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Fora da Caixa: Uma playlist com faixas sobre o tema "Guerra"

Por Adolfo J. de Lima
Fonte: Fora da Caixa
Postado em 27 de junho de 2016

Saudações, terráqueos. Sempre um tanto desapontado com a maioria das resenhas e análises feitas internet afora, com uma expectativa sempre muito focada no instrumental das músicas, no site Fora da Caixa iniciei uma série de análises com o simples intuito de aguçar o sentido dos incautos: serão observações e comentários muito mais voltados pras letras e plano de fundos e a expressão delas na execução da obra. E apesar de muito comum, o tema escolhido aleatoriamente: guerra.

MASTERS OF WAR - BOB DYLAN

Para começar, e até para justificar a escolha do tema, eu gostaria do grande BOB DYLAN e a música MASTERS OF WAR. Lançada no álbum The FREEWHEELIN' BOB DYLAN de 1963, esta música se consagra um clássico como um protesto à grande corrida armamentista que se intensificou àquela década da Guerra Fria – um embate que durou quase meio século entre E.U.A. e União Soviética, ao término da Segunda Grande Guerra, e que sobretudo foi muito mais econômico e político que uma guerra em si.

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Segundo o historiador Nat Hentoff, o próprio Dylan disse essa música é diferente de tudo o que o próprio já havia criado antes: "Eu nunca escrevi nada como essa música antes. Eu não canto músicas onde torço para que pessoas morram, mas eu não pude me controlar com essa. Esta música é como uma espécie de descarga… um sentimento de ‘o que é que eu posso fazer?'"

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Acerca da letra, se poderia ir além e dizer que ela abraça o grande choque entre aqueles que assistem às guerras que criaram detrás de suas mesas e aqueles que viveram na pele a desconfiança, a insegurança e o medo; entre os Mestres da Guerra e aqueles que foram e ainda hoje são tachados como sendo jovens demais ou ignorantes demais para falarem em mudança, mas que sabem que nem mesmo Deus perdoaria o que eles fizeram…

Por fim, uma música extremamente atual no que diz respeito não só ao tema em si, mas à sua abordagem, cutucando a consciência tal não seria diferente vindo de BOB DYLAN; uma música que apesar da sonoridade não demonstrar tanto peso (algo que "varia" no decorrer desta playlist), tem uma letra extremamente dura, que vai tomando rumo a um encerramento muito mais sinistro que fúnebre: uma composição que traz à tona a indignação presa na garganta, engasgada pela noção do horror de todo o mal que houve às vítimas dos jogos políticos internacionais e as guerras oriundas deles.

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BROTHERS IN ARMS – THE NORTHERN KINGS (Dire Straits cover)

Originalmente lançada em 1985 no álbum homônimo do DIRE STRAITS, banda britânica (muito infelizmente) já extinta, BROTHERS IN ARMS fez parte de uma obra que não só entrou para os 200 álbuns definitivos do Rock and Roll Hall Fame, mas que marcou a história da fonografia mundial devido ao pioneirismo de uma produção totalmente digital. Ironicamente, o guitarrista e mastermind da banda Mark Knopfler já dizia em uma entrevista não gostar do álbum. Com exceção de uma música. Porém não é a versão original deste hino que eu trago aqui, mas o interessante cover feito pelos THE NORTHERN KINGS.

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Apesar do projeto deste super-grupo de músicos não ser assim tão conhecido, tendo lançado somente dois álbuns nos anos de 2007 e 2008 e o rumor de um terceiro registro, ele é composto por quatro grandes nomes de peso na cena do Symphonic Metal internacional, tais Marco Hietala (NIGHTWISH) ou Tonny Kakko (SONATA ARCTICA). Acerca do projeto das terras do fogo e do gelo, o foco era trazer grandes canções pop de artistas reconhecidos em virtuosas versões metal (Tina Turner e Seul, por exemplo, ou Frank Sinatra e Duran Duran).

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Voltando a música, BROTHERS IN ARMS, longe da original mas para o bem, é trazida pelos 4 nórdicos numa sonoridade que da primeira versão mantém a essência e a melodia: digo para o bem pois aqui a sua mensagem e efeito são amplificados, a música soa grandiosa e cinematográfica em seus 7 minutos de pura contemplação que poderiam muito tranquilamente ir parar numa das produções de Spielberg ou qualquer outro cineasta. De início surge aos ouvidos com tranquilidade, ao som de percussões em ritmo militar enquanto se faz soar ao fundo um campo de batalha, com os primeiros versos apoiados numa orquestra, evocando uma sensação de saudosismo mas também de solidão… Versos iniciais onde se indaga sobre o sentido do lar: se nos acampamentos e campos de batalha, ou se nas planícies e campos pelos quais todos ali se matam.

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Sobre porquê trouxe esta música junto as outras é simples: a sua essência; é para se ouvir com o espírito… Encerrando o álbum original da banda britânica, Brothers in Arms se destaca das demais faixas devido ao seu tom definitivamente intimista – na minha opinião a principal razão pela qual salvou-se perante a crítica de seu autor, a capacidade de despertar empatia. E hoje esta composição se torna uma bandeira sob a qual todos os Estados deveriam se unir; é um hino sobre a falta de misericórdia da guerra, sobre a falta de sensibilidade consigo mesma… Sobre uma situação em que os homens são levados aos seus extremos para que logo além se ignore este fato, pela conquista de mundos que mesmo tão diferentes na verdade são um só.

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Cantada por vozes tão marcantes quanto harmoniosas entre si, uma canção sobre o batismo de fogo que põe todos os homens iguais perante os outros – todos Companheiros de Guerra. Uma canção sob a perspectiva perplexa de quem parou para contemplar o caos numa elegia perspicaz, mas que se faz soar inspiradora como uma ode… Onde se matam Companheiros de Guerra.

SOLDIER SIDE – SYSTEM OF A DOWN

Lançada pelo SYSTEM OF A DOWN em novembro de 2005 no álbum HIPNOTIZE que é a segunda parte do álbum MESMERIZE, lançado só seis meses antes, SOLDIER SIDE traz um texto óbvio pelo título… Certo? Nem tanto assim. Ou sim e não. Dê play no vídeo abaixo e sigamos com a marcha.

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O SOAD, dentre outras muitas qualidades, é conhecido por duas razões: a primeira é o forte ativismo em suas composições, tratando desde a degeneração do rock ‘n’ roll a questões ambientais, passando por manipulação das massas através da mídia (pra citar exemplos). A segunda razão é a singularidade de cada uma das obras. Singularidade esta que sempre, sempre, as torna controversas no que diz respeito a interpretação da mensagem passada; por mais que pareça óbvia uma leitura feita sobre umas das músicas, elas invariavelmente trazem à tona tantas possíveis abordagens para interpretação quanto tempo e paciência quem as lê tiver…

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Falando não muito da banda com 5 álbuns lançados, 3 deles estreando em primeiro lugar na Billboard, um detalhe muito interessante e fundamental ao entendimento da proposta dela, e que raro vem ao conhecimento geral, é que os integrantes todos tem ascendência armeniana; fundamental à personalidade e proposta da banda pois o povo armênio foi vítima de uma atrocidade ofuscada talvez somente por uma outra na história moderna, o Holocausto Judeu; os armênios foram vítimas do que entrou para as páginas negras como o Genocídio Armênio: em algumas palavras, uma sistematização de execuções de chefes dos seus grupos locais no Império Otomano e pelo próprio, a fim de inibir sua auto-organização, seguidas de marchas forçadas de deportação… para o deserto, sem água ou comida ou qualquer espécie de suporte ou abrigo; e, não raramente, massacres brutais diretos contra as populações dessa etnia (e algumas outras mais). E acredita-se ainda na existência, à época, de 25 campos de extermínio! Mas não se surpreendam se "ninguém sabe nada" sobre isso; dizem historiadores que Adolf Hitler, às vésperas de dar inicio a nada mais nada menos que a Segunda Grande Guerra, proferiu o seguinte: Afinal quem fala hoje do extermínio dos armênios?

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Acerca do tal ativismo dos caras, dentre tantas temáticas propostas, uma bem recorrente e (agora óbvia) é a guerra, de maneira que não foi uma questão tão simples escolher Soldier Side: tal qual uma vítima de estresse pós-traumático (logo falamos mais disso) pode vir a desenvolver o distúrbio de dissociação de personalidade, a banda nunca deixa de abordar o tópico de maneira diferente, sob perspectivas diversas, sonoramente diversa: basta ouvir Soldier Side, seguida de A.D.D. e depois War? Cada música deles quase sempre com mudanças tão abruptas, com elementos que saem sabe-se lá de onde no meio de tudo, que se poderia tomar cada uma como um leve surto de esquizofrenia…

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Sobre Soldier Side, se ela vem fechando a tracklist deste álbum que complementa o Mesmerize, o seu refrão como uma intro abre lá o todo da obra.

Welcome to the soldier side
Where there’s no one here but me
People all grow up to die
There is no one here but me

Bem vindo ao lado do soldado, onde não se pode contar com ninguém… E sim, uma saudação que soa desoladora, desiludida, como o fim-da-linha para um alguém; sim, bem vindo ao lado do soldado. Penoso. E é justamente esse soar que torna a música tão "cativante", tão envolvente: incerta como a linha tênue entre a vida e a morte, como a diferença entre se salvar ou não; uma composição de sonoridade irrequieta com vocais que passam da gravidade a serem capazes de fazerem pensar que alguém está prestes a chorar, acompanhados sempre de perto pelas guitarras, com destaque à harmonia entre a base de ritmo e inspiração sonoramente tétricas e um solo quase agoureiro como uma banshee. Tudo isso sustentado não por uma cozinha bateria+baixo, mas posto num caixão onde se revira – e não haverá ninguém além de si.

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Soldier Side é deles uma das poucas músicas que aborda diretamente quem ouve; que consegue por tudo, todas as coisas numa lógica simples, numa "lógica de soldado": a desolação das famílias em tempos de guerra, o que pode muito bem ser uma referência direta aos recrutamentos de todos os homens capazes durante o Genocídio Armênio… momento em que Deus se veste de preto em luto; a desolação do soldado num buraco, talvez uma trincheira talvez uma cova – qual a diferença? –, se perguntando se virá um salvador por ele; a desolação da imagem de um soldado que por uma convicção foi tão longe, tão longe perseguiu uma verdade, mas não encontrou esperança e nunca mais voltará para casa. Uma música àqueles que talvez merecessem morrer por terem sido feitos de palhaço, ou fazê-los assim, àqueles que desde o início mesmo de pé nada mais estavam que de pé sobre os próprios túmulos… Uma música sobre o paraíso justificando um inferno na terra, àqueles que talvez estivessem meramente ressentidos com tudo isto e também por isso talvez merecessem morrer. Bem vindo ao lado do soldado, à realidade daqueles mais jovens cujo sentido da vida se resume ao seguinte verso: todos crescem para morrer.

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THROUGH THE EYES OF A HEAVEN – ARCH ENEMY

Em meados de 1995, no complexo de ilhas ao norte do mundo conhecido hoje como Suécia, MICHAEL AMMOT após sair do CARCASS se juntou ao seu irmão Cristopher para dar início a um projeto, algo que Michael queria chamar de uma tentativa de unir a uma abordagem melódica agressão e técnica: surgia assim o ARCH ENEMY, uma das bandas sobre as quais criou raízes o subgênero do Heavy Metal conhecido como Melodic Death Metal, caracterizado pela agressividade herdada do Death porém com muito mais ênfase no trabalho de harmonia e melodia. Daí surgindo obras de um teor que visa ser mais complexo e igualmente bonito.

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Vira e mexe, ao longo de tantos anos, a banda sofreu algumas várias mudanças de formação, a mais marcante e duradoura delas, e durante a qual banda alcançou sua maior notoriedade, sendo aquela com a entrada em meados de 2001 da vocalista alemã ANGELA GOSSOW: uma loira que consegue urrar um gutural como poucos seres humanos (ou não!) nesse mundo. A integrante mais extrema, que domina o palco com uma presença assustadoramente forte, e que infundiu na banda composições de teor mais humanitário – sim, a mulher canta com um orc urukuhai se manifestando na garganta sobre questões ambientais ou direitos dos animais e, dentre outros temas, a guerra.

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Falando agora sobre a música do ARCH ENEMY, a faixa em questão foi lançada no álbum Khaos Legions – uma obra que na boca da crítica e dos fãs deu muito o que falar: lançado no ano de 2011, o Khaos Legions traz uma abordagem menos agressiva que os trabalhos anteriores da banda, o que desagradou bastante os seguidores mais xiitas talvez só não da banda, mas do gênero – mesmo este sendo o trabalho talvez mais criativo deles, com maior foco na parte de elaboração de arranjos e de harmonia e de variação entre passagens muito melódicas para outras extremamente rápidas. Realmente um trabalho como um todo menos pesado, porém bonito (na maior parte do tempo) e altamente criativo; marcante e um tanto ousado, a ponto de no trabalho artístico da capa, inspirado na pintura La Liberté guidant le peuple (Liberdade Liderando o Povo, exposta no Louvre), do pintor francês Eugène Delacroix, apresentar os integrantes da banda em esqueletos cartonados trazendo bandeiras negras – um dos símbolos do anarquismo.

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Finalmente tratando da faixa Through The Eyes of a Raven, esta tem introdução pouco voltada para o metal extremo, que diria até tranquilo, mesmo com a entrada de pedais duplos… Tranquilo para o que vai se tornar a seguir: a música quando realmente começa, e se ela vem tratar do horror da guerra, ela o faz como uma blitzkrieg (na Segunda Grande Guerra a famosa "guerra relâmpago" alemã, sinônimo de força, coordenação, e efetividade conjuntas): para mim num dos momentos de mais alto engenho deste álbum, as guitarras soam como algo terrível nos perseguindo e prestes a cair do céus sobre nossas cabeças, enquanto a dupla bateria+baixo é incansável como uma divisão de artilharia pesada tomando o campo de batalha. Música essencialmente brutal, sobre a brutalidade da guerra, porém sem precisar soar (ou dessoar) escatológica, principalmente com Angela vociferando com precisão visceral, ainda no início da música, versos como ,"Corpos despedaçados pelas invasões, Nossos espíritos marcados no gelo, O corvo e seus olhos fixos A única testemunha deixada viva. (…) Prove o sangue, Ouça os gritos, Horrível genocídio", estes últimos com uma distorção estridente ao fundo que (me) remete a gritos desesperadores.

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Through The Eyes of a Raven é uma canção que visa resgatar a memória destroçada das vítimas de guerra, porém sem se deixar amolecer pela necessidade de humanidade para começarmos a desenterrar verdades; ela trata da memória como é, sendo real mesmo terrível, apontando a covardia bem como a desonra em coroa de espinhos. Junto a ideia de esquecimento de quem sofreu, do dano e da dor ignorados por todos, Angela demonstrando a forte intenção de com palavras criar em nós uma horrenda imagem, da devastação e do massacre e sem importar de forma aparente em apontar indivíduos, pois a única distinção entre personagens na música se dá entre os bravos e orgulhosos que não o serão por muito tempo e aqueles cujos lobos da guerra em suas gargantas não deixarão nada além de ossos quebrados espalhados… Demonstrações de desgraça, força e precisão bélica, verdadeiros pedaços de guerra intercalados por um refrão que se não acharem belíssimo saibam que será o seu único alívio – guitarras harmônicas e cozinha em cadencia dando suporte a um misto de libertação e lamúria diante do horror e do mundo:

Quando eu morrer
Deixe os corvos voarem,
Deixe meu corpo descansar
Sob a neve e o sangue…

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WAR INSIDE MY HEAD – DREAM THEATER

Para encerrar, esta certamente é a faixa mais curtinha da playlist, dura 2’08" e só, apesar dela ser um dos oito atos que compõem o épico intitulado Six Degrees of Inner Turbulence. Uma composição no mínimo muito interessante, lançada em 2002 pelo titãs da banda DREAM THEATER no álbum duplo de mesmo nome. Explicando o título da música Six Degrees, que pra facilitar chamarei de 6DOIT, ele faz alusão aos seis distúrbios psicológicos abordados ao longo de seus 48 minutos, dentre eles o Transtorno de Estresse Pós-traumático (também conhecido como TEPT), algo muito comum entre os veteranos de guerra. Um exemplo clássico na filmografia mundial é o primeiro filme Rambo, com destaque à cena em que o protagonista desaba sobre os horrores que presenciou em campo. Porém esse problema não se restringe somente às vítimas das guerras, sejam civis ou soldados, se estende também a quem sofreu acidentes, quem foi acometido por desastres naturais, ou até mesmo a quem já foi vítima de abusos sexuais… E naturalmente acomete desde crianças pequenas até idosos.

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War Inside My Head (Guerra Dentro da Minha Cabeça) é uma música que se não fosse tão breve talvez fosse grandiosa: a sua introdução soa quase prepotente em ser clássica, logo me remete em proposta a Mars, the Bringer of War, primeiro movimento da peça de música clássica The Planets do compositor Gustav Holst, implacável em seu tempo marcial; ou a já tão conhecida Cavalgada das Valquírias, de Richard Wagner, magistral e icônica durante o clássico filme Apocalypse Now, cujo plano de fundo é uma absurda operação militar em plena Guerra do Vietnã. Voltando a música aqui em questão, nos primeiros segundos JOHN PETRUCCI junto aos toques de JORDAN RUDESS faz a sua guitarra soar sinistra desde as notas escolhidas até a melodia que avança ameaçadoramente mas com cautela, enquanto ainda mais marcante é o acompanhamento da percussão: MIKE PORTNOY demonstrando porque é um monstro e uma lenda viva no que faz, faz seu kit de bateria soar de maneira a lembrar um helicóptero… E durante a Guerra do Vietnã, qual artifício de devastação teria sido mais emblemático que os modelos Cobra e Huey?

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Falando em Guerra do Vietnã e helicópteros de combate, é inevitável pensar em Napalm, justamente do que se trata as primeiras estrofes dessa música e das circunstâncias de um sucesso militar em território civil, em solo inocente:

Napalm, napalm, napalm showers
Showed the cowards
We weren’t there to mess around

Through heat exhaustion
And mind distortion
A military victory mounted on innocent ground

A partir daí, JAMES LABRIE contando sobre "Ouvir vozes a milhas de distância Falando de coisas nunca ditas, Vendo sombras à luz do dia Travando uma guerra dentro da minha cabeça" deixa evidente a questão da reexperiência traumática, manifesta em pensamentos intrusivos e recorrentes sobre o trauma, em pesadelos, ou no caso da música e mais popular em flashbacks. A música de dois minutinhos porém não para por aí, abordando também o ponto da esquiva ou isolamento social, além da supervigilância, da paranoia de quem sofre essa perturbação séria e a ansiedade constante:

Feeling strangers staring my way
Reading minds never read
Tasting danger with each word I say
Waging a war inside my head

Pra concluir, a relevância desse aperitivo de Progressive Metal do 6DOIT se dá não somente ao discurso antiarmamentista, apesar de que aqui ser mais entrelinhas, ou à virtuose da relação letras-técnica instrumental na execução da obra. O que a diferencia das outras aqui é a humanização do soldado no sentido de que este também é uma vítima, e sai de lá não só com sequelas físicas tais mutilações dos mais variados graus, mas também psíquicas que não somente podem ser incuráveis, tal sugerido no verso "Trocando inocência por um inferno psicótico permanente", mas que terminam refletindo prejudicialmente no meio social ao qual se tenta reinserir aquele ser humano com "a mente distorcida através do calor exaustivo".

Por fim, àqueles que sobreviveram até esse ponto da campanha xD e aí, o que acharam? Já conheciam alguma(s) das músicas (ou não), gostaram? Acham que faltou alguma? Deixem seus comentários!

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