Tank: os novos planos do ícone do metal britânico
Por Leonardo Daniel Tavares da Silva e Leonardo Brauna
Postado em 21 de outubro de 2014
A banda britânica TANK esteve recentemente fazendo seus primeiros shows no Brasil, contando com Cliff Evans e Mick Tucker, da formação clássica, acompanhados de ZP Theart (ex-DRAGONFORCE) nos vocais, Barend Courbois (baixista de turnê do BLIND GUARDIAN) e Bobby Schottkowski (ex-SODOM) na bateria. Em novembro, a banda deve entrar em estúdio, com planos de lançar um álbum no início de fevereiro, visando coincidir com o show da banda no cruzeiro 70,000 Tons of Metal no final de janeiro. Durante o cruzeiro, no Caribe, a banda deve tocar o novo álbum na íntegra, além de um segundo show onde tocará os clássicos dos seus trinta anos de carreira. Conversamos com Cliff Evans sobre a trajetória da banda, seus planos para o futuro e sobre as novas bandas que renovam o NWOBHM.
1. O álbum "Filth Hounds Of Hades", um álbum amado pelos fãs do TANK, é ainda hoje considerado um dos melhores álbuns da banda e listado entre os dez melhores álbuns de heavy metal lançados em 1992 (junto com o "Number of the Beast" do IRON MAIDEN e "Screaming for Vengeance" do JUDAS PRIEST). Você ainda não faziam parte da banda quando este álbum foi lançado, mas tem tocando músicas como "(He Fell In Love with a) Stormtrooper" e "TWDAMO" por anos. O que você pode nos dizer sobre este álbum em particular?
Cliff Evans: Eu era um grande fã do TANK antes de entrar para a banda. Eu os conheci quando estava trabalhando em uma loja de guitarra em Londres. Eles estavam tocando no famoso 'Marquee Club' e me convidaram para o show. Foi um show incrível e bebemos umas cervejas depois, eu, Algy (o primeiro vocalista pela banda), Mark e Pete. Eles me deram uma cópia autografada de Filth Hounds. É um dos meus álbuns favoritos daquela época. Tem muita energia capturada nas ranhuras do vinil.
2. Esta é uma pergunta que nós sempre queremos fazer. Por que a banda parou em 1989?
Cliff Evans: Acho que foi 87 quando paramos. Logo após a gravação do álbum "Tank". Houve algumas discussões entre Mick e Algy e também tivemos problemas de gestão para lidar. Algy gostava de desaparecer por longos períodos de tempo quando ele perdeu o interesse pela banda. Nós não nos separamos, nós apenas seguimos nossos caminhos separados por um tempo. Foi um momento estranho. Eu me mudei para Nova York logo depois e acabei formando a banda THE KILLERS com PAUL DI'ANNO.
3. Depois que você voltou, em 1997, vocês percorreram um longo caminho até o lançamento de "Still at War" em 2002. Porque vocês demoraram tanto para lançar um novo álbum?
Cliff Evans: Quando voltamos em 97, iniciamos uma pequena turnê juntos e gravamos o álbum ao vivo 'Return of the Filth Hounds'. Tocamos em alguns shows na Europa com o HAMMERFALL e o RAVEN incluindo o mainstage no Wacken Festival. Conseguimos um novo contrato de gravação e o futuro parecia bom, mas, em seguida, pouco antes de nossa performance no "Bang Your Head festival" na Alemanha, Algy decidiu consumir umas garrafas de Jack Daniels e o show foi um desastre total. Perdemos o nosso contrato e nossa agente de booking no mesmo dia.
Cliff Evans: O 'Still at War' foi auto-financiado e feito com um orçamento muito baixo. Não havia nenhum selo envolvido e, portanto, nenhuma promoção. Há algumas boas faixas do álbum, mas não é TANK clássico. As faixas não são boas o suficiente para serem incluídos no novo show ao vivo, por isso não é frequentemente visitado nos shows.
4. Mais tarde, em 2008, Algy Ward apareceu com outra formação do TANK. Como foi isso? Gostaria de falar algo? Você já ouviu o álbum de Algy, "Breath of the Pit"?
Cliff Evans: Eu não sabia que Algy tinha outra formação que ele chamava de TANK em 2008. Já ouvi o seu álbum "Breath of the Pit' há alguns anos atrás, e há algumas grandes faixas nele, mas ele está tão mal gravado que soa apenas como uma velha demo. Não há nem mesmo um baterista de verdade nele. Eu não consigo entender por que ele fez isso dessa maneira. Fiquei muito decepcionado.
Cliff Evans: Obviamente, há conflito entre Algy e nós, mas como membros da banda por mais de 30 anos, Mick e eu pensamos que merecíamos continuar com o nome e tocar a música que nós amamos e os fãs ao redor do mundo querem ouvir. É uma vergonha Algy não estar conosco, mas essa é a sua escolha. Algy tem sofrido com problemas de saúde há muitos anos. Ele não pode mais fazer turnês, mas eu gostaria de ouvi-lo gravar um bom álbum de estúdio.
Cliff Evans: Sempre disse que se os fãs não quisessem que a gente continuasse como TANK então teríamos que parar. Felizmente nossos fãs abraçaram nossa música e os membros atuais e o Tank entrou agora numa nova era.
5. Você se juntou a banda na era "Honor & Blood", de 1984, quando também ocorreu a saída de dois membros fundadores, os irmãos Brabbs. "Honor & Blood" foi também o único álbum com Crallan na bateria.
Cliff Evans: Fiquei triste ao saber que os irmãos Brabbs tinham decidido deixar a banda, mas eu tinha ouvido falar que havia problemas acontecendo que não puderam ser resolvidos. Quando Mick Tucker se juntou à banda, a direção da música mudou para um som de rock mais clássico. A banda foi amadurecendo e se afastando da influência inicial do punk de 'Filth Hounds'.
Cliff Evans: Fui convidado para entrar na banda, mesmo sem um teste. Nós apenas fomos para o bar e ficamos bêbados. No dia seguinte, estávamos ensaiando e gravando. Em seguida, estávamos na estrada abrindo para o METALLICA na 'Ride the Lightning' tour. Boas lembranças.
Cliff Evans: Crallan foi um grande baterista. Ele tinha uma boa sensação para a música que estávamos fazendo. Mas ele também tinha seus próprios demônios pessoais. Nós realmente nunca ouvi falar dele depois da turnê do METALLICA e ficamos muito tristes em saber de sua morte, há alguns anos. RIP O Poderoso Crall.
6. Além de você e do guitarrista Mick Tucker, a formação atual traz ZP Theart, a voz do DRAGONFORCE, o baixista do BLIND GUARDIAN e Bobby Schottkowski, um ex-membro do SODOM. Vocês estão planejando gravar um novo álbum com esta formação? Podemos esperar alguma influência power metal em um próximo álbum do Tank, devido às influências de ZP Theart e Barend Courbois?
Cliff Evans: O novo álbum de estúdio do TANK está em pré-produção no momento. Estamos muito animados com isso. Nós não podemos esperar para entrar no estúdio com a nossa nova formação e fazer um grande álbum de metal.
Cliff Evans: Agora temos alguns dos melhores músicos de metal do mundo para se trabalhar. Cada membro tem um grande manancial de experiências para extrair, mas o TANK nunca será uma banda de power metal. Será sempre TANK. Metal bruto, pra frente e direto. Esses caras sabem disso e eles estão realmente apreciando tocar nossa música. Eles estão muito mais duros. Eles estão no TANK agora.
7. E sobre Doogie White, que gravou os últimos álbuns do TANK, "War Machine" (2010), "War Nation" (2012) e o "War Machine Live DVD"? Por que ele deixou a banda?
Cliff Evans: Doogie não deixou a banda. Ele está atualmente trabalhando com Michael Schenker, mas ele ainda é também um membro do TANK. Ele ama a música que criamos juntos e ele ainda estará envolvido com Tank no futuro. Temos muita sorte de ter dois dos melhores vocalistas de rock do mundo para escolher.
8. Ainda falando sobre os portadores de microfone, você tocou por algum tempo com Paul Di'Anno, ex-vocalista do IRON MAIDEN, em sua banda KILLERS. Como é tocar e trabalhar com ele?
Cliff Evans: Eu trabalhei com Di'anno por 12 anos. Isso é mais do que qualquer outra pessoa. Formamos a KILLERS juntos. Ele pode ser um pesadelo para se trabalhar junto, mas nós produzimos um grande trabalho. Ele é uma lenda do rock. Volte e ouça os dois primeiros álbuns do MAIDEN. Sem ele não haveria IRON MAIDEN e, provavelmente, muitas das bandas de metal daquela época não teria existido. As pessoas gostam de colocá-lo para baixo, porque ele pode ser um imbecil às vezes, mas você tem que respeitar quem ele é e o que ele fez. O cara é uma verdadeira lenda do caralho.
9. Há uma nova cena inteira emergente já há algum tempo que tenta trazer de volta o espírito da NWOBHM. Alguns jornalistas até chamam bandas como ENFORCER, SKULL FIST e STEELWING de The Newest Wave of British Heavy Metal (embora a maior partedeles sequer seja britânica). O que você tem a dizer sobre eles?
Cliff Evans: Eu realmente gosto dessas bandas. Nós tocamos com o ENFORCER alguns anos atrás, na Espanha. Eles realmente tinham esse espírito do início dos 80 e sabiam tocar metal de verdade. Eu gostaria de ver mais bandas como essa, de manter a música viva.
10. E o que dizer da música brasileira? Você já ouviu alguma banda brasileira?
Cliff Evans: Só tive a chance de conferir algumas bandas de apoio até agora. O padrão de músicos é muito alto e eles adoram o metal. Excelente.
[an error occurred while processing this directive]11. Recentemente, você declarou que tocar no Brasil era um sonho para você. Agora, esse sonho (que é compartilhada por legiões de fãs brasileiros do TANK) se tornou realidade. Por favor, deixe sua mensagem para todos esses fãs que foram assistir a um dos seus shows em nosso país.
Cliff Evans: Como esta foi a nossa primeira turnê no Brasil, tocamos as músicas que achamos que os fãs iam querer ouvir. Nós só tínhamos 90 minutos, por isso colocamos tantas faixas clássicas quanto possível e algumas faixas mais recentes dos dois últimos álbuns. Temos tantas músicas para escolher, é uma decisão muito difícil de fazer. É ótimo ver os fãs cantando junto com as músicas. Especialmente os novos.
Cliff Evans: Eu não estava mentindo quando disse que era como um sonho de vir para o Brasil. Tivemos tantas cartas de fãs ao longo dos anos nos pedindo para vir para shows, mas nunca descobri um promotor que pudesse correr o risco e fazer acontecer. Agradecemos o Fabrício no Underground Produções e todos os nossos fãs para fazer o nosso sonho.
Cliff Evans: Estaremos de volta em 2015. Honra e Sangue.
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http://www.tankofficial.com
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