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Graforréia Xilarmônica - Entrevista publicada na Cyberfam.

Por Angela Joenck Pinto
Postado em 30 de março de 1999

No dia 20 de março de 1999, fomos recebidos por Frank Jorge, da Graforréia Xilarmônica em sua residência, em Porto Alegre. Ele nos concedeu uma ótima entrevista juntamente com o guitarrista da banda, Eduardo Christ. Enquanto Frank respondia as perguntas, Eduardo tirava um som no violão.

Publicado na Cyberfam

Whiplash! / Como e quando surgiu a Graforréia Xilarmônica?

Frank Jorge / O início da Graforréia está associado diretamente com os Cascaveletes. O ano de 85 foi muito importante, porque foi o ano que eu servi no exército. E isso é uma coisa que deixa a pessoa louca, todos aqueles gritos e ordens. Então eu saí de lá e, em 86, comecei a tocar com os Cascaveletes, porque nós éramos amigos, ouvíamos o mesmo som. Mas ninguém na época tinha pretensão de criar um movimento, como é hoje. Parece que agora as pessoas se reúnem com o objetivo certo de gravar um Cd. Nós nos reunimos como um pessoal que se junta para jogar futebol. Eu já tinha tido uma experiência com o Prisão de Ventre. Comecei a escrever com o Marcelo Birck e foi nos Cascaveletes que eu perdi definitivamente a vergonha de me apresentar ao vivo, a ganhar experiência para tocar.

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Whiplash! / Qual a definição do som da banda? Benga Music?

F. Jorge / Não tem uma definição de som da banda. Existe o iê-iê-Iê, a coisa Beatle, com uma coisa mais brega. Tem ainda o Rock and Roll. O som da Graforréia é uma mistura de tudo que a gente ouvia. E quando eu falo brega, pode ser por exemplo o pessoal do iê-iê-iê que não fez tanto sucesso. Eu vi uma entrevista do Gilberto Gil dia desses que achei interessante. Ele falava desses segmentos grandes de público e os trabalhos voltados para eles. Coisas como o Araketu ou esses grupos de pagode estão aí porque atendem a uma camada de público. De repente, o mauricinho lá pode até achar o Araketu brega, mas eles atendem um segmento muito grande de público que acha os caras ótimos. O Brega depende do gosto também. Tem muito fã de rock mais pesado, que acha a Graforréia brega. E do brega mesmo, eu me liguei mais no visual. Chegava a andar pela 24 de Outubro (rua de Porto Alegre) de terno e gravata para ir para aula, no Segundo Grau. Quanto a Benga Music, foi invenção de um amigo. Ele sugeriu essa imagem do pênis (benga) interagindo nos acontecimentos. Como a Benga na corte do Luís XV, a benga trazendo a paz na América Central.

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Whiplash! / Existe um tipo "padrão" de fã?

F. Jorge / PADRÃO não existe. Mas dá pra dizer que quem curte Graforréia é aquele cara que senta no fundo da sala de aula. É uma pessoa inteligente, que tem alcance a uma alta gama de informações. E uma coisa legal é que depois que o Pato Fu gravou uma música nossa, o público em São Paulo e outros lugares se interessou mais em conhecer o trabalho da banda. Eles deram uma super divulgação. O público da Graforréia nunca parou de crescer.

Whiplash! / O primeiro disco, chamado "Coisa de louco 2" demorou a sair (1995). Por quê?

F. Jorge / Realmente, mas tem bandas que já tem 10 anos e só agora estão lançando cds. Demorou por vários motivos. Antes disso, em 93, nós gravamos uma demo com a Vortex, do pessoal dos Replicantes. O Gerbase sempre deu força para a Graforréia e é uma pessoa muito importante para o cenário. Nós gravamos a música "Eu" e ela rodou bastante na Ipanema. Eu sempre pensei que "Eu" iria para alguma novela, porque era super popular. Pensava em um office boy cantando: "Eu queria tanto encontrar, uma pessoa como eu..." ( pedaço da letra da música). Essa demo nos levou até para São Paulo.

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Whiplash! / O disco saiu pelo selo Banguela, do grupo Titãs...

F. Jorge / Sim, um dia estávamos no estúdio tocando e os Titãs apareceram lá, ouviram o som e gostaram. Então o Miranda (Eduardo Miranda) nos chamou para gravar. Primeiro, a Banguela lançou os Raimundos, que eram únicos naquele negócio de misturar forró e hardcore. Depois veio o Mundo Livre, que não era tão batucada quanto o Chico Science. Só que quem cuidava da gravadora não eram os Titãs. Ela era mal administrada. O nome da Graforréia não aparecia no catálogo para o pessoal das lojas pedirem as peças e distribuição foi deficiente. O projeto dos Titãs era bem intencionado, e o selo lançou também os discos solo deles, do Nando, do Paulo e da Kleyderman (banda de Branco Mello). Foi um ano ruim (95) e surgiram os Mamonas. Eles venderam milhões de discos quando eram muito vender 10 mil cópias. Eu, particularmente, não gostava dos Mamonas. Achava o humor deles meio óbvio. Mas eles não morreram porque eu não gostava deles!! Não foi minha culpa! Um pessoal já disse até para mim que eles eram músicos muito bons e tudo, mas eu não conseguia gostar.

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Whiplash! / Vocês fizeram um clip do primeiro disco, da música "Você foi Embora". Ele rodou na MTV e a Graforréia chegou a concorrer como melhor clip brasileiro. A exposição do trabalho na MTV ajudou na divulgação da banda no centro do país?

F. Jorge / A escolha de "Você foi Embora" foi feita - como poderia dizer - "de cima para baixo". A escolha foi do Miranda, porque ele achou que seria uma música que pegaria bem. Não foi algo que a banda tenha dito: "Olha, aquela música é legal!".

Whiplash! / Mas clip na MTV não dá sucesso para sempre, é apenas um clip. Os Cascaveletes tiveram música na novela e não foram um sucesso estrondoso no Rio ou em São Paulo, não é mesmo?

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F. Jorge / É! A tua linha de pensamento está certa!

Whiplash! / E a condição do rock gaúcho fora do estado? No Brasil ainda é possível vender ou é preciso romper a barreira do axé e pagode?

F. Jorge / Seria legal se todo mundo vendesse, mas não é assim. (Eduardo faz sinal positivo com a cabeça) Mas isso também depende da postura da banda. Para vender mais, nós teríamos que ir mais a São Paulo, sempre trabalhar para ir ao Faustão, e tudo mais. E a Graforréia não faz isso por vários motivos: Todo mundo tem casa, esposa, filho, cachorro, emprego, e não dá para ficar indo assim pra lá e pra cá. Eu não sou daqueles amargos que ficam culpando a indústria. Eu não culpo a indústria.

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Whiplash! / Há um esforço em fazer discos no Sul para o Sul?

F. Jorge / Não há um ESFORÇO. O Sul é onde a gente vive e tem essa coisa de misturar o regional e o mundial. A Osvaldo Aranha e Woodstock. A gente fala disso nas músicas.

Whiplash! / Mas há uma diferença notável entre as letras do primeiro e do segundo disco, "Chapinhas de Ouro". Apesar das músicas do segundo disco serem antigas, elas não tem tantas referências locais quanto as do primeiro. Foi consciente para atingir novos mercados?

Eduardo / Não é intencional.

F. Jorge / A Graforréia é uma banda relativamente conhecida por aí. E é muito conhecida no interior. É como essas bandas de baile que toca um pouco de covers e músicas próprias. Porque tem muita gente que estuda em Porto Alegre e mora no interior. E uma pessoa vai falando da banda para outra, e para outra, e para outra. A escolha das músicas não foi feita para atingir o especificamente mercado de São Paulo ou outro qualquer. A escolha foi feita, mais pela parte técnica. Nós tínhamos 22 faixas gravadas, e o Alexandre (Birck) foi descartando as mais mal gravadas...(risos) Onde alguém entrou errado ou tinha uma guitarra ruim...

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Whiplash! / As bandas do Rio Grande do Sul são uma "comunidade feliz" ou há uma rivalidade ? Gente de uma banda toca com outra, como você Frank, que toca na Graforréia e nos Caubóis Espirituais.

F. Jorge / Ah! Todo mundo toca com todo mundo.

Eduardo / Eu já toquei com o Frank em outra banda, que foi onde eu conheci os outros caras da Graforréia.

F. Jorge / As vezes nós nos sentimos desmobilizados pela situação com a Graforréia. Porque é bom ver que as coisas vão bem e tem tempos em que ficamos um período sem fazer shows.

Whiplash! / Afinal, quem era "...o cantor que eu sempre gostei..."? (Citado da canção "Nunca Diga", do primeiro disco)

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F. Jorge / Não era ninguém em especial. Podia ser um Roberto Carlos, ou coisa assim...

Whiplash! / Quais são as expectativas da banda para 99?

F. Jorge / O "Chapinhas de Ouro" ainda precisa ser divulgado em Abril e Maio. A prensagem de duas mil cópias está se esgotando. Então eu estou me obrigando a ter pique, até porque nós não vivemos da Graforréia. Cada um tem um emprego, ou outra coisa pra fazer. O Carlos tem a escola de música e dá aulas lá. Eu estou concorrendo como melhor compositor no Prêmio Açorianos. Para 99, ainda queremos gravar um clip e fazer mais shows. Eu me dedico mais a produção e tenho ainda dois alunos particulares, para quem dou aula de baixo e guitarra. Nós gostaríamos de tocar no Abril Pro Rock , mas a Graforréia nunca entra na lista de bandas. Estamos com uma campanha junto com o cara da página de Rock Gaúcho na Internet para levar a banda para o festival. Queremos fazer um terceiro disco, com material novo. Assim nós vamos nos desfazendo do baú de canções antigas.

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Whiplash! / Afinal, ser músico vale a pena?

F. Jorge / Claro! Eu me preocupo em compor e cantar. Até porque eu não sou um bom cantor . Quando eu comecei a cantar com o Marcelo, na química ficava legal. Duas pessoas cantando mal sai bem. O Eduardo é que canta melhor.

Eduardo / As letras do segundo disco eu até achei fácil de decorar porque eu participei, mas do primeiro tive que aprender.

F. Jorge / Vamos ver se a Graforréia vai para São Paulo fazer shows. Mas ninguém vai mudar para agradar ninguém. Tem gente que fica dizendo: "Fulano se vendeu!" ou "Traidor do movimento!". A Graforréia nunca vai trair o movimento...pélvico... (risos)

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