Max, sobre Sepultura: "tudo tem seu momento certo"
Por Cristina Sturm
Fonte: Blabbermouth
Postado em 17 de abril de 2008
Peter Atkinson, do site KNAC.COM, conduziu uma entrevista com o frontman do SOULFLY/CAVALERA CONSPIRACY, Max Cavalera, que falou sobre o álbum gravado com seu irmão Igor e um possível retorno do SEPULTURA.
KNAC.COM: Como tem sido a reação do público [ao CAVALERA CONSPIRACY]?
Max: "Até agora, tem sido muito boa, muito positiva. As pessoas realmente gostaram do disco, eles gostam do fato de ser um álbum totalmente Metal e de eu e o Iggor estarmos tocando juntos. Está sendo muito divertido. Há muita excitação e interesse, não apenas dos fãs, mas de todos os lados".
"Está sendo meio louco. Família ligando, outras pessoas com que estive em turnê. Eu estava em turnê com o MEGADETH e o Dave [Mustaine] estava dizendo que achou muito legal eu voltar a conversar com o Igor. Então eu acho que está legal, isso mostra que houve um grande impacto, e eu acho que a maioria das pessoas está feliz por estarmos juntos após dez anos sem nos falarmos. E a briga com o SEPULTURA e toda aquela besteira ficou pra trás, o futuro é pra onde olhamos agora. Estou definitivamente ansioso, porque os fãs estão atrás de nós prontos para ouvir o disco e nos ver em turnê. E é por isso que estou aqui".
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KNAC.COM: E o fato do álbum ser tão pesado e brutal quanto é está melhorando as coisas.
Max: "Eu gosto do álbum porque ele é curto (risos). Ele me lembra dos discos antigos do VAN HALEN, ou "Reign In Blood" do SLAYER. As pessoas que me conhecem sabem que meus álbuns tendem a ser bem longos. E eu seria o primeiro a admitir, meus álbums são quase impossíveis de serem ouvidos todos de uma vez, a coisa toda, mesmo eu não consigo muitas vezes. Os discos do SOULFLY, eles são como bíblias, são muito longos e com muita energia. Então eu realmente gosto do fato de que o álbum CONSPIRACY tem apenas onze músicas, e elas terminam bem rápido. Mas eu acho que o sentimento no final é de querer mais, sabe. Não é tão cansativo. É simples, vai direto ao ponto. Não tem enrolação, é um chute no seu rosto, e não deixa você sair até que tenha acabado. Estou contente. Foi muito legal gravar um disco como esse".
KNAC.COM: Quando ele saiu do SEPULTURA, Igor disse que era por causa da "incompatibilidade musical". Ele quis dizer que estava desiludido em tocar as músicas da banda ou com o Metal em geral?
Max: "As duas coisas, provavelmente. Primeiro, na minha cabeça eu pensava 'OK, ele saiu da banda e não está mais tocando bateria', mas eu também ficava pensando 'Hmmm, se tocarmos juntos ele vai voltar, eu o conheço. E se ele não quiser, então estarei errado e aceitarei, mas vou tentar'. E foi isso que eu fiz".
"E por isso foi tão importante tocar 'Roots' ao vivo com ele - Tocar aquela música ao vivo em Phoenix, na frente de todos aqueles fãs sem nenhum aviso, foi uma visão clara de que 'sim, pra mim não restavam dúvidas de que deveríamos continuar a fazer música juntos'. Você tem que ser completamente insano pra fazer algo como aquilo e depois partir dizendo, 'não, não sinto mais vontade de tocar aquela música'. Aquilo foi muito forte".
KNAC.COM: Agora vocês estimularam o apetite das pessoas ao tocar juntos. E se você não tivesse seguido em frente, estariam todos zangados?
Max: "(risos) Eu sei. Mas sabe, não foi por isso que fizemos isto, fizemos por nós mesmos. Pode soar egoísta, mas é a verdade. Era algo que tínhamos que fazer por nós mesmos e tirar tudo de nossas idéias".
"E não se trata de um álbum triste sobre mim e ele, sobre tudo o que aconteceu, eu bloqueei tudo aquilo. Eu não sou o tipo de cara que aparece só pra falar besteira. O que aconteceu, aconteceu, está feito. Há uma certa raiva saindo, mas ela está nos riffs e na música mais do que qualquer outra coisa. Mas, existem muitos sentimentos que brotam por não termos nos visto definitivamente um ao outro e por todo o rolo que passamos".
"Então o disco, na verdade, é uma grande liberação de sentimentos de nossa parte, como uma terapia. Foi como se este fosse o álbum que nós queriamos fazer, esta é a música que eu quero tocar agora, e ele sentiu a mesma coisa".
KNAC.COM: É definitivamente explosivo.
Max: "Eu estava esperando pelo momento certo, e nós estávamos em boa companhia. Marc queria ir mais rápido, a mil milhas por hora em todas as músicas, o que é bom, isso sempre ajuda, embora eu tivesse que diminuir a sua velocidade às vezes (risos). E Joe do GOJIRA, é um grande fã nosso, e uma pessoa de mente bem aberta. Ele vem da nova geração do Metal, eu posso ver sua influência do SEPULTURA e MORBID ANGEL, mas com uma característica própria tanto quando toca quanto nos vocais. É um time bom, e acho que isso ajuda".
"Às vezes, bandas, ou projetos como este, eles não dão certo porque eles têm a química errada, você pode ter ótimos músicos mas algo não tão bom vêm deles. Mas o nosso projeto deu certo desde a primeira vez em que tocamos juntos, Todos se sentiram conectados e nós nunca paramos, da primeira até a última música".
KNAC.COM: "Eu tenho certeza de que todos devem estar te perguntando isto, mas agora que está tocando com o Igor novamente, você estaria interessado numa reunião com o SEPULTURA, ou isto é o suficiente pra você, apenas tocar numa banda com seu irmão, não importa qual seja?"
Max: "É muito bom voltar a tocar com ele e esse disco significa muito, foi muito muito bom fazê-lo, mas todos sabem que eu também amo o SEPULTURA e, e eu acho que é uma banda muito importante e influente, mas não sei. É mais complicado. Eu e o Igor foi fácil, nós nos conhecemos e sabíamos do que poderíamos fazer. Mas quando você envolve mais pessoas, isso se torna um problema. Mas eu nunca digo nunca, sou o tipo de cara, acredito que um dia vai acontecer, sem dúvida".
"Na verdade, eu disse a muitas pessoas que gostaria de convidar alguns dos membros antigos também, os caras da época do 'Morbid Visions', os caras do Death Metal, como o Jairo [Guedez, guitarra]. Pra mim, seria ótimo produzir algo comunal com esses caras, e não apenas a formação 'clássica'. Eu não acho que acontecerá agora, mas deveria acontecer no futuro".
KNAC.COM: Uma retrospectiva completa como essa parece bem legal. Isso seria diferente da boa e velha turnê de reunião?
Max: Certamente seria. Nossos fãs querem isso, eu quero, meus filhos querem ver isso. Então definitivamente há um desejo de fazer, mas como eu disse, não depende só de mim. Bem, eu mantenho o que sempre afirmei, estou pronto pra fazer isso, seria sensacional. Essa é a minha posição e tem sido assim nos últimos anos, sempre que me perguntam sobre uma possível reunião da banda. Se dependesse só de mim, estaríamos tocando juntos agora, mas há outras pessoas envolvidas, então temos que esperar pelo momento certo. Mas procuro não me preocupar com isso agora, pois estou muito ocupado não só com o CONSPIRACY, mas também com o processo de composição do novo álbum do SOULFLY. É preciso ir com calma e pensar em uma coisa por vez. Pra ser sincero, se eu estivesse reunindo o SEPULTURA agora, não seria certo porque me ocuparia demais com as bandas. Não teríamos o tempo necessário pra fazer tudo como o esperado. E pra fazer uma reunião, eu tenho que me doar somente àquilo e não pensar em nada mais. Então, tudo tem sua hora".
Leia a entrevista completa (em inglês) no knac.com
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