Thunderbird: VJ da MTV fala sobre bandas cover
Por Marcus Vinicius Magalhães
Postado em 03 de julho de 2013
Atual apresentador da MTV, o músico Luiz Fernando Duarte, mais conhecido como Thunderbird, abriu as portas de seu apartamento no bairro do Paraíso, em São Paulo, ao jornalista Marcus Vinicius Magalhães. Durante bate-papo, Thunder falou sobre suas várias bandas, o mundo dos grupos cover e o atual cenário musical no país.
Marcus: Você tem quatro bandas, atualmente: Fuck Berry, Júpiter Maça, Devotos de Nossa Senhora Aparecida e Tarântulas e Tarantinos. Gostaria que você falasse um pouco desses projetos. Em algum deles, você toca cover ou os repertórios são de autoria sua?
Thunderbird: No caso, o Devotos de Nossa Senhora Aparecida é uma banda autoral. Temos três discos lançados e tocamos as nossas próprias músicas. Eventualmente a gente coloca alguns clássicos que eu gosto muito, já que tenho prazer de levar o som dos artistas que admiro. Então, eventualmente, a gente toca um Erasmo Carlos e Pink Floyd. Fuck Berry, por exemplo, a gente toca músicas do Chuck Berry, mas as letras são em português e não são nada a ver com as letras originais. Já o Júpiter Maça, eu eventualmente toco contra-baixo com ele. São todas músicas autorais também. Pelo Tarântulas e Tarantinos, a gente tocava as trilhas sonoras dos filmes do Tarantino. São covers, mas nunca são iguais as originais.
Marcus: Você já revelou gostar muito de Beatles a ponto de tocar as músicas do grupo britânico como cover. Fale um pouco sobre esse trabalho e se ele ainda existe.
Thunderbird: Exatamente! Eu já tive uma banda chamada "Los Beatles Forevis", onde a gente fazia releitura dos Beatles. Não eram versões idênticas aos Beatles. Não, nós não usávamos perucas. Não, nós não usamos fantasias para ficar iguaizinhos aos Beatles. Nos apenas subvertíamos o som dos Beatles. Era uma versão "proto-punk" das músicas dos Beatles. Não fazemos questão de que seja parecido com a versão original. Não queremos ser iguaizinhos aos músicos que criaram as canções. Essa é uma pretensão que eu não tenho. Eu me divertia muito com minha banda de Beatles. Era muito gostoso de fazer. E chegou uma época que a gente fazia shows e via muita gente e era divertido e tal, mas a banda parou porque eu também não aguentava mais. Eu queria fazer as minhas coisas também e meus shows com minha banda. Acabamos parando com esse trabalho há uns cinco anos. Porque chega uma hora que você pensa "não quero ser uma caricatura dos Beatles". Eu até fiquei preocupado se os caras do Beatles Foverer (principal banda cover de Beatles no Brasil) ficariam bravos com o nome da nossa banda ser "Los Beatles Forevis", mas na verdade era uma brincadeira com o nome da banda deles e com o Mussum, já era óbvio que a gente nunca iria conseguir tocar como eles. Além disso a gente era muito trapalhão no palco, pois isso o nome Los Beatles Forevis. Eles ficaram bravos comigo, mas já devem ter nos perdoado. (risos)
Marcus: Ainda falando sobre o mundo dos cover, qual sua opinião a respeito do grande número de artistas que tocam as músicas dos outros ao invés de tocarem suas canções?
Thunderbird: Elas tocam, pois tem mercado. Eu acho que as bandas cover que se levam a sério como bandas cover, elas devem gostar muito daquela da banda que elas tocam e imitam. Além disso, tem um mercado fácil de conseguir fãs. Por exemplo, a banda que faz cover do Guns n Roses vai conseguir atrair os fãs de Guns n Roses nos shows. Esses artistas não terão o prazer de apresentar uma música própria, mas terão o prazer de tocar uma música do seu ídolo, por exemplo. Cada um na sua. Não vejo problema algum nisso.
Marcus: Você, hoje, é um homem muito bem sucedido. Já trabalhou na Rede Globo, Rede Manchete e hoje está na MTV. Gostaria de saber se, em relação a essas suas bandas que mencionou, você encara como um hobby ou também consegue um bom retorno financeiro com a música? É possível viver de música hoje no Brasil, estando fora dos padrões musicais apresentados atualmente pela mídia?
Thunderbird: No momento, além da MTV, tenho vivido financeiramente de música, sim. Faço meus shows e palestras. É com isso que eu ganho a vida. Não é fácil. Mas, se eu tivesse que viver apenas de música alternativa, eu estava falido há muito tempo. Se não fossem as palestras que eu faço, workshops e as coisas que eu escrevo, não seria fácil.
Marcus: Você toca rock n roll com suas bandas, e, atualmente, é um estilo que não tem agradado a indústria musical, que não aceita esse tipo de som e... (Thunder interrompe..)
Thunderbird: Mas, já pensou eu vestido de emo para fazer sucesso, igual o CPM22 ou Restart? Seria ridículo. Eu não faria esse trabalho. (risos)
Marcus: Mas, essa não seria a única forma de sobrevivência no mercado? Se rebaixar e se ridicularizar para agradar a massa?
Thunderbird: Não, eu acho que esse caras que estão no momento, agora em evidência, não se expõe ao ridículo. Eu acho que eles estão fazendo um som que eles acreditam que seja um som bacana e acabam fazendo muito sucesso. Ganham muito dinheiro com isso. Não vejo problema algum, mas acho que, para mim, isso não iria rolar. Para mim, não iria ser legal. Eu não quero isso para mim.
Marcus: Já aconteceu de você tocar suas músicas próprias e o público não curtir, chegando ao ponto do seu grupo querer agradá-los com canções de outros artistas, simplesmente para atrair a atenção das pessoas presentes?
Thunderbird: Como eu não toco para estádios, então eu acho que não passo por esse problema. Eu apesento meu show e se as pessoas curtirem, eu fico bastante feliz. Se não curtires, eu fico um pouco menos. Mas, eu fico feliz do mesmo jeito, pois eu estou tocando. Eu estou lá e para isso. Eu estou lá para me divertir. Se não for assim, a gente não está lá em cima do palco.
Marcus: Só para finalizar. Você trabalha como apresentador, entrevistador e músico. Gostaria de saber se você deixaria tudo de lado para ficar exclusivamente com a música.
Thunderbird: Não só de música, pois também gosto de outras coisas. Gosto de escrever e gosto muito da televisão. Hoje, estou na MTV, mas eu fiquei um bom tempo longe da telinha. Já estava sentindo falta. Mas, sem dúvida que, quando eu abri mão do meu diploma de odontologia em prol da música, foi uma decisão muito séria. Eu levei aquilo muito a sério. Mas, eu acho que tomei a decisão correta. Tanto que, eu estou aqui feliz da vida e eu poderia estar frustrado na vida, por nunca ter apostado em uma coisa que eu gostava e acreditava. Nada como fazer o que você gosta.
Acompanhe um trecho da entrevista do Thunderbird:
Confira o som do Thunderbird pelo grupo Devotos de Nossa Senhora Aparecida:
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