalmente no campo técnico. Rodrigo conta que o debut no Bangers Open Air foi muito difícil para a banda: "A gente fez o show do Bangers. A gente teve um monte de problemas técnicos. Pro público, conversando depois, o pessoal falou que foi legal. Mas pra gente em cima do palco foi péssimo, péssimo, péssimo. Foi uma sensação horrível. Eu não me ouvi direito, ninguém se ouviu direito, a execução de ninguém foi do jeito que a gente tinha ensaiado". O segundo show, em outro festival, foi um pouco melhor, mas ainda assim complicado: "Depois a gente teve o The Town já foi melhor, também tivemos problemas técnicos. Acho que o maior problema foi problema técnico, problemas fora do palco. Os quatro de cima do palco não tinham problema, o problema era equipamento, coisas externas".
E é justamente depois desse segundo show que a história, na prática, termina para ele, Quesada e Bianchi. "Depois do The Town gente não se falou mais. Tá aí. Não sei se alguém vai continuar com a banda", revela. Segundo Rodrigo, houve uma conversa interna sobre continuidade antes mesmo desse show, e ali o destino de cada um se desenhou: "A gente teve uma conversa sobre continuação ou não. Eu não vou continuar e acredito que o Quesada também não e o Bianchi também não. Então, tá na mão do Luis. Eu não sei se ele vai continuar com alguma outra formação ou não, mas nós três não fazemos mais parte da Ready To Be Hated". Ele confirma que isso nunca foi anunciado oficialmente: "Isso nunca foi divulgado, nunca foi falado em lugar nenhum, porque a gente não achou de extrema importância sair falando, jogando isso".
Questionado se o projeto o decepcionou como um todo, já que ele foi um dos idealizadores, Rodrigo pensa em voz alta. "Cara, eu não sei… acho que eu não parei pra pensar ainda sobre isso", confessa. O ponto central, para ele, é que a ideia original com Quesada era outra: uma banda moderna, afinada baixa, 7 e 8 cordas, distante do universo melódico que acabou predominando. "O que eu queria montar ali com o Quesada, que foi o primeiro papo, não era isso. Eu nunca fui um 'filho de Angra', sabe? Eu nunca fui dessa galera do Angra, Shaman, metal melódico". Ele faz questão de separar o gosto pessoal da convivência: "Sou muito amigo de todo mundo do 'Angraverso'. Adoro todo mundo ali. Não tenho briga com ninguém".
Rodrigo lembra, inclusive, que esteve perto de tocar com o próprio Angra em duas ocasiões: "Fui convidado a tocar com eles na saída do Confessor a primeira vez. A gente fez um ensaio na saída do Aquiles. Não virou porque eu acho justamente que eu não tenho a linguagem do Angraverso, essa linguagem do power metal". Em contraste, ele se define como um cara de banda, de lealdade de longo prazo: "Sempre fui um cara de banda. Tanto que eu tô há 28 anos no Korzus. Se eu não fosse um cara de banda…".
Por isso, ele diz que não chegou a viver uma grande frustração com o fim precoce da Ready To Be Hated. "Na primeira composição já saiu completamente do que eu tinha imaginado. Então eu procurei não dizer frustração porque eu já mudei o foco. Falei: 'Não, vamos jogar pelo grupo'. Se o grupo quer fazer esse tipo de som, vamos lá, vamos fazer". E completa: "Não posso dizer que eu fiquei frustrado, porque acho que a minha expectativa já era outra. Eu já não tava com a expectativa de sair aquele som que eu queria desde o início".
Ao final da entrevista, Rodrigo deixa claro que não pretende tentar de novo montar uma banda moderna paralela. Seus planos agora são focar exclusivamente no Korzus, trazendo, se for o caso, influências mais atuais pra dentro da banda onde já está há quase três décadas. "Já coloquei na minha cabeça que chega. Vou me dedicar 100% ao Korzus", garante. "Tô num momento de lembrar de onde eu vim, dos meus 17 anos, quando comecei com o Korzus. Tô voltando pras minhas raízes. Se eu for colocar um negócio mais moderno, uma sonoridade mais moderna, vai ser no Korzus. Tudo que eu almejar de carreira, vou tentar trazer pra dentro do Korzus". E encerra com sinceridade que não esconde certo desgaste com tantas tentativas: "Agora, fazer banda pra… não. Cansei. Tentei nos últimos anos. Deixa".
Confira a entrevista completa abaixo.
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