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Timo Tolkki: "Eu estou muito feliz com o disco! Realmente feliz!"

Por Mauro Barreto e Carlos Eduardo Corrales
Fonte: Delfos
Postado em 25 de agosto de 2009

Com muita honra apresento minha segunda entrevista musical feita aqui pelo DELFOS. A convite do Ditador Supremo Corrales, entrevistei por telefone aquele que aparece ensanguentado na Internet, aquele que toma banho de pipi ao vivo na frente de seus fãs, mas também aquele responsável por frenéticos solos de guitarra e por 95% das composições (segundo ele mesmo) de uma certa banda de Metal chamada Stratovarius. Sim, estou falando de Timo Tolkki.

Entrevista concedida para o site DELFOS.
Perguntas por Mauro Barreto e Carlos Eduardo Corrales.
Introdução, condução e tradução por Mauro Barreto.

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Leia a segunda parte da entrevista no link abaixo.

No entanto, como foi uma entrevista feita a convite da gravadora de sua nova banda, Revolution Renaissance, a pauta deveria focar – pelo menos a princípio – o lançamento do segundo disco da banda, sendo este o primeiro a trazer a formação definitiva que inclui dois brasileiros. E é sobre isso que vocês vão ler na primeira parte da entrevista, para somente em seguida conferir um pouco sobre a "novela Stratovarius", com a opinião do próprio Timóteo Tolkien sobre todo aquele barraco que antecedeu sua saída da banda, além de outras perguntas sobre assuntos "extra-curriculares" no final.

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A entrevista seria realizada por telefone, sendo que eu que teria que telefonar para um número da Finlândia, onde mora o guitarrista. Antes de entrar em pânico com a conta telefônica monstruosa que eu teria, coloquei alguns merréis em créditos no Skype, o que me seria muito útil, pois, além de economizar bastante, poderia gravar diretamente para o computador todo o áudio da ligação. Após alguma pesquisa, em parceria com Corrales, concluí a pauta da entrevista, e estava tudo pronto. Ah, claro, ouvi os dois álbuns do Revolution Renaissance também, pois confesso que nem sabia da existência da banda.

Não sou um headbanger, mas também não me defino como sendo fanático por nenhum gênero musical. Adoro Rock, de diversas vertentes, mas também gosto de outros estilos, como Blues, Jazz e também algo de música Pop. Nem por isso deixei de ficar um pouco nervoso nos momentos que antecederam o que deveria ser o início da entrevista, afinal o músico mais famoso que eu já havia entrevistado era alguém "de casa": Kiko Loureiro. Mas tudo bem, pauta em mãos, headset na cabeça, softwares a postos, chega o horário marcado, vamos ligar.

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Qual foi minha surpresa ao me deparar com uma mensagem em finlandês dizendo algo que eu, obviamente, não entendia. Em seguida, a mesma gravação dizia em inglês: "((This number is temporarily unavailable))". Acompanhando o idioma estrangeiro, me veio nada mais do que a seguinte frase à mente: "((What the fuck))!?". Sim, como autêntico pessimista, logo pensei que podia estar fazendo alguma coisa errada, talvez com o manuseio do Skype ou com algum número digitado errado. Após conferir alguns tutoriais de como fazer ligações internacionais, tive certeza que o problema não era comigo. E agora?

Tudo o que pude fazer foi tentar e tentar novamente durante a próxima meia-hora – período este que deveria ser o total de duração da entrevista. Finalmente me sentindo derrotado, enviei um e-mail para a assessora de imprensa da gravadora, que me respondeu em alguns minutos, dizendo que havia ocorrido algum problema com o Tolkki, e que teríamos que remarcar a entrevista. Menos mal, não fosse o ligeiro pânico pelo qual passei. Será que o Tolkki simplesmente se esqueceu da entrevista? Mistérios...

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Mas não adianta chorar o leite derramado, não é? Passados alguns dias, assim como diz a música do Whitesnake, lá fui eu de novo. Eu sinceramente estava esperando alguém mal humorado e dando a entrevista de má vontade, confesso. Além do episódio da ligação não-atendida, o visual "gordinho finlandês camisa preta" do entrevistado também não contribuía muito para a minha expectativa, mas me surpreendi: Timo Tolkki foi bastante acessível e simpático, falando abertamente sobre todos os assuntos, até os mais delicados. A entrevista correu bem, assim como a gravação da mesma (algo que estava me deixando preocupado, afinal sou do tipo que não confia nem na própria sombra, quanto mais em computadores).

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Finalizo então esse blá-blá-blá todo (também conhecido como "introdução") agradecendo ao Corrales pelo convite e desejando a você, delfonauta, uma boa leitura. Ah, e não é tarde para dizer que vale a pena conferir o disco novo do Revolution Renaissance. Mesmo eu que não sou fanático pelo gênero gostei bastante. Agora vamos à entrevista:

Oi, Timo. Tudo bem?

Sim, eu estou bem.

Vamos começar falando sobre o Revolution Renaissance. Você gravou o primeiro álbum rapidamente após sua saída do Stratovarius, com músicos de renome convidados, como Michael Kiske e Tobias Sammet. Qual era a sua meta ao elaborar o novo projeto?

Bem, as músicas do primeiro álbum desse projeto eu havia escrito para o Stratovarius em 2006. Depois que deixei a banda eu levei minhas músicas comigo, é claro. Eu queria fazer um disco bem legal de power metal, mas, como eu não tinha uma banda naquela época – e eu também não sabia se queria ter uma banda novamente – eu chamei alguns amigos para gravar o álbum.

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Como foi trabalhar em um álbum com Michael Kiske, Tobias Sammet e Pasi Rantanen nos vocais, com você estando no comando?

É, quando você grava com alguém como Michael Kiske, você tem que levar em consideração o seu status como cantor de fama mundial. Ele sabe o que quer, e você não precisa dizer a esses caras o que fazer, porque eles já sabem. Então eu fiquei muito feliz por Michael ter aceitado cantar no álbum, porque, assim como todo mundo, eu amo sua voz, eu acho que é a voz do power metal. Todo mundo conhece ele do Helloween, ele tem uma voz mágica, então eu fiquei muito feliz por ele ter cantado no álbum.

Você não chegou a considerar a idéia de cantar no Revolution Renaissance?

Não, eu nunca me considerei um cantor. No Stratovarius, eu só comecei a cantar porque estávamos sem um cantor. Então eu nunca pensei em cantar neste novo projeto.

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Musicalmente, qual sua proposta com o Revolution Reinassance, quando comparado ao Stratovarius? Havia algo novo que você queria demonstrar?

Não havia nada para mostrar, eu nunca quis mostrar nada para ninguém quando o assunto é música, porque a música é uma maneira de eu me expressar. Então não é como se eu precisasse mostrar alguma coisa nova para as pessoas, mas simplesmente uma forma de expressão.

Qual a explicação para o nome do projeto?

A idéia na verdade surgiu quando eu estava ainda na gravadora Frontiers. Foi uma sugestão do dono da gravadora, e eu achei um nome bem legal. Ele traz algo de antigo e algo de novo, o que me fez gostar muito.

Como foi o processo de gravação do primeiro álbum?

Foi uma experiência revigorante, porque os meus quatro últimos anos no Stratovarius não foram tão criativos, com todas as brigas e tudo mais. Quando fui gravar o primeiro álbum do Revolution Renaissance, o sentimento era de estar me divertindo pela primeira vez em anos em um estúdio. Durante esse processo, eu resolvi que queria ter uma banda novamente e comecei a procurar por integrantes. Foi uma experiência muito boa.

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Certo, e agora você está com a banda totalmente formada, com os brasileiros Bruno Agra (bateria) e Gus Monsanto (vocal). Como você os descobriu?

Bom, eu pensei sobre o que fazer e decidi usar o MySpace. Então eu coloquei um anúncio na minha página dizendo que eu estava procurando por músicos e recebi gravações de cerca de duas mil pessoas. Então eu fiquei tipo... Uau! (risos) Sabe? Eu recebi gravações de todo lugar... Muitas da América do Sul, muitas dos Estados Unidos, de todo lugar.

E por que você resolveu escolher o Bruno e o Gus? O que eles tinham de especial?

Antes de tudo, Bruno e Gus são caras muito legais. Suas personalidades são muito legais. Eu sou escandinavo, então eu fui criado nesse clima de trevas daqui (risos). Ter dois brasileiros na banda é ótimo para mim. E, é claro, eu estava procurando por algo mais cru do que o Koltipelto era. Eu queria um vocalista que pudesse cantar com uma voz mais "rock", mais agressiva. Eu estou muito feliz com eles.

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Eles participaram da composição de músicas para o novo álbum?

Sim, nós fizemos o disco todo juntos. Foi a primeira vez que fiz algo assim.

O que levou você a trabalhar com parceiros na composição desta vez?

Eu pensei "é uma nova banda", então eu queria mudar praticamente tudo no processo. Então eu também tive um co-produtor, algo que eu nunca tive antes, e comecei a compor com os caras, criando algo como um "sentimento de banda". Bruno e Gus já tinham feito músicas juntos antes, mas para mim essa foi a primeira vez. Então foi meio estranho para mim, mas eu realmente gostei, sabe?

Certo. Qual o conceito por trás do álbum Age of Aquarius?

Não há conceito. É uma coleção de músicas, e não um álbum conceitual. "Age of Aquarius" pode significar muitas coisas, pode ser algo espiritual ou um monte de outras coisas, sabe? Mas é basicamente uma coleção de músicas.

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Sabemos que Bruno Agra estava em uma banda chamada Aquaria antes de integrar o Revolution Reinassance. Há alguma relação aí?

Não, não há relação. A Era de Aquário é um conceito astrológico muito comum.

Quem escreveu as letras do álbum?

Nós todos escrevemos juntos, mas principalmente eu e Gus. Algumas letras eu escrevi sozinho, mas a maioria fomos mesmo eu e Gus.

O álbum está dividido em três partes: a primeira com músicas mais "melódicas", digamos assim, e a segunda parte que representa a ponte com Behind The Mask e Ghost of Fallen Grace, finalizando com três faixas de clima mais obscuro. Essa organização foi proposital?

Isso foi tudo muito bem pensado. Eu planejei a ordem das músicas e realmente há três partes. O significado astrológico da Era de Aquário conta que a humanidade passa por um período obscuro até que encontre a luz, e isso pode ser uma referência para este álbum, pois termina com uma música chamada Into the Future.

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Em Behind The Mask, faixa composta por Bruno e Gus, percebemos realmente uma certa agressividade maior. Como surgiu a idéia de incluir essa faixa, considerando que é a única na qual você não tem autoria?

Quando estávamos com todas as músicas prontas, eles apareceram com mais essa, dizendo que queriam uma música mais rápida e pesada no disco. Então eles tocaram a música para mim, dizendo que eles a trouxeram de um projeto anterior. Eu gostei porque era muito diferente do que eu já tinha feito, então nós rearranjamos e gravamos a música. Eu realmente gostei dela, pois combina muito bem com o álbum, então por esse motivo ela conquistou um lugar nele.

A influência de música celta na última faixa, Into the Future, é evidente. Como surgiu essa inspiração? Era algo que você já tinha vontade de fazer?

Sabe, quando eu componho uma música... quando NÓS compomos uma música, ela sempre diz o que precisa. A melodia era muito celta, então nós levamos alguns instrumentos celtas para lá e coisas assim. Foi muito natural.

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Pessoalmente, você prefere este álbum com relação ao anterior?

Eu prefiro este álbum, pois ele é realmente como um "álbum de banda". Eu não gosto muito de álbuns de projetos, eu realmente gosto de ter uma banda, e foi o esforço da banda trabalhando duro que funcionou no final. Eu estou muito feliz com o disco, sabe? Realmente feliz.

Antes do lançamento do Age of Aquarius, você lançou um álbum solo intitulado Saana – Warrior of Light Part 1, que seria a primeira parte de uma ópera metal. Qual o conceito por trás desse disco, e o que você tem planejado para as continuações?

Bom, não é uma ópera metal. Eu não sei de onde veio isso. Os meus álbuns solo sempre soam diferentes do que eu faço em minha banda principal.

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Então você não descreve o álbum como uma ópera metal?

Não é uma opera metal, porque, antes de tudo, não há guitarras (risos). Eu não sei como alguém pode dizer que um álbum sem guitarras é uma ópera metal, é difícil de acreditar. Eu lancei outro álbum, Hymn to Life, em 2002, e é diferente dele também. É uma música mais cinemática, um estilo totalmente diferente. É um disco muito espiritual, algo diferente. Eu não vejo sentido em gravar coisas parecidas com o que eu faço em minha banda principal ao lançar um disco solo.

No álbum você conta uma história...

É. Há uma história que eu escrevi antes de começar a compor. São cerca de 200 páginas, como um livro, e a partir disso eu comecei a compor.

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Então você já tem a história toda escrita e só precisa continuar a compor as músicas?

Sim, a história está feita, e eu farei as demais músicas quando chegar o momento certo, quando eu tiver tempo. Mas eu não acho que deva levar mais que três anos.

Com isso você tem três projetos pós-Stratovarius: Revolution Renaissance, Saana e Project Strato. Como você divide o seu tempo entre esses três projetos?

Bem, Saana foi feito há mais de dois anos. Já é coisa antiga. O primeiro álbum do Revolution Renaissance saiu há cerca de um ano e meio. Há um espaço de tempo entre as gravações.

Então você não os considera como sendo projetos paralelos?

É isso. Eles foram feitos em épocas totalmente distintas.

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Você simplesmente gosta de fazer coisas diferentes, certo?

É, música é a minha vida, então é tudo que eu faço. Quando eu acordo pela manhã, eu vou para o meu estúdio e faço música. Essa é a minha vida, e é por isso que eu estou aqui. Eu tenho diferentes inspirações e nunca sei o que vem a seguir.

Você havia confirmado que viria tocar no Brasil em setembro deste ano, mas na semana passada você divulgou uma mensagem via Blabbermouth dizendo que não tinha shows confirmados. O que aconteceu? Vocês não vêm se apresentar aqui?

Bem, nada está confirmado. A turnê está sendo agendada, e recentemente eu entrei em contato com meus velhos amigos que também produziram as primeiras três turnês do Stratovarius na América do Sul e eles me disseram que os shows serão confirmados no decorrer deste mês, e a turnê deve acontecer no meio de setembro.

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Então vocês provavelmente virão se apresentar no Brasil?

É, parece que sim. O Brasil é muito legal, e estamos ansiosos para isso.

Leia a segunda parte da entrevista no link abaixo.

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