Rock Progressivo: 16 álbuns de 2015 que merecem sua atenção
Por Tiago Meneses
Postado em 09 de dezembro de 2015
No espaço de um ano, pra quem tem uma cabeça mais aberta a explorar o que de novo sai em qualquer vertente do rock que seja, sempre iá encontrar inúmeros registros que pulverizam a ideia de quem costuma dizer que não se lançam nada de bom hoje em dia. No rock progressivo, por exemplo, não é diferente. Citar apenas 16 álbuns é bem complicado, tamanho foi o nível de tantos e mais tantos que viram a luz do dia em 2015.
1. STEVE WILSON - HAND. CANNOT. ERASE [INGLATERRA]
Melhores e Maiores - Mais Listas
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Quando se fala de alguém que tem a carreira marcada por originalidade e criatividade, as expectativas antes de ouvir um álbum que o envolva serão sempre grandes. E Steve Wilson com o seu "Hand. Cannot. Erase", não decepcionou. Nos leva a uma deliciosa viagem dentro do seu rock progressivo cheio de atmosferas quase cinematográficas com diferentes humores, sons, melancolia. Um registro majestoso, complexo e ambicioso capaz de abraçar qualquer fã de progressivo e fazer com que os mesmos se sintam confortados. Mais um golpe de mestre de uma das figuras mais importantes dentro da música progressivo atual.
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2. ANEKDOTEN - UNTIL ALL THE GHOSTS ARE GONE [SUÉCIA]
A banda sueca não lançava nenhum álbum desde 2007, mas esses 8 anos de espera valeram bastante a pena. Contando com a mesma formação que a dos seus 5 álbuns anteriores, com "Until All the Ghosts Are Gone" lançaram seu melhor trabalho até hoje. Cadenciado por melodias melancólicas e obscuras, seção rítmica dinâmica e o já conhecido Melotron, também apresentam uma excelente mistura de estilos e opções instrumentais onde todos os membros desempenham perfeitamente suas funções e ainda são presenteados especialmente pela flauta de Theo Travis (que já tocou com Steve Wilson e King Crimson), convidado nas faixas "If It All Comes Down to You" (3) e "Until All the Ghosts Are Gone" (5).
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3. UNREAL CITY - IL PAESE DEL TRAMONTO [ITÁLIA]
UNREAL CITY ainda está dando os seus primeiros passos em relação a lançamentos de álbuns, sendo "Il Paese Del Tramonto" apenas o segundo registro (o primeiro foi "La Crudeltà Di Aprile" de 2013). Mas já se mostram uma das bandas mais espetaculares a surgir no prog rock nos últimos tempos. Em "Il Paese Del Tramonto", o centro musical da banda continua cima dos teclados Wizar Tarasconi (líder da banda, principal compositor e único letrista), mas os trabalhos de guitarras feitos por Zanetta (sim, é uma mulher), estão lindos, sinfônicos, com solos fantásticos e riffs pesados quando necessária, alem claro, de uma excelente cozinha que trabalha com muita destreza durante todas as faixas. O épico "Ex Tenebrae Lux" talvez seja a melhor música prog do ano.
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4. RIVERSIDE - LOVE, FEAR AND THE TIME MACHINE [POLÔNIA]
Qualquer pessoa que tenha uma afinidade maior com o Metal Progressivo, sabe que apesar de ser uma das mais aclamadas do gênero, o Riverside nunca precisou de masturbação técnica pra chegar onde chegou, sempre impressionando de uma outra maneira quem os ouvem. Em "Love, Fear and the Machine" a banda mostra-se está no seu nível mais maduro tanto emocional quanto musical. Ainda que possa fazer com que pessoas acostumadas a trabalhos anteriores estranhe o resultado aqui, é inegável toda a musicalidade apresentada. Guitarras que embora não se destaquem como em trabalhos anteriores, fluem de forma natural e extremamente bela. A voz de Mariusz combina maravilhosamente com a natureza mais leve do álbum e suas linhas de baixo muitas vezes tomam a frente da música de forma profunda. Teclados e sintetizadores em um som bastante clássico estão audíveis mais do que em qualquer outro álbum da banda. Um excelente registro.
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5. SEVEN STEPS TO THE GREEN DOOR – FETISH [ALEMANHA]
Sem sombra de dúvidas, SEVEN STEPS TO THE GREEN DOOR foi mais uma banda que conseguiu no ano de 2015 lançar o seu melhor álbum. "Fetish" é um trabalho musical de grande complexidade e combinação de estilos como o rock progressivo, claro, alem de jazz-rock, metal moderno com alguns riffs djent e incursões sinfônicas. Nota-se influências em bandas antigas como Gentle Giant na forma da construção das harmonias vocais e alguns compassos no saxofone ao estilo Frank Zappa. Mas a maior influência está dentro de bandas modernas mesmo, como Haken, por exemplo. Um álbum que também é cheio de mudanças de tempo em uma única canção. Outro destaque vai para o desempenho vocal masculino e feminino. Um álbum que não cai de qualidade hora nenhuma, extremamente coeso.
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6. BEARDFISH - +4626 – COMFORTZONE [SUÉCIA]
Beardfish é uma banda realmente impressionante. A cada lançamento é uma garantia de "tiro" certo. "+4626 - Comfortzone" mostra que continuam exatamente assim. O destaque aqui fica por conta da variedade de influências que ele tem. Às vezes na mesma faixa pode-se encontrar um progressivo da velha guarda com influência moderna. Mas apesar de durante o álbum você poder até escolher qual a influência prog é a do momento, obviamente que a banda também nos brinda com passagens exclusivas e com a sua assinatura. Um álbum recomendo não somente aos fãs de rock progressivo.
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7. CICCADA - THE FINEST OF MIRACLES [GRÉCIA]
Nesse segundo álbum da banda grega, Ciccada, a principal característica notada é a diversidade sonora. É um aglomerado de estilos tais como, folk, rock progressivo sinfônico, incursões jazzísticas, música popular grega. Um álbum extremamente bem feito, e mesmo que a descrição inicial possa fazer parecer que trata-se de algo desafiador e composto por uma alquimia musical de difícil compreensão, tudo na verdade soa natural e de fácil absorção. A maiores influências ficam por conta de bandas domo Jethro Tull, Gentle Giant e Gryphon. Mas ainda que as pessoas admiradoras dessas bandas venham a gostar mais desse álbum, acredito que qualquer pessoa que goste de uma multiplicidade sonora deva dar uma chance a "The Finest Of Miracles".
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8. SPOCK'S BEARD - THE OBLIVION PARTICLE [ESTADOS UNIDOS]
Em "The Oblivion Particle" a SPOCK'S BEARD mostra que é uma banda que sabe se reinventar ao sobreviver saídas de não somente vocalistas, mas importantes pilares da sua formação, caso de Neal Morse e depois Nick D'Virgilio. Atualmente com Ted Leonard no vocal, gravou um álbum que tem alguns elementos dos discos anteriores. Mas agora, o grupo tem explorado diferentes aspectos do rock progressivo. O álbum possui como maior destaque, encantadores solos de órgão e piano, talvez até em sua maioria, tanto que o guitarrista Alan Morse faz um trabalho mais discreto, o que não chega a ser um problema. "The Oblivion Particle" possui sem dúvida algumas das canções mais originais da banda, um prato cheio pra quem estava procurando algo novo influenciado na velha guarda.
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9. BAROCK PROJECT – SKYLINE (ITÁLIA)
"Skyline" é o quarto álbum da Barock Project. Mais um verdadeiro petardo dentro do rock progressivo e que conheceu a luz do dia em 2015. A banda mais uma vez mostra uma forte identidade própria, não fazendo lembrar de mais ninguém, o que é algo bastante raro hoje em dia. É incrível a maneira que mudam do progressivo clássico pra uma cadencia mais hard rock, depois pra música clássica, pra pianos jazzísticos e ainda assim sempre se mantendo coerentes, nunca se perdendo, sabendo sempre de onde vem e para onde vão. Tudo dentro de um senso melódico distintamente italiano, o que acaba sendo a cereja do bolo.
[an error occurred while processing this directive]10. SUBSIGNAL - THE BEACONS OF SOMEWHERE SOMETIME [ALEMANHA]
Desde 2009, quando saiu o primeiro álbum da banda alemã, SUBSIGNAL, o grupo vem através de lançamentos de inéditas a cada dois anos mostrando uma regularidade incrível em seus trabalhos. Nesse mais novo registro, "The Beacons of Somewhere Sometime", não é diferente. Trazem um dos álbuns de melhores harmonias vocais que ouvi em toda a minha vida. Teclados maravilhosos que preenchem bem cada faixa. A banda tem uma variação entre momentos suaves e outros de extrema exuberância, passagens complexas e agressivas alinhadas a harmonias surpreendentes. Talvez a único contra do álbum é que devido a sua mistura, tem momentos de tanto barulho que os vocais podem sumir ou parecer duas músicas diferentes tocando. Mas nada disso tira o brilho desse disco incrível. O destaque maior fica por conta do épico de 23 minutos homônimo ao álbum.
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11. NATIVE CONSTRUCT - QUIET WORLD [ESTADOS UNIDOS]
Native Construct é um projeto idealizado por alunos da famosa Escola de Música de Berkleey. Em seu primeiro álbum, "Quiet World", a combinação musical é extremamente ampla, variando entre o prog metal, música teatral e clássico. Uma mistura de bandas como Between the Buried and Me, Haken, Queen e música clássica pra soar de forma extremamente particular. Possuem uma textura sonora maravilhosa, composta de guitarras de alcance estendido, vocais teatrais e um conjunto completo de instrumentação sinfônica. Ansioso já pelo segundo álbum.
[an error occurred while processing this directive]12. PROGRESSION BY FAILURE - SONIC TRAVELOGUE [FRANÇA]
PROGRESSION BY FAILURE é uma banda de um homem só criada pelo multi instrumentista Nicolas Piveteau. Teve o seu início de resultado ainda verde no seu debut de 2009, mas nesse segundo trabalho mostrou o quanto amadureceu nesses últimos 6 anos. "Sonic Travelogue" possui influências medievais, épicos sinfônicos em viagens musicais extremamente agradáveis. Domínio de uma atmosfera sonora, técnica, composições pomposas, inspiradas, porem diretas e sem rodeios. Também contém guitarras hipnotizantes que combinam perfeitamente com a cama feita pelos demais instrumentos. Lindo do começo ao fim.
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13. SYMPHONY X - UNDERWORLD [ESTADOS UNIDOS]
Em seu mais novo trabalho, "Underworld", os americanos do SYMPHONY X não surpreenderam, mas também não decepcionaram. O álbum segue um caminho entre Paradise Lost e Iconoclast. Mantiveram a sua excelente musicalidade como é de se esperar. Uma ótima qualidade de áudio e um destaque ao som do baixo que ficou muito bom no CD. A banda continua com a sua capacidade de criar canções com grande fluxo, técnica e musicalidade, tudo sem nos fazer achar que estamos perdendo tempo em embromação. Todos os instrumentos estão afiados e o trabalho em conjunto resultado das habilidades de cada um dos músicos seguem como uma grande característica da banda. Pra finalizar e não ser injusto, Russell Allen está com sua voz afiadíssima.
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14. NEMO - COMA [FRANÇA]
Através de "Coma" a banda francesa NEMO lançou seu nono álbum e novamente não deixou a desejar. Um álbum bastante rico em mudanças de andamentos e ideias brilhantes. O menu de influências é muito complexo e viaja pelo tempo através das décadas colhendo um pouco de cada banda. Coisas como Pink Floyd, Neo-Prog, Dream Theater e umas pitadas de Yes. Fazendo com que em "Coma", a banda aplique a soma de todo o conhecimento adquirido através dos anos. Não é o meu caso, mas pode ser um problema apenas para aqueles que não absorvem muito bem o idioma francês.
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15. BETWEEN THE BURIED AND ME - COMA ECLIPTIC [ESTADOS UNIDOS]
Talvez alguns fãs olhem pra "Coma Ecliptic" com a cara feia, mas em compensação o triplo de pessoas podem começar a ouvir a banda pela primeira vez. O álbum possui uma abordagem mais direta, amigável, calma e com isso, potencial a colocar a BTBAM de vez no centro das atenções. Aqui escuta-se menos guitarras excessivamente pesadas, menos baterias avassaladoras, e em compensação um uso bem maior de teclado. Um destaque dentro dessa abordagem diferente da banda é através de, "Memory Palace". A faixa traz uma sensação de nostalgia, usando progressões de teclado e efeitos fortemente influenciados por bandas de prog mais da velha guarda como Yes e Emerson Lake & Palmer. Um grande exemplo pra bandas que mudam sua sonoridade e caem no desgosto dos fãs, BTBAM soube fazer esse mudança com maestria.
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16. STEVE HACKETT - WOLFLIGHT [INGLATERRA]
Escutar o mais recente álbum de STEVE HACKETT é primeiramente mostrar respeito por um dos músicos mais importantes do gênero e que nunca deixou de gravar. Em seu 24º álbum solo, o ex guitarrista do Genesis já lançou mais álbuns que todos os seus ex companheiros juntos. Não precisa mais provar nada a ninguém, mas ainda assim, segue extremamente profissional mostrando a maturidade de um compositor que não esqueceu as suas raízes. Arranjos de extremos bom gosto como se é de costume em uma viagem através de culturas contemporâneas e antigas. As guitarras elétricas e acústicas de Hackett estão mais limpas do que nunca, orquestrações bem executadas. Apesar de um álbum super equilibrado, faixas como, Wolflight, Corycian Fire, Black Thunder e The Wheel's Turning se sobressaem.
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