Os cinco músicos que influenciaram Greg Anderson, do Sunn O))) e Goatsnake
Por Emanuel Seagal
Postado em 17 de janeiro de 2023
Greg Anderson é fundador da Southern Lord Recordings e membro das bandas Sunn O)) e Goatsnake. Em uma matéria no blog da EarthQuaker Devices o guitarrista e baixista americano citou cinco músicos que o influenciaram.
Bernard Herrmann
"Tomei conhecimento do Bernard Herrmann quando assisti 'Um Corpo que Cai' (do Alfred Hitchcock). Achei o filme incrível e parte do motivo pelo qual ele me impactou foi a trilha sonora. Era bem dark e misteriosa. Ele fez vários trabalhos com Hitchcock, fez trilha sonora para 'Círculo do Medo', fez 'Taxi Driver' e algumas trilhas para Brian De Palma também. A audição do seu trabalho ocorreu nos últimos 20 anos, principalmente nos últimos quatro ou cinco anos. É muito influente em alguns dos meus trabalhos solo que tenho feito nos últimos anos. Se você remover o filme da música, é excelente por si só. Ela não precisa necessariamente do filme, e isso é incrível."
David Pajo
"Slint é uma das minhas bandas favoritas de todos os tempos. Eu descobri o Slint no início dos anos 90. Eu cresci tocando na cena underground hardcore e metal, e estava procurando por algo fora disso. Nunca havia ouvido nada parecido com Slint. Tinha elementos e texturas de punk e metal, mas era apresentado de uma forma muito interessante. Sua forma de tocar guitarra em 'Spiderland' é fenomenal, completamente inventiva, dark e poderosa. Isso me atingiu de jeito. Ele fez tantas coisas ao longo dos anos. Gosto especialmente do seu trabalho solo sob o nome Papa M ou Aerial M. Cerca de seis ou sete anos atrás eu o conheci em Los Angeles e nos tornamos amigos e então ele tocou no álbum 'Black Age Blues', da minha banda Goatsnake — ele fez uma incrível intro na guitarra. Então o Sunn O))) o convidou para sair em turnê, acho que em 2019, e isso foi muito bom. A música que ele escolheu para tocar foi incrível. No último mês eu trabalhei em algumas coisas solo e nós dois colaboramos nisso. É mais do que uma honra trabalhar com ele. Amo sua maneira de tocar e amo sua abordagem à música. Tudo que ouvi ele fazer é maravilhoso."
Tony Iommi
"Bem, essa escolha é bem óbvia. Não há muito a dizer que não possa ser deduzido. Eu ouvi Black Sabbath pela primeira vez na 6ª série. Toda sexta-feira nosso professor deixava alguém da turma trazer um disco de sua coleção. Uma garota da minha classe por quem eu realmente tinha um crush trouxe 'Paranoid', do Black Sabbath, e tocou 'Iron Man'. O som que saiu da introdução com as notas dobradas me deixou pasmo, e desde aquele momento me tornei um fã do Black Sabbath. Muito do meu trabalho ao longo dos anos, com o Sunn O))) e Goatsnake e o selo Southern Lord como um todo tem ligação com Black Sabbath e Tony Iommi. Não sei se a frase certa é uma dívida de gratidão, mas tudo vem disso. Minha introdução à música foi com os Beatles, dos quais nunca gostei (risos) porque me foi imposto, mas é claro que entendo a importância deles para todo mundo e para a música, mas o Black Sabbath é o meu Beatles. É ali que tudo começa. É tudo incrivelmente influente e importante para minha forma de tocar guitarra, meu som e o som de Sunn O))). Está tudo fortemente enraizado no Sabbath e no Iommi."
Kim Thayil
"Minha obsessão pelo Soundgarden começou cedo. Eu havia visto alguns grandes shows; Kiss, Robert Plant em uma turnê solo, The Kinks, mas minha primeira vez tendo uma interação realmente profunda com música ao vivo foi em um local chamado The Gorilla Gardens no centro de Seattle que estava tendo punk underground, metal e shows alternativos. Naquela época eu curtia muito punk e metal, e o Soundgarden era mais lento, mas eu achava legal. Então eles lançaram o EP 'Screaming Life', e tem uma música chamada 'Nothing To Say' que era muito pesada e me lembrou o Black Sabbath. Quando (o álbum) 'Louder Than Love' saiu, eu os vi naquela turnê em Seattle e eles me surpreenderam demais."
"A forma do Kim tocar é realmente itneressante - não é o convencional do metal ou rock. Vinha de algum lugar diferente. Li muitas entrevistas — ele citando pessoas como Albert Ayler e Ornette Coleman e muito do jazz como sua inspiração e se você ouvir seu material solo faz sentido. Era meio atonal e ainda tinha uma forte musicalidade com alguns elementos de punk e caos. Eu realmente desse aspecto na forma dele tocar. Seus riffs são incríveis. Ele se tornou um dos meus músicos favoritos de assistir e ouvir. Em meados dos anos 2000 nos conectamos, pois ele tocou em um disco que lancei pela Southern Lord, do Probot, um projeto do Dave Grohl (do Foo Fighters). Uma das músicas foi com King Diamond e Kim fez um solo nela, e eu fiquei muito empolgado com isso, mas eu não tinha contato com ele. Então ele me ligou pedindo uma cópia do disco. Começamos a conversar e ele é um fã obsessivo de música, muito entusiasmado com todos os tipos de música. Ele havia ouvido falar do Sunn O))) e queria conferir, então enviei um pacote pra ele. Ele ficou muito entusiasmado com isso — os riffs prolongados e drones feitos com guitarras — então começamos uma amizade e ele tem apoiado muito a banda. Da última vez que tocamos em Seattle em 2019, ele veio e tocou conosco e escreveu no encarte de um disco que fizemos com o Boris. Ser amigo de seus heróis e tocar música com eles é uma honra ainda maior. Ele me surpreende de muitas formas."
Miles Davis
Eu estava procurando música diferente do metal underground e do punk com os quais cresci ouvindo. Eu ouvi Miles Davis na mesma época que ouvi Slint e John Coltrane. O primeiro disco do Miles Davis que ouvi foi 'Kind of Blue', e é um álbum incrível, mas não é o álbum com o qual realmente me conectei — foi 'Bitches Brew'. Quando ouvi 'aquele' disco, desconhecia completamente todo esse movimento da música no final dos anos 60 e início dos anos 70, fusion, onde os músicos de jazz estavam incorporando o rock em suas músicas e vice-versa também. Esses músicos de jazz incrivelmente habilidosos estavam abraçando o rock e fazendo esses discos elétricos muito interessantes. 'Bitches Brew' é o primeiro disco que ouvi assim, e o clima e a atmosfera desse disco, e como é dark, e ouvi-lo tocado por um lendário músico de jazz me deixou pasmo. Fiquei muito obcecado com suas gravações, especialmente as do final dos anos 60 e início dos anos 70 que ele fez. Ele estava abrindo caminhos."
"Gosto também muito de grupos que ele inspirou como Weather Report, Return to Forever e Mahavishnu Orchestra, com John McLaughlin que tocou com o Miles. John McLaughlin também é um dos meus guitarristas favoritos de todos os tempos. Os dois primeiros discos do Mahavishnu Orchestra foram incríveis e sempre foram importantes pra mim. Apesar do Sunn O))) estar tecnicamente longe do Mahavishnu Orchestra e McLaughlin, ou Miles Davis, ou jazz, fomos inspirados pelo espírito e pela atmosfera. Muitas pessoas ficaram surpresas quando começamos a falar sobre sermos influenciados por Miles Davis e Alice Coltrane porque a música não soa nada parecida, mas o trabalho deles foi absorvido por nós, e é assim que o canalizamos. Talvez seja completamente irreconhecível, mas há certos elementos influenciados pelo jazz. Há uma música no álbum 'Monoliths and Dimensions' chamada 'Alice' que é uma homenagem para Alice Coltrane. Sunn O))) abraçou a liberdade do jazz e não ter preocupações com limites."
No player abaixo você pode conferir uma seleção de músicas do Sunn O))), outros projetos do Greg Anderson e seus artistas favoritos.
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