Michael Kiske: Entrevista exclusiva com o ex-vocalista do Helloween
Postado em 20 de fevereiro de 2003
Michael Kiske nos ligou em dezembro para nos contar um pouco mais de seu novo projeto, Supared, que lançou seu primeiro álbum no dia 20 de janeiro. Nós recebemos uma cópia do álbum, enviada pela Century Media e, já sabendo que este projeto pouco ou nada tem de heavy metal em sua musicalidade, tentamos entender a visão de Michael Kiske sobre o que é ou deve ser o verdadeiro rock n´roll. Talvez não tenhamos entendido muito bem e Michael nos explicou com muita calma e simpatia todo o seu processo de criação, o que ele tem feito ultimamente e outros pormenores da bolachinha. Então, com vocês, uma das lendas vivas do metal mundial, Mr. Michael Kiske!!!!
Whiplash - Já estávamos preocupados, você está meia hora atrasado, mas tudo bem! Vamos lá! Primeiro gostaríamos de dizer que o álbum é fantástico e que realmente gostamos dele. Quando se sabe previamente de que não seria heavy metal o que escutaríamos nesse álbum é mais fácil entender o que você está tentando fazer. Diga-nos, de onde você tirou esse nome? SupaRed! O que ele significa exatamente?
Kiske / Ele simplesmente veio à minha cabeça, de repente, eu não pude evitar! Eu tinha alguns nomes que achava legal, mas esse é o jeito que se faz sabe? Todo dia assistindo televisão ou fazendo qualquer outra coisa você escreve algo no papel, alguns nomes de bandas. Um dos últimos nomes que me veio à mente enquanto eu escolhia o nome para a banda foi Insense, mas acabei descobrindo que já havia uma banda com este nome. E SupaRed, quando encontrei este nome, simplesmente gostei imediatamente! Ficou mais e mais forte enquanto tinha esse nome porque não era algo que soasse "metal", mas algo que poderia significar qualquer coisa. Pode ser pop, rock, qualquer coisa... Não significa nada mais que extremamente vermelho! Atrai uma certa atenção para ele. Eu apenas gostei do nome.
Whiplash - Você acabou de dizer que o nome não soa "metal", mas você nunca realmente teve a intenção de escrever um álbum "metal", estou certo?
Kiske / Exato! Eu só queria ter um nome que soasse moderno, não pude evitar. Eu apenas gosto dele.
Whiplash - Michael, todos os seus fãs sentiram muito a sua falta! Você leva muito tempo para escrever seus álbums! O que anda acontecendo com você? O que você tem feito entre um álbum e outro?
Kiske / É... eu tenho que admitir que estou desperdiçando muito tempo. Eu tenho que mudar meu modo de compor músicas, absolutamente. Leva muito tempo para eu escrever meus álbuns. Três anos entre um álbum e outro é realmente muito tempo. Não deveria levar mais do que 16 ou 24 meses, acho que este é o limite. Mas eu terei que mudar meu jeito de compor músicas e isso é algo que aprendi dos dois caras do ABBA. Eu estava assistindo um documentário chamado "The Winner Takes It All" que conta toda a história do ABBA e, seja lá o que você diga sobre o ABBA, eles compuseram e gravaram canções realmente muito boas. Os compositores também escreveram musicais muito bonitos e a maioria das pessoas nem sabe disso. Eles ficavam juntos, todos os dias, por 5 ou 6 horas tentando compor e um dos caras disse que levava de 3 a 4 semanas até que a primeira idéia realmente boa aparecesse, o que é completamente o oposto de como eu escrevo. Na maioria do tempo eu fico sentado jogando PlayStation, Gamecube ou jogos de computador e fico esperando que a inspiração venha até mim. Ok, isso não é bem verdade (risos)! Na maior parte do tempo, nos últimos 10 anos, eu estava trabalhando bastante, lendo livros e lidando com outras coisas que me interessavam muito e ainda me interessam. Foi muito importante para mim passar por tudo isso. Mas realmente ainda gasto muito tempo para escrever meus álbuns e espero ser capaz de mudar isso no futuro.
Whiplash - Como é que você escolheu os integrantes da banda?
Kiske / Bom, tudo aconteceu bem naturalmente, não houveram audições ou coisas do tipo. O baterista estava sempre tocando algumas coisas do álbum R.T.S. pois o baterista que deveria ter gravado o álbum acabou tendo alguns problemas pessoais, não teve condições de terminar o álbum por causa de problemas com a namorada, então chamamos o baterista atual para terminar o álbum e ele acabou gravando muita coisa do R.T.S.. Foi assim que o conheci. Ele na verdade conhecia todos os outros caras que fazem parte do SupaRed agora e foi assim que nos juntamos. Perguntei se ele conhecia um bom guitarrista e foi assim que conheci o Sandro. Do mesmo jeito foi com o baixista. E esse é sempre o melhor jeito de começar! Se você olhar como muitas bandas começaram, na maioria das vezes, foi desse jeito. Elas nem fazem audições. É sempre alguém que conhece alguém que conhece alguém.
Whiplash - Como você descreveria o álbum? Eu sei que você já está cansado de falar sobre o Helloween, mas você acha que os seus velhos fãs, da época do Helloween, gostarão deste álbum?
Kiske / Alguns deles sim. As pessoas que não conseguiram entender o que tenho feito depois que saí do Helloween provavelmente já perderam o interesse em mim há muito tempo atrás. Eu acho que muitas pessoas estão interessadas em apenas um tipo de música e se eu não entregá-la a eles, eles me odiarão! Mas não há nada que eu possa fazer sobre isso! A única coisa que posso fazer é a minha música. Ainda existe muita gente que gosta de mim. Nem todo fã de metal tem um horizonte tão limitado! Muitos gostam de outros tipos de música também. Isso era o que eu costumava fazer quando tinha 16, 17 anos e ao mesmo tempo que escutava Iron Maiden, Judas Priest, Black Sabbath, você sabe... todas aquelas grandes bandas de metal, escutava Barbara Streisand, música clássica, Eurythmics, U2... eu estava sempre escutando muitos tipos de música. Alguns desses fãs mais antigos tenho certeza que vão entender e, se tirarem um tempo para escutar o álbum, sei que vão gostar. Mas eu também terei que ganhar novos fãs porque não haverão milhões desses antigos, eu acho.
Whiplash - E como você descreveria o álbum, te perguntei isso primeiro mas...
Kiske / É verdade, mas para mim a melhor maneira de descrevê-lo é dizendo que ele é um álbum muito legal! Há algo de "cool" nele porque ele tem sons interessantes e maneiras interessantes de se fazer coisas. Ele tem uma certa atitude Pop mas também soa progressivo às vezes. Isso foi também uma coisa que eu descobri, algumas poucas pessoas... quero dizer, tem um cara da Warner Brothers aqui da Alemanha, com quem assinei contrato... Ele é o cara que lida com o Rock e Metal para a Warner aqui e quando ele escutou o álbum, quando fui ao edifício deles e escutamos o álbum todo, ele ficou muito empolgado e acabou dizendo uma coisa que simplesmente ficou gruadada na minha cabeça. Ele disse que há um certo "elemento Pop" no álbum, mas também há muita atitude e um som meio Punk e estranhas distorções que acabam fazendo com que ele soe bem moderno e inovador. Isso acabou grudando na minha cabeça! Eu acho que é um álbum muito legal e que é cheio de surpresas. Muita coisa aconteceu que não foi esperada no álbum. Tem muito disso ali.
Whiplash - Mas você acha que, agora que o álbum está pronto, você poderia ter feito algumas coisas de um jeito diferente ou melhor?
Kiske / Com certeza!
Whiplash - Isso sempre acontece com todo mundo, não é verdade?
Kiske / Com certeza! Eu nunca estou completamente satisfeito com um álbum. Quando ele está pronto e prestes a ser lançado, pelo menos na maioria das vezes, sinto que pelo menos 40% do álbum poderia ter saído de uma forma diferente. Mas isso é normal, isso é normal... farei diferente da próxima vez.
Whiplash - Ninguém responde não para essa pergunta! Toda vez que alguém é perguntado se mudaria algo no álbum, depois que escutou-o pronto, responde: "sim, sim, nós poderíamos ter feito algumas coisas de um jeito melhor!".
Kiske / Mas este é sempre um ótimo sinal, porque mostra que você aprendeu algo durante a produção. Não há nada melhor para aprender como escrever e produzir álbuns do que fazendo-os. Infelizmente a indústria nos dias de hoje não perdoa com muita frequência. Se você comete erros, na maioria das vezes você desaparece, ninguém te apóia mais. Nós poderemos não ter a chance de ter bandas como o U2 no futuro porque o tempo que esta banda teve para ficar tão boa quanto é hoje não é mais cedido a muitas bandas hoje em dia.
Whiplash - Você mencionou o U2 duas vezes nesta entrevista! Você os tem escutado muito ou é só impressão minha?
Kiske / U2? Eu os redescobri! Quando era mais novo costumava escutar o Joshua Tree tanto quanto escutava o Kill 'em All do Metallica. Eu amo este álbum, realmente o acho muito bom. Daí perdi o interesse neles durante o Rattle and Hum, não liguei para eles. Mas aí gostei muito do Achtung Baby e aí vieram o Zooropa e o Pop que são horríveis, muito mal compostos. Mas eles voltaram! O último DVD que lançaram me fez voltar a ser um grande fã deles! Acho que eles são a melhor banda do mundo para mim de novo. Eles têm uma química, uma mágica no palco, que é simplesmente fantástica!
Whiplash - Você tem suas favoritas no álbum do SupaRed?
Kiske / Sim, eu tenho algumas. Eu ainda acho que gosto dele todo. Existe algo que gosto em cada canção, mas tenho minhas favoritas se tratando de composição e acho que existem algumas bem originais como Let´s Be Heroes.
Whiplash - Eu gosto muito desta.
Kiske / Eu gosto de Freak Away e também acho que Hey é interessante porque tem um excelente refrão, eu gosto do equilíbrio dela. Uma que é bem americana mas que também gosto muito é a A Bit Of Her... é difícil dizer mas são essas que vieram à minha mente agora.
Whiplash - Você não mencionou a Ride On que é uma das minhas favoritas também.
Kiske / É! Essa também é uma ótima faixa mas não fiquei feliz com o jeito que os vocais foram mixados no primeiro verso, acho que ficaram em um tom muito baixo... mas isso é só bobagem técnica!
[an error occurred while processing this directive]Whiplash - Há algo que gostaríamos que você fizesse. Nós vamos dizer o nome das faixas do disco e você, em poucas palavras, diz o que acha de cada uma delas.
Kiske / Tá legal.
Whiplash - Reconsider...
Kiske / Ela é uma boa maneira de começar o álbum porque tem um riff muito legal, meio U2, e tem uma vibração muito boa também.
Whiplash - Can I Know How...
Kiske / Esta tem um som meio punk mas também tem um groove legal, tipo We Will Rock You do Queen, e achei esta mistura muito interessante. Também gosto do refrão que é meio diferente e gosto disso nela.
Whiplash - Let's Be Heroes...
Kiske / Gosto da mistura do som das guitarras desafinadas punk junto com um refrão bem Pop. Achei que isso funcionou muito bem nesta música. Basicamente a mesma coisa de FREAK AWAY que tem uma linha de guitarras legal nos versos e quando o refrão chega ela se torna bem melódica e emocional, voltando para a crueza do riff dos versos depois. Achei que foi uma boa forma de compor e funcionou.
Whiplash - He Pretends...
Kiske / O que gosto em He Pretends é que ela é esquisitona, ela é totalmente louca de certa forma, é quase como estar dopado (risos gerais)! O refrão é meio Foo Fighters.
Whiplash - Também gosto desta! Aliás, a maioria das músicas no disco tem refrãos maravilhosos, você fez um grande trabalho neste álbum pois ele não é um álbum cansativo de se escutar. Depois que você começa a escutá-lo não tem vontade de pular faixas ou tirá-lo do cd player pois não há momentos fracos no álbum (Nota do Redator: levando-se em consideração que Kiske quis fazer um álbum pop-rock, posso afirmar com convicção que este é, de fato, um dos melhores e mais gostosos álbuns de soft/pop rock que já escutei em minha vida! E olha que nem gosto de pop rock!).
[an error occurred while processing this directive]Kiske / Legal! Legal! Foi isso que tentamos fazer. Não queríamos pontos fracos e até deixamos muitas faixas de fora do álbum para ser honesto. Você pega a OVERRATED por exemplo. Ela nem deveria estar no álbum. Eu escrevi essa música porque queria ter algo acústico no álbum. Senti que algo deste tipo estava faltando e havia uma música que não tinha gostado então tirei-a, sentei e escrevi essa música e ela simplesmente funcionou! Foi algo muito engraçado.
Whiplash - Hey...
Kiske / Hey é bem legal. Gosto dela porque o verso parece Britpop (British Pop ou Pop Britânico), soa bem irônico e as letras são meio loucas. Aliás, toda a música é meio louca, tem algo de crise existencial nela. Como eu te disse, já passei por algumas situações extremas na minha vida, especialmente no que se refere a ideais e tentar fazer as coisas do meu jeito e isso acabou criando um grande buraco entre onde eu gostaria de ir e o que eu poderia fazer. Muitas pessoas adoram essa música.
Whiplash - Ride On...
Kiske / O que eu gosto de Right On é o jeito que o verso vai porque as linhas vocais são relativamente retas na verdade, enquanto os movimentos da guitarra sob as linhas vocais são bem trabalhadas e acho isso uma ótima mistura. No refrão nós voltamos para algo como o velho jeito Michael Kiske de cantar. É uma boa balada, sabe? O verso vem em um tom mais baixo e sobe no refrão... é uma canção que flui muito bem.
Whiplash - Hackneyed...
Kiske / Hackneyed é uma música que nunca pensei que sairia tão boa. A primeira vez que a gravamos foi bem mais devagar e foi produzida de uma forma pequena, numa sala peuqena, com um som de sala de ensaio e queríamos dar um tom punk e engraçado nela adicionando sons engraçados à música, mas não funcionou. Daí, um dia de manhã, eu resolvi regravá-la de uma forma grandiosa, queria que tudo soasse maior e mais rápido, queria adicionar mais guitarras e praticamente gravamos o que saiu no primeiro take. Foi tudo bem rápido e de repente ela funcionou! Dessa vez ela funcionou bem! As outras versões simplesmente não eram muito boas e eu fiquei bem surpreso com a maneira que ela saiu e isso é um dos motivos pelos quais quero fazer as coisas de uma forma diferente da próxima vez. Muitas vezes você só nota o quão boa uma música é no fim da produção, depois que ela é mixada. Músicas que eu pensava serem muito fortes acabaram nem aparecendo no álbum e músicas como Hackneyed acabaram ficando muito fortes. Acho que é melhor gravar algo como 20 músicas e produzi-las e mixá-las e então escolher quais entrarão no álbum. Se eu conseguir fazer isso da próxima vez, sei que melhorarei meu trabalho 100%.
Whiplash - That's Why...
Kiske / Essa música basicamente veio do Sandro e eu fiz algumas das linhas de vocais e as letras, claro. Trabalhamos muito nela, coisas como o tom da música e outros detalhes. As letras são sobre o que a gente já conversou. Sobre ser diferente, sobre não escalar uma montanha simplesmente porque as pessoas dizem que ela nunca foi escalada, sobre não ser um perdedor e não tentar algo só porque todos dizem ser difícil. Se eu tivesse ouvido todas as pessoas ao meu redor nunca teria me tornado um músico. As pessoas falavam: "Oh! É tão difícil! Eu te desejo o melhor! Quem sabe se você um dia vai conseguir!" e esse tipo de baboseira que sempre te para antes mesmo de você começar. As pessoas são, vamos encarar isso, medíocres quando falamos de sonhos e ideais. Elas sempre duvidam de tudo, não conseguem imaginar as coisas que são possíveis. É por isso que nosso mundo é chato desse jeito. Se as pessoas fossem mais corajosas e tentassem mais, não tendo tanto medo, sabe, de falhar ou coisa do tipo, uma monte de coisas legais aconteceria. Eu sempre fui rodeado por gente desse jeito.
Whiplash - Todos nós somos.
Kiske / Todos nós somos! E é sobre isso que as letras dessa música falam.
Whiplash - A Bit Of Her...
Kiske / Sim, essa tem a ver com uma experiência que eu tive, quer dizer, a música é bem americana. Eu tenho escutado muito da excelente, não a porcaria, música country americana. Nada daquele jeitão tradicional que é horrível. Eu gosto da Martina McBride, por exemplo. Você já ouviu falar dela?
Whiplash - Claro, claro (Nota do Redator: mentira deslavada!). Apenas nunca tive a oportunidade de ouvi-la cantar pois estive muito envolvido com o Heavy Metal ultimamente.
Kiske / Sabe o que você deveria escutar?!? Uma música chamada Whatever You Say que é de um álbum da Martina chamado Evolution. Não é o útimo álbum dela, mas o que veio antes do último, mas ele é muito bom. Ele é uma música puramente country mas com vocais fantásticos! Eu acho que ela tem a melhor voz da música country, uma voz perfeita.
Whiplash - Eu sei que existem muitos cantores excelentes por aí mas eles acabam gravando álbuns ruins, com música ruim e muita gente não perde tempo os escutando...
Kiske / Eu sei, eu sei, mas a Martina McBride tem muita coisa legal, com certeza. se você pegar um álbum com, digamos, 14 faixas, pode ter certeza que pelo menos 8 são fantásticas.
Whiplash - Ok, ok... eu vou escutá-la, mas, se não gostar, vôo para Alemanha só para te matar!
(risadas gerais)
Kiske / Eu a amo, é tudo que posso dizer. Não tudo, mas a maioria das músicas. E tem um pouco disso em A Bit Of Her. Eu sei que ela não é muito country, ela é mais rock... aliás, ela não é country, mas é muito americana! Ela tem um refrão bem americano e tem muitos outros elementos americanos nela. As letras são, talvez, sobre perder a juventude e a inocêcia que se tem nessa época. Se você olha para uma jovem ou um jovem, pode notar em suas expressões que eles ainda não passaram por muitas coisas ruins na vida, ainda existe esperança e positividade nos seus olhares. Isso é parte dela, mas ela é também uma canção de amor porque, como você deve ter notado, ela também fala de uma garota.
Whiplash - Você gosta dessa mistura de temas, não é?
Kiske / Com certeza. Se você olhar as minhas letras, elas nunca são muito precisas, nunca abordam um só tema. Elas podem significar qualquer coisa. Eu gosto de brincar com letras. Acho melhor que ter linhas de raciocínio retas nelas.
Whiplash - Overrated...
Kiske / Já falamos nesta. Eu só queria ter algo de acústico no álbum, quase ao vivo. Tornou-se uma música fantástica e é uma das favoritas da garota que mora comigo...
Whiplash - Desculpa te interromper, mas ia lhe perguntar sobre isso. Li em algum lugar que você já vivia com uma mesma garota há 10 anos...
Kiske / 14 anos, mas ela é só amiga mesmo, nós já fomos namorados mas agora só moramos juntos e somos como melhores amigos.
Whiplash - Dancer's Bug...
Kiske / Essa costumava ser uma música inteira, sabe? Tinha os versos, uma ponte, um refrão, uma parte depois do refrão e voltava para os versos. Só que eu simplesmente odiei o refrão e decidi que não a usaria mais para este disco. Então pensei: "mas o verso é tão legal e a ponte também"! Decidi cortar tudo que não gostava da música e depois colá-la de novo e é isso que ela é agora. Eu queria que ela fosse uma faixa escondida, não queria que aparecesse na capa do álbum, mas para todas as pessoas para quem eu tocava essa música, incluindo aquele cara da Warner Brothers, simplesmente a amavam! Especialmente por ela não ter um refrão, o que é meio engraçado e provocativo. As pessoas me falavam para colocá-la no álbum naturalmente e não como uma faixa escondida. Ela costumava ser a última música, até porque seria uma faixa escondida, mas resolvemos colocá-la antes de Turn It até porque todos mundo, inclusive eu, achavamos Dancer´s Bug melhor do que de Turn It.
Whiplash - Turn It...
Kiske / Nem posso falar muito desta porque ela foi totalmente composta pelo Sandro e minha única contribuição foi em algumas linhas de guitarra. Esqueci de mais alguma?
Whiplash - Não, não. Acho que é só isso mesmo (NR: na verdade ele não havia comentado a sétima faixa, Boiling Points Of No Reburn, mas na hora havíamos esquecido dela!).
Kiske / Acho que terei de ir agora.
Whiplash - Deixe-me perguntar o que você sabe sobre o metal brasileiro. Temos notícia de que você está trabalhando com um cara chamado Renato Tribuzi (NR: Vocalista da banda Thoten).
Kiske / Ainda não! Ele quer que eu faça algumas coisas para o álbum dele... ele até já me pagou mas nunca me mandou as fitas para que pudesse gravar meus vocais nelas. Creio que ele ainda esteja trabalhando nela ou coisa do tipo, pelo menos foi a última notícia que tive dele. No final isso não é mais nada além de adicionar alguns vocais em uma fita, nem acho que vá trabalhar com ele pessoalmente.
Whiplash - E sobre as bandas brasileiras? Você tem escutado alguma delas?
Kiske / Não tenho escutado nenhuma delas. A única coisa que sei sobre o metal brasileiro é que o Brasil é talvez o único país onde o metal ainda é feito com honestidade, onde o heavy metal ainda está vivo e é tratado quase como uma religião por muitas pessoas e isso dá muita beleza a isso, muita empólgação. Muitas perguntas eu só aceito se vindas do Brasil (risos)! Infelizmente no resto do mundo as coisas já não são mais desse jeito, mas no Brasil são.
Whiplash - Eu ia te perguntar também sobre os outros projetos em que você esteve envolvido, como o Avantasia e o trabalho com o Sascha Paeth (chamado AINA).
Kiske / Esse foi muito legal, eu realmente adorei as músicas que fizemos. Adorei trabalhar com o Sascha e provavelmente farei outro disco com ele, mas não haverá nada de metal nele. O som é mais clássico, com o orquestras... Esse projeto é diferente mas adorei as músicas!
Whiplash - E o Masterplan (banda dos ex-Helloween Uli Kusch e Roland Grapow)?
Kiske / O Masterplan foi algo como o que fiz com o Kai Hansen (NR: no álbum do Gamma Ray, Land Of The Free, na música Time To Break Free), algo como um sinal de paz. Os outros projetos são coisas que pessoas me pediram para fazer e por gostar delas acabei fazendo.
Whiplash - Estamos muito agradecidos por ter nos ligado e queríamos que soubesse que você continua sendo uma lenda para muitas pessoas aqui no Brasil. Só para terminar, agora espero que de verdade, deixe uma mensagem para os fãs brasileiros e para o pessoal que acessa o Whiplash.
Kiske / Muitas vezes me pedem para deixar mensagens e a única que posse deixar é que o segredo para se fazer música é honestidade. Tudo que você tem que fazer como músico é se expressar, dar o que você tem de melhor e fazer boa música no final. Isso é o que estou tentando fazer. Então se alguém, algum dia, gostou de alguma coisa eu eu fiz, escute o disco porque tenho trabalhado muito para estar sempre dando o melhor de mim para os meus fãs. Acho que esta é uma boa mensagem. Vamos aprender a gostar de música verdadeira ao invés de ficarmos bitolados a um único segmento musical que muitas vezes nem é tão verdadeiro. Muito heavy metal feito por aí não é verdadeiro de jeito nenhum! Você sabe disso! Muitas das coisas são apenas caça níqueis que buscam agradar apenas um público alvo. Há muito mais na música do que apenas heavy metal e o próprio metal só sobreviverá quando ampliar seus horizontes e se abrir para o desenvolvimento.
Whiplash - Ok! Muito obrigado, Michael! Esperamos que possamos falar com você novamente no próximo álbum.
Kiske / Obrigado a você cara! Seria muito legal! Até mais!
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