Van do Halen: Melhores discos de 2017
Por João Renato Alves
Fonte: Van do Halen
Postado em 24 de dezembro de 2017
O jornalista João Renato Alves, responsável pelo antigo site e atual página do Facebook Van do Halen, cita seus álbuns preferidos de 2017.
"Onde está tal disco? Faltou aquele, esqueceu o outro...". Não esqueci, apenas não entrou. Não faltou, eu não quis colocar. Como escrito, é a minha lista, só isso, não possui a intenção de ser um decreto oficial sobre nada. Eis as escolhas para o meu Top 10:
Melhores e Maiores - Mais Listas
1. Living Colour – Shade
Apesar de nunca ter dado bola totalmente fora, o Living Colour estava devendo um disco assim desde seu retorno. Com Vernon Reid em chamas e Corey Glover mostrando as qualidades que o fazem um dos melhores intérpretes do Rock, Shade é riffento, ácido e groovado com a categoria que caracteriza o quarteto desde sua concepção. No mesmo nível de Vivid e Time’s Up, embora a proposta sonora tenha mudado.
2. Overkill – The Grinding Wheel
Chega a ser surpreendente, mas Bobby Blitz e companhia conseguiram fazer um dos melhores trabalhos de sua carreira mais de trinta anos após o começo da banda. Músicas fortes, melodias marcantes, peso em abundância e categoria de um dos grupos mais consistentes do Thrash Metal norte-americano, com suas saudáveis incursões pelo lado mais tradicional do estilo.
3. Moonspell – 1755
Recontando a história do terremoto e maremoto que destruíram a cidade de Lisboa no século XVIII, o Moonspell deu um tiro certo. Primeiro disco da banda totalmente cantado em português, 1755 proporciona um clima capaz de transportar o ouvinte para a capital lusitana, em um dos momentos mais trágicos da história da humanidade – estima-se que 90 mil dos 300 mil habitantes morreram, com mais de 85% das construções públicas destruídas. Recomenda-se ouvir acompanhando a história – pode ser na Wikipedia mesmo, já dá para respirar fundo e imaginar o drama.
https://pt.wikipedia.org/wiki/Sismo_de_Lisboa_de_1755
4. The Night Flight Orchestra – Amber Galactic
O grupo que conta com membros de Soilwork e Arch Enemy, entre outros, se mantém firme na fórmula setentista e lança mais um pequeno clássico. AOR, Prog Rock e música Pop de qualidade se juntam em uma deliciosa receita de sucesso, com ousadia e criatividade, sem medo de soar deste ou daquele jeito. Rock and Roll em sua essência, feito por "traidores do movimento" – atitude sempre bem-vinda.
5. Inglorious – II
Uma das grandes revelações dos últimos anos, o grupo britânico sabe como fazer Hard Rock clássico sem soar datado. Destaque para o vocalista Nathan James, que consegue fazer algo que a maioria de suas influências não consegue mais: cantar. Some a isso uma banda afiada, músicas pegajosas e temos um prato cheio para os adeptos do estilo, independente da faixa etária.
6. Act Of Defiance – Old Scars, New Wounds
Chris Broderick e Shawn Drover podem ter perdido muita exposição ao sair do Megadeth. Porém, musicalmente, a dupla consegue expor muito mais sua criatividade com o Act Of Defiance. Misturando peso e melodia na medida certa, o segundo trabalho do grupo tem tudo para agradar adeptos das mais variadas vertentes metálicas, com músicas técnicas e, ao mesmo tempo, de fácil memorização.
7. Cheap Trick – We’re All Alright
Os mais de quarenta anos de estrada não tiraram a gana de Robin Zander e companhia. Rock and Roll simples, direto e delicioso, Pop na medida certa. Com pouco mais de meia-hora de duração, We’re All Alright resume o espírito do Cheap Trick. O melhor lançamento da banda em um bom tempo. Daqueles que você aperta o play, curte do início ao fim e dá vontade de repetir na mesma hora.
8. Wednesday 13 – Condolences
Cada vez mais metálico, o projeto do famigerado Quarta-Feira 13 oferece um belo exemplar de como mudar a sonoridade sem perder a identidade e se tornar ainda mais relevante. Faixas sombrias, produção atualizada e feeling clássico se misturam no melhor momento da carreira do frontman. Nem precisa falar em volta do Murderdolls, deixa como está.
9. Beast In Black – Berserker
O guitarrista Anton Kabanen deixou o Battle Beast e já estreou sua nova banda metendo o pé na porta. O Beast In Black tem a base de seu som no Heavy tradicional e no Power Metal. Porém, há espaço para várias "aventuras sonoras", com elementos sinfônicos e doses de Hard Rock e Pop muito bem encaixados pelo caminho. Melodias cativantes e execução acima da média, fazendo valer a audição.
10. Pristine – Ninja
Quarto disco da banda norueguesa (primeiro pela Nuclear Blast, o que proporcionou maior repercussão), oferece um Blues Rock vigoroso, com saudáveis incursões de Hard Rock setentista e Soul Music. A vocalista Heidi Solheim dá show de interpretação. Quem sentiu falta de peso no disco mais recente do Blues Pills pode encontrar um alento por aqui.
Outros 20 trabalhos que merecem ser conferidos (sem ordem de classificação, fui colocando durante o ano, à medida que ouvia)
Sepultura – Machine Messiah: Não dá para dizer que se trata de uma reinvenção. Porém, o Sepultura acrescenta elementos à sua sonoridade e segue sendo relevante, mesmo com o descrédito de fãs "das antigas". De qualquer modo, a banda já deixou de tentar agradá-los faz tempo, atitude correta.
Me And That Man – Songs Of Love And Death: A parceria entre Adam "Nergal" Danski e John Porter funciona como um verdadeiro mergulho na escuridão e melancolia, à base de Folk, Country e Blues. Chega a ser difícil assimilar em alguns momentos, mas a experiência é recompensadora a cada nova audição.
Brother Firetribe – Sunbound: AOR/Melodic Rock com a competência que o quinteto finlandês já havia mostrado em seus outros trabalhos. Um nível acima de seu antecessor direto, embora ainda abaixo dos (aparentemente) insuperáveis dois primeiros discos do projeto.
Mark Slaughter – Halfway There: Adotando uma sonoridade mais dark, o vocalista do Slaughter lançou um disco moderno, sem perder a essência do Hard Rock. Que o incentive a fazer mais um com a banda que leva seu sobrenome, o que não acontece desde o século passado.
Labyrinth – Architecture Of A God: Em um cenário combalido e saturado como o do Power Metal, a banda italiana consegue, mais uma vez, se sobressair, com elementos progressivos e musicalidade superior. E finalmente eu descobri que a música "Children" tem esse nome, graças ao cover que fizeram.
Paradise Lost – Medusa: Durante muitos anos, os fãs reclamaram da maneirada no som do Paradise Lost. Nos últimos discos, não dá mais para se queixar. Em Medusa, a banda oferece o que de mais arrastado, melancólico e denso poderia a essa altura da carreira. Não é de fácil assimilação, especialmente para quem não está acostumado. Mas vale a pena.
The Ferrymen – The Ferrymen: O guitarrista Magnus Karlsson (Primal Fear, Starbreaker) – aqui também responsável por baixo e teclados – se cercou do vocalista Ronnie Romero (Rainbow, Lords Of Black) e do baterista Mike Terrana (mais bandas que o espaço comporta) para lançar um belo disco de Hard/Heavy, recomendado aos fãs do lado mais tradicional, com alguns toques épicos.
Liv Sin – Follow Me: Vocalista do finado Sister Sin, Liv Jagrell se mostra mais próxima do Metal na estreia de seu projeto solo. Sonoridade tradicional, sem deixar de flertar com nuances mais agressivas e obscuras do gênero, para delírio dos apreciadores. Schmier (Destruction) e Jyrki 69 (The 69 Eyes) participam, mostrando que a proposta foi abraçar as diferenças e colocar tudo em um caldeirão.
Adrenaline Mob – We The People: Curiosamente, quanto mais anônima a formação do Adrenaline Mob fica, mais entrosada parece. We The People mantém o padrão de qualidade de Men Of Honor, oferecendo um Hard/Heavy moderno e pesado. Uma pena a tragédia que ocorreu no mês de julho, vitimando o baixista David Z e causando grandes transtornos, tanto físicos quanto emocionais e profissionais.
Alice Cooper – Paranormal: Os álbuns de Alice Cooper não são recomendados para quem busca algo convencional, "dentro das normas" – especialmente quando Bob Ezrin está na produção. Cada disco é uma viagem cheia de surpresas. Paranormal remete ao grupo que acompanhou Vincent Furnier (os remanescentes chegam a participar em três faixas), além de plays como The Eyes Of Alice Cooper e Dirty Diamonds.
Rage – Seasons Of The Black: A mudança de escudeiros fez muito bem a Peter "Peavy" Wagner. Assim como seu antecessor, The Devil Strikes Agains, Seasons Of The Black traz o Rage fazendo o Power Metal de praxe, porém, com energia renovada em comparação aos trabalhos medianos de tempos recentes. Peso e melodias certeiras, para fazer a festa dos fãs.
Accept – The Rise Of Chaos: O Accept é um dos raros casos de banda clássica que retoma atividades, no mínimo, tão bem quanto em seus tempos de consagração. Sem alterar o núcleo criativo, o quinteto mostra como soar tradicional sem se transformar em um mero pastiche de si próprio.
Black Country Communion – BCCIV: A esperada volta do quarteto manteve o nível de seus antecessores. Com a maioria das faixas ultrapassando cinco minutos, o grupo mostra toda sua proficiência técnica sem abrir mão das melodias palatáveis. Não é o melhor entre os quatro trabalhos de inéditas, mas não deve nada ao resto da discografia.
Nocturnal Rites – Phoenix: Após dez anos sem novidades, a banda sueca retoma atividades com um disco bem mais pesado que os antecessores. Saem os climas típicos do Power Metal escandinavo dos anos 1990 e entra uma cozinha mais agressiva e guitarras "na cara". Mesmo com as diferenças, os fãs das antigas não terão do que reclamar.
L.A. Guns – The Missing Peace: A reunião de Tracii Guns e Phil Lewis rendeu até mais do que o imaginado. Com uma sonoridade direta, melodias grudentas e ótima execução, o L.A. Guns entrega seu melhor trabalho em muito tempo – não que isso fosse realmente difícil, mas é de se exaltar.
Europe – Walk The Earth: Consertando algumas falhas e exageros do anterior, War Of Kings, o Europe segue em sua jornada misturando o setentista e o contemporâneo, oferecendo mais um trabalho interessante e distante daquilo que lhes deu muito sucesso, porém, pouca credibilidade outrora.
Shakra – Snakes & Ladders: Após o retorno triunfal do vocalista Mark Fox, com o excelente High Noon, o Shakra mantém sua fórmula vencedora em Snakes & Ladders. O Hard Rock pesado e atual dos suíços segue oferecendo a qualidade que permeou a maior parte da carreira.
Pink Cream 69 – Headstrong: A banda alemã pode não ter mais a mesma assiduidade de outrora em termos de atividades. Porém, seus últimos discos possuem inegável qualidade. Headstrong faz jus ao Hard Rock melódico que os tornou conhecidos entre os adeptos do lado europeu da cena. Digna comemoração de 30 anos.
Power Trip – Nightmare Logic: Em seu segundo full-length, a banda norte-americana se consolida como uma força do Thrash Metal com saudáveis inserções de Hardcore. Claras influências oitentistas, sem soar datada ou repetitiva, com um instrumental poderoso. Fãs de Sepultura na fase Beneath The Remains/Arise, além de toda a cena da Bay Area, têm obrigação de conferir.
Greta Van Fleet – From The Fires: O que de mais próximo você vai chegar de um novo disco do Led Zeppelin. Chega a soar como plágio em alguns momentos. Mesmo assim, a qualidade do trabalho se sobressai, transformando a junção do EP de estreia da banda e quatro faixas novas em uma pedida irresistível.
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