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Nervosa: "pretendendo inspirar garotas a tocarem"

Por Thiago Pimentel
Fonte: Hangover-Music
Postado em 11 de agosto de 2012

Orgulhosamente apresentada como uma banda feminina de thrash metal, a Nervosa vira a luz do dia na cidade de São Paulo, em 2010, visando produzir um som agressivo, rápido e direto. Ou seja, as diretrizes comuns ao thrash metal.

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Apesar de, por ora, não possuir nenhum registro oficial, o atual trio - composto por Fernanda Lira (baixo, vocal), Prika Amaral (guitarra) e Fernanda Terra (bateria) - tem atraído a atenção do público, principalmente, após o lançamento do clipe realizado para a faixa "Masked Betrayer". Bastante acessado no YouTube, inclusive rendendo ótimas posições no site, a boa receptividade do vídeo foi um dos primeiros passos para futuras aberturas de shows, participação em festival - o "Roça N' Roll"-, entrevistas e um contrato com uma gravadora internacional (Napalm Records) atualmente.

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Em meio a grande atividade e prestes a lançar a primeira demo - intitulada "2012"-, conversei com Fernanda Terra e Prika Amaral que me contaram futuras pretensões musicais do grupo e como elas tem encarado os resultados - positivos e negativos - dessa movimentada estreia da banda. Ah, claro que o tópico de mulheres tocando música pesada não foi deixado de lado na abordagem. Enfim, confiram parte da conversa abaixo.

Hangover-Music: O clipe da faixa ‘Masked Betrayer’ está obtendo uma excelente resposta por parte do público. Acho que pode ser apontado, inclusive, como responsável pela repercussão que a banda tem causado. Em meio as poucas composições que a Nervosa, por enquanto, possui; qual o motivo da escolha dessa faixa? O que ela representa pra banda?

Prika Amaral: Escolhemos a nossa música mais trabalhada e o que melhor simboliza a banda! Das três composições que gravamos, ela com certeza é a mais completa. Além disso, a "Masked Betrayer" representa o nosso melhor na fase atual.

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Fernanda Terra: Também acho que, até então, era a nossa melhor música. A letra representa muito pra banda, apesar dela ter sido escrita apenas pela Fernanda Lira (vocal, baixo). Digamos que não tem como não se identificar.

Assistir vídeo no YouTube

HM: Aproveitando, como foi a gravação do vídeo?

FT: Bem, ele foi gravado durante o carnaval de 2012 nas vielas e numa casa da Lapa pela produtora Metal Works...

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PA: ...foi super divertido, mas foi elaborado em cima da hora! Decidimos no momento da gravação como representaríamos um traidor. Por não termos nos programado, apenas fizemos o trivial! Além disso, acabou ocorrendo uma coincidência: o bandido representado no clipe usa a camiseta do Brasil, mas nem reparamos isso! Só fomos perceber depois que recebemos críticas após o lançamento do vídeo. Pedimos para os atores irem com roupas velhas e o Junior (ator) foi com uma camiseta de um açougue que, por acaso, era uma camiseta baseada na da seleção brasileira. Apenas na hora da gravação decidimos quem seria o bandido. No fim, nem notamos essa gafe!

HM: O primeiro registro da Nervosa (a demo) foi anunciada para março, contudo ela ainda não foi lançada. O que causou este atraso?

PA: Algumas propostas foram feitas e estávamos e ainda estamos negociando. Em breve soltaremos uma nota com explicações e novidades. Bem, assim esperamos.

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FT: A demo terá três músicas gravadas - "Masked Betrayer", "Invisible Opression" e "Time of Death" -, canal por canal, no estúdio Mr. Som, em São Paulo. As faixas foram produzidas pelo Marcelo Pompeu e mixadas/masterizada pelo Heros Trench (ambos do integrantes do Korzus). Estávamos esperando uma resposta da Napalm Records - gravadora austríaca especializada em heavy metal -, pois não sabíamos se eles iam lançar a demo. Bem, não iria valer a pena porque a demo tem apenas três faixas e o custo seria 15 reais, ou seja, ninguém iria comprar! No Brasil, preferimos lançar a demo de forma independente e no fim do ano, pretendemos realizar um álbum de forma exclusiva pela Napalm.

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PA: Ah, um detalhe que não foi falado: o nosso clipe estará na demo!

HM: No rock n' roll, de uma forma geral, uma banda formada apenas por mulheres é algo bem raro. Imagino que reunir, especificamente, garotas com o mesmo interesse musical - no caso, o thrash metal - torna essa 'missão' ainda mais complicada. Levando isso em consideração, quais foram as maiores dificuldades para a Nervosa chegar na formação atual?

FT: Bom, eu levei 20 anos pra encontrar a Fernanda Lira e a Prika. Acho que essa resposta já diz o quanto foi difícil realizar a Nervosa e o quanto estou feliz por ter conseguido. No começo tudo que eu queria era ter uma banda só de garotas. Até achar a primeira interessada foi complicado, e ainda passei todos esses anos procurei meninas que quisessem fazer um som mais pesado. Só em 2010 achei a Prika; um pouco depois, a Fe.

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PA: Para mim, a dificuldade foi demorar mais de 12 anos até conseguir isso. Aliás, eu já tinha desistido - só animei quando conheci a Fernanda Terra. Prometemos a nós mesmas que seria a última vez que tentaríamos formar uma banda só de mulheres. Bem, até encontramos garotas que tocam bem, mas algumas não querem levar a sério ou não sabem compor músicas próprias... só querem tocar cover, aí não rola.

HM: Algumas pessoas tem estranhado a rápida ascensão da banda dizendo que a música fica em segundo plano, e vocês tem chamado mais atenção por serem... garotas. Como vocês lidam com críticas desse tipo? Vou além, como tem sido a receptividade e tratamento da galera nos shows?

FT: Ah, uma coisa que eu já aprendi é não encanar com essas coisas. Os shows têm sido o máximo por causa do público, principalmente. Por conta disso, procuro não me preocupar com os invejosos ou com quem não entendeu nossa música.

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PA: Preconceito existe, mas eu vejo o lado positivo, pois chamamos a atenção e isso, talvez, desperte a vontade de ouvir nosso som pra saber como é. Qualquer crítica que fazem pra gente é positiva, pois tem uma galera que defende muito a banda. Todas essas pessoas que acham que pagamos para tocar - ou qualquer coisa do tipo -, estão enganadas. No fim, todas essas acusações mentirosas, de certa forma, nos ajudam, pois causam uma polêmica e quem gosta da nossa música se movimenta pra defender a gente. Isso mantém a nossa audiência. É algo não proposital que, de certa forma, acontece de forma natural e acho legal..

FT: Tem muita muita garota que curte nosso som e fala pra gente que estava faltando uma banda como a nossa - eu fico bem feliz com tudo isso; foi o que sempre busquei. Sendo vaidosa ou não, no fundo o que conta mesmo é a música.

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HM: Voltando ao som da Nervosa... Do pouco que pode ser escutado ele mostra, basicamente, influências de thrash metal aliado ao hardcore e, em menor escala, o death metal. Vocês tem pretensão de, no futuro, ir além a esses gêneros - seja em uma faixa ou apenas em um álbum -, ou a proposta da banda já está selada?

FT: O som saiu natural assim, não forçamos em nada. Acredito que todas as músicas sigam sempre nessa pegada mesmo.

PA: Particularmente, gostaria de inserir algumas coisas, mas como um tempero apenas; a essência sempre será o thrash metal. Temos muito trabalho pela frente, novas músicas estão sendo feitas e temos muitas ideias, principalmente agora que entra a influência da Fernanda Lira, pois antes dela entrar as músicas já haviam sido compostas por mim e pela Fernanda Terra (baterista). A Fernanda Lira contribuiu compondo as letras para "Invisible Opression" e, como já dito antes, "Masked Betrayer".

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HM: O português se encaixa bem nas composições da Nervosa ou fica restrito apenas ao nome do grupo?

FT: Queremos tentar tocar pelo mundo todo e a linguagem universal é o inglês. Levando em consideração que temos uma professora de inglês no vocal com pronúncia perfeita (Fernanda Lira)... não tem motivos de não ser em inglês. Prefiro que o mundo entenda nossa letra. Mas, temos uma música em português ("Urânio em Nós") e acho legal manter, pelo menos essa, pois acaba ficando exótico. Não vejo a hora de ouvir os gringos cantando "urânio em nós, urânio em nós" (risos).

PA: O português é ótimo para o punk e o hardcore, porém para o thrash ele soa um pouco estranho pra mim. Mas é legal experimentar e, por isso, ainda temos uma música em português. Nosso objetivo é que todos saibam do que estamos falando, então tem que ser em inglês. Ainda tem um outro fator: não seríamos tão reconhecidas agora se cantássemos em português, acho.

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HM: Bandas formadas apenas por garotas no rock pesado já existem um bom tempo, vide o Gilrschool e o Vixen. Porém, mesmo com o passar do tempo, a presença feminina em bandas é, proporcionalmente a masculina, pequena. Como vocês veem a contribuição das mulheres para no metal e rock?

FT: Em cima do palco, contribuiu pouco, né? Até hoje, temos poucas bandas, mas muitas gostam de verdade do som e comparecem aos shows. Acho bem importante, pois isso faz a cena não morrer. Hoje em dias as pessoas são muito cômodas, não querem sair muito de casa e acabam acompanhando tudo pelo computador. Para mim, isso é ser um pseudoheadbanger, pseudorocker, pseudo o que for. Nos nossos shows, existem muitas garotas que se identificam com a gente. Acho isso muito legal, e espero que a gente inspire o surgimento de outras bandas!

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PA: Esse cenário está mudando e está cada vez mais misto. Mas isso não rola só na música, a mulher está conquistando o seu espaço aos poucos em vários aspectos profissionais, como por exemplo, você não via muitas mulheres dirigindo ônibus, ou sendo presidente, mas aos poucos isso está aumentando. Essa é a tendência...

HM: Para encerrar... E a Nervosa? O que vocês podem oferecer para esse segmento?

FT: Músicas verdadeiras, feitas com muita vontade! Espero que a gente inspire muita mulher a começar a tocar ou pelo menos começar a gostar de música.

PA: Podemos oferecer apoio e incentivo. Enfim, mostrar que é possível conquistar reconhecimento, não importa se somos mulheres ou não, se somos bonitas ou não.

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Para ler a entrevista na íntegra, acesse:

http://hangover-music.blogspot.com.br/2012/08/entrevista-nervosa-pretendendo-inspirar.html#more

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Sobre Thiago Pimentel

Tenta, desde meados de 2010, escrever textos que abordem as vertentes da mais peculiar - em seu ponto de vista - manifestação artística do ser humano, a música. Para tal, criou o blog Hangover-Music e contribui no Whiplash.Net. Além disso, é estudante de jornalismo, guitarrista e acredita que se algum dia o Deus metal existira, ele morreu em 13/12/2001.
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