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Dave Mustaine: Arrependimentos, Oriente Médio, bandas satânicas

Por Daniel Molina
Fonte: Megadeth Brasil
Postado em 08 de agosto de 2014

O programa de rádio israelense Met Al Metal, comandado pelos irmãos Lior and Niv Peleg, conduziu em 2014 uma entrevista com Dave Mustaine. Confiram alguns trechos da entrevista.

Sobre outra coisa que ele estaria fazendo se não seguisse a carreira como músico:

Mustaine: "Ah, eu adoro ensinar coisas para as pessoas. Não é segredo o quão dedicado sou com os nossos fãs. Tive experiências com fãs onde conversamos bastante. Já vi muitos músicos fingirem que se importam, mas eles se dedicam aos fãs e os ajudam? Eu lembro de ter tomado chuva e neve na cara ao ficar do lado de fora do ônibus autografando coisas. Isso que é importante. Não é fácil fazer. As coisas fáceis todos sabem fazer. As coisas difíceis é que importam no final do dia. O que faria se não fosse músico? Eu seria professor de algo. Eu já dei aulas de artes marciais e dou aula de guitarra no Megadeth desde o começo (risos). Sempre tive que mostrar as músicas para os membros novos."

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Sobre ter algum arrependimento sobre alguns aspectos de sua carreira e se faria algumas coisas de forma diferente se tivesse a oportunidade:

Mustaine: "Sim, claro. Adoraria ter dito adeus ao Gar Samuelson antes de ele ter morrido. Há coisas que não teria feito, tipo ter overdoses e provavelmente não teria dado um soco na boca de James Hetfield. Há muitas coisas. Você olha para trás e pensa, ´Deus, deveria ter feito diferente.´ Mas por isso é importante na sua vida para servir de exemplo. Existe um provérbio asiático que diz, ´Um homem esperto aprende com seus erros, mas o sábio aprende com o erro dos outros.´ Quem sabe? Talvez seja do livro Provérbios da Bíblia; não sei onde se originou esse ditado. Mas preferiria aprender vendo seus erros do que aprender com os meus, isso torna tudo menos doloroso. Acho que ao compartilhar muitos dos meus erros e acertos, acabei ajudando nossos fãs em suas vidas pessoais e alguns músicos também. Estou fazendo isso há 30 anos e é óbvio para qualquer pessoa com metade de um cérebro que as pessoas tem tentado me controlar."

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A opinião dele sobre o que está acontecendo no Oriente Médio atualmente:

Mustaine: "Deixe-me corrigir uma coisa. A música Holy Wars não é especificamente sobre Israel. Aquela música é sobre o IRA (grupo paramilitar radical católico da Irlanda). Eu digo, ´Não olhe para Israel onde existe um conflito só porque está bem debaixo dos nossos narizes. O conflito está em todos os lugares.´ Sabe, terrorismo é algo que... Eu acho que as regras das brigas mudaram. Quando você vê um soldado protegendo uma mãe empurrando seu carrinho de bebê, isso é honra. Quando vê um soldado se escondendo atrás da mãe e do bebê, isso não é honra. Quando eles começaram a ir em escolas e hospitais e atirar nas pessoas nesses lugares, isso não é honra. Haviam regras nas guerras e lutas, os soldados tinham honra e não temos mais isso. E para mim é muito mais honroso dois soldados se enfrentando cara a cara do que se escondendo atrás dos outros. Esse é meu modo de pensar. Acho que isso está ligado com meus aprendizados nas artes marciais e com as maneiras que resolvi meus conflitos. Houve momentos na minha carreira onde outros músicos falaram besteiras sobre mim, então ia até eles e dizia, ´Olha, se quer resolver isso, vamos resolver em um ringue e faremos como cavalheiros.´ E sempre contornávamos os conflitos. E acho que essa atitude minha de chegar até a pessoa ajudou, ao invés de ficar dizendo, ´Você é um frouxo. Você é isso. Você é aquilo.´ Isso não ajuda em nada, especialmente quando é o cara de uma banda que você realmente gosta e, infelizmente, algo aconteceu. Na maioria das vezes a imprensa entende tudo errado e dizem coisas... Tipo, da minha língua materna para a língua estrangeira e depois ele retraduzem a notícia. Por exemplo, se eu der uma entrevista e for traduzida para o espanhol e depois retraduzida para o inglês, fica tudo diferente. Pode ir de tipo um, ´Eu acho que aquele cara é maluco´ para ´Eu acho que aquele cara é retardado.´ E há uma diferença enorme quando o Ozzy diz, ´Enlouqueçam´ para ´Sejam retardados.´ Me entende? (risos)

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Sobre ter se recusado a dividir o palco com a banda sueca, abertamente satânica, Dissection em um festival israelense em 2005:

Mustaine: "Bem, a verdade é que quando coloquei minha vida nos eixos em 2002, fiz algumas mudanças. Tive um problema sério no braço e quando minha carreira parou, isso me fez colocar as coisas em perspectiva. Não queria tocar com bandas que tinham viciados em heroína porque queria evitar a tentação, ficar em forma, porque estava tentando colocar esse poder na minha vida que é maior que eu. Não queria ficar perto de pessoas que seriam perigosas para a minha espiritualidade, porque estava tomando outro caminho para minha vida. Não queria caminhar para trás. Já tinha me envolvido com bruxaria e magia negra e coisas do tipo, então sei sobre essas coisas. Então decidi evitar essas coisas. Eu nunca disse que odiava ninguém. Só não queria tocar com eles. E foi curioso ver o cartaz do show, porque estava escrito na fonte Hebrew, ou Script, sei lá o nome e vi o nome Dissection e pensei, ´Nossa, que nome bacana.´ Dai fui pesquisar e pensei, ´Uh-oh.´ Então disse ao promoter, ´Olha, não podemos tocar. Não vamos tocar no festival.´ Nunca pedi para chutarem ninguém do festival, isso foi erro do promoter. Ele quem os tirou do festival. Sei como é difícil fazer shows, então nunca tiraria uma banda de um dos nossos shows. Eu prefiro não tocar do que tirar alguém. Era meu raciocínio naquela época. Hoje estou mudado. Se colocarem alguma banda contrária as minhas crenças, visões políticas, meus valores morais e pessoais, aí seria entre Deus e eu. Antes eu havia criado essa zona de conforto, hoje minha mente está muito mais aberta."

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Sobre Daniel Molina

Nascido em 79, professor de inglês e tradutor. Conheci o metal e suas várias vertentes através de um amigo do meu irmão no final dos 80, onde em 89 acabei me deparando com Megadeth dentre os vinis que estava ouvindo e foi amor à primeira ouvida, uma paixão que dura 20 anos. Apaixonado por thrash metal, especialmente Bay Area e East Coast mas também aficcionado por NWOBHM, Hard e Death. Com o passar do tempo percebi que o rótulo é o que menos importa e sim o tipo de música que nos agrada, mas apesar de tudo, thrash sempre acima de tudo. Já trabalhei com vários sites, cobrindo shows e fazendo entrevistas mas sempre tocando a Rust In Page por amor ao Megadeth, e hoje além de dedicação total ao meu trabalho salvo bastante do meu tempo para manter a página rolando firme e forte e mantendo os Droogies brazucas informados.
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