Rock: uma história contada por um velho e simpático senhor
Por Diego Oliveira
Postado em 22 de maio de 2013
Um velho senhor, conhecido pela alcunha de Blues, era famoso pelos seu contos e histórias que, quase sempre, falavam de amores, desilusões e tristezas. Tratava-se de um senhor negro, que diziam ter um olhar sereno e que transmitia certa tristeza. Quem bem o conhece, diz que não é bem assim.
Dessa vez, a história que Blues nos contaria não era sobre fatos fictícios e sim da realidade de sua vida e de seus descendentes.
Então, com a palavra o protagonista...
"Quando em casei com minha esposa - a última delas - , não imaginava que nossos descendentes seriam, ao mesmo tempo tão brilhantes e difíceis de lidar. Para entender essas dificuldades é preciso voltar um pouco no tempo, na verdade, para o ano de 1950, creio eu.
Naquela época, eu já era um jovem senhor (rs)... bem, tinha certa experiência no âmbito amoroso, inclusive, atribuem-me vários filhos que nem sei se realmente são meus, com exceção de um, Jazz, que era fruto de uma relação rápida e pouco representativa. Talvez por isso, ele nunca teve uma relação muito próxima comigo.
Eu já desistira de procurar alguém que, de fato, fosse companhia para os meus dias. Mas...
Ela era uma linda mulher, com seus olhos verdes e um certo apelo "rural", mesmo que fosse dotada de uma classe para se portar... enfim, era fascinante!
Chamavam-na de Country Music. Nos tornamos belos amigos, depois tivemos o romance mais tórrido que se tem notícia. Nos casamos e tivemos um filho: o Rock.
Meu filho Rock era um jovem transgressor, ao mesmo tempo que tinha grande inteligência. Nada nem ninguém dizia a ele o que fazer ou pensar. Teve diversas namoradas. Nenhuma mulher resistia ao seu charme e "rebeldia". Eu acho que puxou isso ao seu pai...(rs).
Mas, o amor é assim, não avisa, chega de mansinho e faz o estrago.
A moça, uma bela ruiva de olhos azuis, era de família nobre, estudou nas melhores escolas, frequentou os mais caros lugares do mundo. Ao contrário do Rock, frequentava teatros. Estádios e bares não eram seu habitat. Erudita, como era chamada, enfeitiçou meu filho. Teve até quem disse que ela estragou meu filho, impondo classe a quem, segundo eles, devia ser o oposto disso. Eu não seria tão taxativo quanto a isso.
Dessa união surgiram frutos, um deles herdou toda a revolta de seu pai, outro a classe da mãe e o outro, bom, esse conseguiu unir ambos com maestria.
O mais velho dos filhos, chamado Progressivo, era muito parecido com sua mãe. Classudo, tudo para ele era grandioso, a megalomania era sua principal característica. Não sei porque, mas ele construiu uma relação estreita com o seu tio, o Jazz, bem maior do que com o seu próprio pai. Muito dos traços de sua personalidade foram fruto da sua relação com o seu meio irmão, o Psicodélico.
Diziam as más línguas que Progressivo não era filho do Rock, e sim do Jazz. Até hoje a lenda continua.
Metal, o filho do meio, era a ira conta tudo e todos. Seu meio irmão Psicodélico, que era fruto de uma relação rápida que seu pai teve em certa época, era tudo o que ele execrava.
Para Metal, a vida não era paz e amor, pelo contrário, era ódio e escuridão. Alguns diziam que Metal era afeito ao demônio, ele nunca admitiu; tampouco desmentiu. Ele sempre, foi próximo a mim, desde seu nascimento, e acabou sendo acusado de muitas das coisas que eu fui. Claro, com maior veemência.
Metal conseguia dosar as características de seus pais, mesmo que fosse mais parecido com o seu pai.
Durante os anos de sua existência, Metal se relacionou com diversas mulheres, tendo muitos filhos dos mais diferentes estilos.
O mais novo, Punk, era a essência do que seu pai foi. Ele era a revolta adolescente, apesar de possuir a maturidade necessária para abordar os temas que o incomodavam, e contrariar a quem e o quê ele não gostava.
Somente seu pai conseguia agradá-lo. Nunca teve uma boa relação com sua mãe e irmãos, principalmente com Progressivo, que ele odiava por achá-lo metido demais. Nunca acreditou, inclusive, que fossem irmãos realmente. Ele sempre me respeitou, apesar de não sermos muito próximos.
Metal e Punk nunca se deram muito bem, mas a coisa se acirrou por causa de uma mulher - sempre elas!
Punk conheceu uma inglesa, chamada Nova Onda, e tiveram um caso rápido. Nova onda achava Punk meio imaturo, e alguns dizem que ele batia nela, inclusive.
A moça gostava e admirava muito Metal, desde que ela era criança. Dessa admiração surgiu um amor estonteante, ainda na época em que tinha um lance com Punk. Até hoje dizem que ela flertou com ambos simultaneamente.
Nova Onda teve um filho, Thrash, que apesar de levar o sobrenome de Metal, alguns dizem ser filho de Punk. Essa rusga dos dois me destrói até hoje, apesar de já não ser tão grande como foi.
Particularmente, acho que Thrash é filho de Metal, mas que ele tem muito do seu tio, isso ele tem.
Minha família é enorme, mas os anos passam e eles não conseguem se acertar. A coisa é tão feia que seus amigos e admiradores trocam farpas até hoje. A harmonia não existe.
Uma vez alguns religiosos me rogaram uma praga: disseram que eu e meus descendentes teríamos sucesso, dinheiro e fama, mas nunca viveríamos em paz. De fato não vivemos!"
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