Aneurose: Novo álbum moldado na fúria
Por Nelson de Souza Lima
Postado em 12 de junho de 2021
Prestes a completar vinte anos de luta a Aneurose é grande representante do nosso metal. Surgida em 2002, em Lavras, MG, a banda disponibilizou recentemente nas plataformas digitais o novo álbum; "Made In Rage". O título já entrega um disco raivoso, moldado na fúria. Também disponível em mídia física "Made In Rage" traz seis faixas arrasa-quarteirão, cinco delas gravadas antes da chegada do coronavírus.
Apenas "Ruptura" foi escrita neste período de isolamento social e, de acordo com o guitarrista Raphael Wagner, fala sobre a atual situação da pandemia no país com elementos e ritmos brasileiros.
"O groove de bateria de "Ruptura" também é muito comum no funk, a única diferença é que os DJs usam sons eletrônicos, atabaques, beat box etc. Adicionamos o beat e caiu como uma luva na introdução, trazendo todo um sentido para a música", diz Wagner.
Com letra em português "Ruptura" também critica ferozmente o despreparado presidente da república e toda sua equipe incompetente ao lidar com a crise sanitária.
"O governo atual nega a pandemia. Com isso, não assume as responsabilidades com tudo que está acontecendo em todos os aspectos de um governo. É um desabafo em nome de toda uma sociedade que está cansada com desgoverno do nosso país", atesta o guitarrista Sávio Chaves.
Completam a banda Wallace Almeida (voz), Sthefano Dias (baixo/voz) e Kiko Ciociolla (bateria). A atual formação está junta desde 2015 sendo que cada integrante tem a liberdade e autonomia de compor e fazer os arranjos que quiser. Liberdade de criação que transformou a banda numa usina sonora com cada instrumento desempenhando muito bem sua função.
Raphael Wagner afirma que "além de que termos vários tipos de músicos na banda: o profissional, o virtuoso, o músico feeling, o autodidata, etc. Essa talvez seja a resposta pra "usina" funcionar tão bem".
Para 2022 quando completam vinte anos os caras esperam a volta à normalidade pois estão ansiosos para tocar, lançar novo material e rodar o Brasil. "Futuramente fazer uma próxima turnê no exterior. E, claro, retomar com o Aneurose Festival. Fiquem ligados que traremos novidades", conclui Chaves.
Abaixo o entrevista completa com Raphael Wagner e Sávio Chaves falando tudo sobre a Aneurose.
Em 2022, passando a pandemia, esperamos a vida voltar ao normal com a Aneurose chegando a duas décadas de estrada. Antes de falar do futuro, gostaria de abordar o passado do grupo. Vocês surgiram em 2002, mas o primeiro álbum, "From Hell", só saiu em 2013. Por que a demora? Foram tantos perrengues até a maturação da banda e solidificar a formação?
SÁVIO CHAVES: Primeiramente, muito obrigado pelo elogio ao novo álbum. Sobre a pergunta, na época, nós éramos adolescentes com idade entre 14 e 18 anos. Além disso, era difícil o acesso a profissionais com foco em gravação de metal, já que somos uma banda do interior do estado. Isso sem falar do recurso financeiro, o custo para gravação era muito elevado. A Aneurose passou por várias formações no início. Ao longo do percurso fomos amadurecendo e alguns integrantes não tinham como objetivo encarar uma banda de forma profissional. Assim, foram ocorrendo as mudanças, que fizeram com que a Aneurose se tornasse o que é hoje.
A atual formação está junta desde quando? A gente percebe nas músicas uma incrível usina sonora com cada um mandando muito bem em seu instrumento.
SÁVIO CHAVES: A formação atual é desde 2015, com a entrada do Raphael Wagner na guitarra. Na Aneurose cada músico tem liberdade e autonomia de compor e fazer o que quiser. No final, juntamos todas as ideias e o disco está pronto.
RAPHAEL WAGNER: Adorei o termo "usina", pois me lembra do álbum "Powerplant", do Gamma Ray, que é um dos meus preferidos de todos os tempos – você me deixou bem feliz agora (risos). Sobre a pergunta, acredito que seja porque cada integrante possui uma influência diferente. Além de que temos vários tipos de músicos na banda: o profissional, o virtuoso, o músico feeling, o autodidata, etc. Essa talvez seja a resposta pra "usina" funcionar tão bem (risos).
Após "From Hell" veio "Juggernaut" em 2016. Gostaria que fizessem uma avaliação entre um álbum e outro.
SÁVIO CHAVES: De um álbum para outro tivemos um grande crescimento profissional e técnico na composição e gravação das músicas. No quesito técnica, a entrada do Kiko Ciociola (bateria) e do Raphael elevou o nível da banda. No profissional, a experiência obtida com a gravação do "From Hell", que foi onde tivemos a oportunidade de conhecer e gravar com o Celo Oliveira do estúdio Kolera e o Gus Monsanto, que nos ajudou a produzir o disco, tudo isso contribuiu muito para a produção do "Juggernaut".
Vocês vêm de Lavras, em Minas Gerais, que fica a quase 250 KM de Belo Horizonte. Sabemos que Minas deu grandes bandas de Metal, vide Sepultura, Sarcófago, Kamikaze, enfim. Como vocês analisam a cena metal mineira, é uma das mais fortes do Brasil?
SÁVIO CHAVES: Sem sombra de dúvida! Principalmente nas cidades do interior, a cena é muito forte e presente no metal. Vemos muitos eventos legais com estruturas de som bacanas que ajudam a manter a cena ativa. Como por exemplo o "Roça'n'Roll" evento que ocorre todos os anos a 100Km de Lavras, em Varginha. Além disso, o público é diferenciado, com muito mosh e participação durante os shows. Sem contar as inúmeras bandas mineiras que encontramos em eventos, inclusive em outros estados.
Na Europa vocês se apresentaram em vários festivais tocando em Portugal, Espanha, França e Alemanha. Como foi a recepção dos europeus para o som da Aneurose?
SÁVIO CHAVES: Foi excelente, melhor do que imaginávamos, já que esta foi a nossa primeira turnê europeia. Algo muito bacana foi a oportunidade de tocar no 'SWR Barroselas Metalfest', evento com grande público e bandas do mainstream do metal mundial que rola em Portugal. Em todos os eventos e casas de show que passamos, tivemos ótima aceitação do público. Foi uma grande experiência tanto para a banda como individualmente.
Como é a brodagem com as outras bandas, inclusive as mineiras. Rola uma brodagem com o Sepultura (embora a banda nem seja mais mineira), já que vocês participaram de um tributo aos caras numa versão de "Sepulnation"?
RAPHAEL WAGNER: A brodagem rola sempre, pois graças ao nosso festival (Aneurose Festival) já trouxemos e fizemos amizades, parcerias com várias bandas de diversos lugares, inclusive uma alemã que estava em turnê por aqui. Com o Sepultura em questão, já tocamos juntos em vários festivais e fomos ao programa de rádio do Andreas Kisser, o 'Pegadas' da 89 FM, para uma entrevista, o que foi bem legal. Aliás, sempre é legal encontrá-los!
Sobre "Made In Rage", falem um pouco do disco, que traz várias influências pesadas e até "um infame beat de influência carioca" que rola em "Ruptura". Diz pra galera quem é o Zé do Berimbau, figura constante nos álbuns do grupo e sobre o processo de criação do disco em meio à pandemia.
RAPHAEL WAGNER: O fato de cada integrante possuir várias influências diferentes colabora para que o álbum seja bastante diversificado e também adoramos experimentar coisas novas. O 'infame beat', vulgo funk carioca, surgiu da ideia de que a música "Ruptura" fala sobre a atual situação da pandemia no Brasil, e queríamos que ela tivesse alguma brasilidade. Como o groove de bateria dessa música também é muito comum no funk, a única diferença é que os DJs usam sons eletrônicos, atabaques, beat box etc. Adicionamos o beat e caiu como uma luva na introdução, trazendo todo um sentido para a música. O Zé do Berimbau é uma brincadeira nossa, um personagem fictício que a gente inventou e todo álbum nós damos uma participação para ele (risos). No "Juggernaut" ele fez os batuques, no "Made in Rage" ele fez o beat, mas o que ele vai fazer no próximo álbum eu deixo para vocês adivinharem (mais risos). Apenas a música "Ruptura" foi composta na pandemia, gravamos o álbum semanas antes de começar o isolamento. "Ruptura" foi composta na pandemia e adicionada ao álbum posteriormente, fizemos ela a distância a partir de uma ideia do Wall e cada um foi dando seu toque. As outras músicas foi como Sávio falou: 'cada músico tem liberdade e autonomia de compor e fazer o que quiser. No final, juntamos todas as ideias e o disco está pronto!'
O disco estará disponível em CD e nas plataformas digitais? Trabalham intensamente as redes sociais já que sem show não tem como divulgar de outro modo.
SÁVIO CHAVES: Sim, todo nosso trabalho está disponível tanto físico como digital em plataformas de streaming, como Spotify, Deezer e Apple music. Durante a quarentena viemos trabalhando com o YouTube e redes sociais com divulgação de clipes, resenhas das músicas do novo álbum.
E já que o assunto recorrente no momento é a pandemia, a letra de "Ruptura" fala exatamente disso. Como veem o governo lidar com a pandemia?
SÁVIO CHAVES: O governo atual nega a pandemia. Com isso, não assume as responsabilidades com tudo que está acontecendo em todos os aspectos de um governo. A música "Ruptura" é um desabafo em nome de toda uma sociedade que está cansada com desgoverno do nosso país.
[an error occurred while processing this directive]Estão se preparando para os 20 anos da banda, pois devem estar com sangue nos olhos pra tocar.
SÁVIO CHAVES: - Estamos ansiosos para tocar, lançar mais material novo, voltar a rodar o Brasil e futuramente (quando tudo passar) fazer uma próxima turnê no exterior. E, claro, retornar com o Aneurose Festival. Sobre os 20 anos, fiquem ligados que traremos novidades!
Um recadinho aí para os fãs da Aneurose.
SAVIO CHAVES: Quem puder, fique em casa. Cuidem-se e não sejam um coolzão porque a Aneurose vai voltar após a pandemia com sangue 'nos óio'
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