Kappa Crucis: paixão incondicional pelo rock setentista
Por Ben Ami Scopinho
Postado em 04 de dezembro de 2009
Ainda que a tendência atual seja tantos grupos investindo em sonoridades modernas, cada vez mais técnicas e extremas, sempre existirão aqueles músicos que não abrem mão da boa e velha simplicidade no momento de compor. Natural de Apiaí (SP), o Kappa Crucis já vinha atraindo a atenção da crítica com a sonoridade retrô de suas demos, e agora está estreando com "Jewel Box", um disco que, como não poderia deixar de ser, é totalmente fincado nas origens do Rock Pesado.
E todo esse saudoso clima sententista induziu o Whiplash! a conversar com os fundadores G. Fischer (voz e guitarra) e F. Dória (bateria), sendo que o Kappa Crucis tem sua formação completa com R. Tramontin (baixo) e A. Stefanovitch (teclados). Confira os detalhes de "Jewel Box" a seguir.
Whiplash!: Olá pessoal! Vocês acabaram de liberar seu primeiro disco. Que tal uma breve biografia do Kappa Crucis - aliás, qual o significado deste curioso nome?
F. Dória: Salve! É um prazer falar com vocês do Whiplash!. A banda Kappa Crucis iniciou seus trabalhos nos anos 90 e logo de início começou a compor. Paralelamente, fazíamos algumas versões para clássicos do rock. Com o tempo, o trabalho próprio se tornou prioridade. Sobre o nome, Kappa Crucis é um aglomerado de estrelas que serviu de inspiração para nós, pelo que é, pela forma como é visto, etc.
G. Fischer: Olá! O aglomerado Kappa Crucis é quase imperceptível. Para notar toda sua plenitude é preciso olhar com atenção especial. Achamos que o conceito do nome tem tudo a ver com o que a banda representa.
Whiplash!: Caras, "Jewel Box" possui grande carisma. Qual a preocupação com a linguagem, com o estilo? O Kappa Crucis persegue um modelo, concretamente, no momento de compor?
F. Dória: Obrigado pelas palavras. Na verdade não temos preocupação com linguagem e estilo. Nosso trabalho é feito de forma natural. Claro que nos preocupamos em ter uma sensibilidade em perceber se o trabalho está sendo desenvolvido com a nossa cara. Compomos e vamos arranjando com várias idéias até concluir o trabalho.
G. Fischer: Sem dúvida nossas músicas são, em parte, o reflexo de nossas influências, mas nunca seguimos parâmetros pré-estabelecidos. Tentamos ser o mais original possível, sem forçar a barra e fiéis a nós mesmos.
Whiplash!: O Kappa Crucis enfrentou com alguma frequência de mudanças em sua formação. Em função disso, o quanto sua sonoridade se desenvolveu entre as demos e o álbum "Jewel Box"?
F. Dória: Eu e G. Fischer estamos desde o início e criamos certa coluna vertebral. Após a entrada de Tramontin lapidamos as idéias e deixamos ele livre para apresentar as dele. Por último, A. Stefanovitch completou o time com o teclado, um instrumento que sempre idealizamos para a banda.
Whiplash!: "Jewel Box" foi gravado no Ger Som Estúdio em Itapeva, mas vocês optaram por masterizar na cidade norte-americana de Fort Myers, Flórida. Por que essa decisão, e como chegaram à Joubert Depétris?
F. Dória: O Ger Som Estúdio foi o ideal pela proximidade com nossa cidade base, além da amizade que acabamos afinando com o dono, que desde o início demonstrou estar disposto a cooperar em muito com nosso álbum. Quanto à Joubert, trata-se de um irmão nosso que fez parte da banda, tendo tocado guitarra no passado. Nada melhor que concluir o trabalho com uma pessoa que, além da técnica, entende o espírito da banda, o que acaba se tornando o fundamental e principal.
G. Fischer: Joubert Depétris foi o cara certo, no momento certo, sem contar que sempre o consideramos membro da Família Kappa Crucis.
Whiplash!: Como é tocar um Hard Rock tão apegado às raízes em uma cidade como Apiaí, que é relativamente afastada dos grandes centros urbanos? Há festivais pela região?
F. Dória: Na verdade, escolhemos ficar por aqui por opções pessoais. É um lugar bom de se viver. Temos a banda por puro prazer e sentimento e não vemos a necessidade de morar em grandes centros. Temos um festival aqui, o Apiaí Classic Rock, que já teve boas bandas se apresentando. Nos apresentamos cerca de uma vez por ano por aqui. Não nos apresentamos direto, pois fica sem sentido, além de se tornar maçante para o público.
G. Fischer: Sempre priorizamos a qualidade de vida individual da cada um. O fato de morarmos no interior só tem contribuído no que diz respeito à fidelidade e à integridade da banda. Se morássemos nos grandes centros, talvez a banda nem existisse.
Whiplash!: Não são muitas as bandas desse Brasil que se prontifiquem a lançar um disco autoral com uma proposta tão retrô como "Jewel Box". Há possibilidades de este trabalho ser liberado por algum selo?
F. Dória: Realmente, há poucas bandas no estilo. No momento estamos trabalhando totalmente independentes, mas abertos a conversas.
G. Fischer: Hoje, ou se toca Heavy Extremo ou se toca Heavy Melódico Ultra Virtuoso para ser notado. Pelo menos é o que parece e obviamente a mídia divulga mais aquilo que está em evidência.
Whiplash!: É fato que o público brasileiro não demonstre muito interesse pelas novas bandas, em especial as de seu próprio país. E observei que a resenha de "Jewel Box", publicada no próprio Whiplash!, não obteve muitos acessos. Vocês acreditam que existe alguma relação entre a publicidade, o marketing e a aceitação de um novo disco?
F. Dória: Isso tem sido um problema. A maioria se interessa por bandas de um certo nome. Acabo percebendo isso ao conversar com as pessoas e muitas normalmente não mencionam bandas novas no sentido de trabalhos ainda não reconhecidos. Essa febre de bandas covers atrapalha também, pois a garotada acaba pensando que a cena se resume a isso e às bandas consagradas. Isso tudo acaba sendo uma farsa. Mesmo que se trabalhe em publicidade, talvez os objetivos não sejam atingidos. Na verdade, o momento necessita de uma conscientização geral, de público, bandas, promotores de eventos, donos de bares, etc. Do contrário, daqui dez anos, não existirão mais bandas, à não ser as antigas.
Whiplash!: Ainda assim, conheço muitos adolescentes que realmente apreciam os primórdios do Rock´n´Roll. A que vocês atribuem essa longevidade, onde as mais variadas gerações abraçam essa linha musical setentista com tanto ardor?
G. Fischer: Nos anos 70 e 80, a música parecia feita com mais sentimento e criatividade. Talvez por isso esse tipo de som transcenda ao tempo ou às modas. E muitas pessoas já estão percebendo isso.
F. Dória: É simples. O momento mais mágico, significativo e potente do rock foi entre o fim dos anos 60 e o início dos 80. As bandas e suas músicas daqueles períodos se tornaram clássicas, imunes ao passar do tempo.
Whiplash!: Considerando o apego da banda com as raízes do Rock Pesado, qual a relação com toda a ramificação que o gênero passou a ter a partir de meados dos anos 80?
F. Dória: Gostamos de Heavy, Hard, Classic, Progressive, Southern, etc. Tem muita gente dessa nova ramificação que você mencionou que nem sabe de onde é a raiz de tudo. Na verdade, se o som tem tempero dos 70, é bom. Mesmo que seja um som mais contemporâneo.
Whiplash!: Ok, pessoal! O Whiplash! agradece pela entrevista desejando boa sorte à carreira do Kappa Crucis. O espaço é de vocês!
F. Dória: Muito obrigado a você, Ben, e ao Whiplash! pelo espaço concedido. Vamos todos nos conscientizar em relação às atitudes e posturas que realmente continuem fazendo o rock grande. Muita paz e rock’roll no coração de todos. Salve o verdadeiro e clássico rock pesado!
G. Fischer: Fiquem com Deus pessoal do Whiplash!. Muita paz e rock´n´roll para todo o mundo!
Contato:
http://www.kappacrucisband.com
http://www.myspace.com/kappacrucis
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