The Smiths: as histórias de "The Boy With The Thorn In His Side"
Por Paulo Severo da Costa
Postado em 03 de outubro de 2012
Nascida em meio ao pós-punk inglês da década de 80, THE SMITHS – uma brincadeira com um dos sobrenomes mais comuns no Reino Unido (algo como "Os Silvas") – foi o principal nome do indie rock no início daquela década. Trazendo letras que misturavam anseios da classe proletária com a cultura livresca de MORRISEY, a banda serviu como influência a toda estética de movimentos notoriamente marcados pelo "selo ianque": jangle pop, o college rock, e outros movimentos, àquele momento, tidos como alternativos.
Após o lançamento de dois clássicos - "The Smiths" de 1984 e "Meat is Murder" no ano seguinte, a banda lançava "The Queen is Dead" gravado em 1985 e, por questões legais, lançado em 1986. No meio de um turbilhão de problemas - o quebra pau constante entre MORRISEY e JHONNY MARR, o vício em heroína do baixista ANY ROURKE e problemas de gravadora - o disco se consagra como uma obra divisora de águas no rock alternativo: faixas como "The Queen is Dead", "I Know It´s over" e "Frankly, Mr. Shankly", mostraram uma banda amadurecida e consagram, em definitivo, MARR como um dos melhores guitarristas não pirotécnicos de sua geração.
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Antes porém, em setembro do ano anterior uma das faixas do álbum foi disponibilizada como single no Reino Unido alcançando o posto 23 da Parada Inglesa : "The Boy With The Thorn In His Side" é marcada pelo vocal indefectível de MORRISSEY e pelas linhas melódicas sinuosas e, com o passar dos anos, se tornou o carro chefe do repertório da banda e a "cabeça de chave" das coletâneas. Registrada em uma faceta mais bruta – a versão do disco conta com um acompanhamento de cordas durante toda sua execução – e completada no lado B por "Asleep"- que só apareceria novamente em coletâneas – "The Boy" (que em uma tradução mais fidedigna seria algo como "O garoto eternamente atormentado") é uma crítica velada a indústria musical e aos problemas pessoais do vocalista com gente do mainstream musical. Frases como: "E se eles não acreditam em mim agora\Eles vão acreditar algum dia?" - ou – "Como eles podem ver o amor em nossos olhos\ E continuar sem acreditar em nós?"- deixam clara a insatisfação e angústia direcionadas a um alvo certo.
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A capa do single é uma atração a parte: clicado aos vinte e cinco anos pelo fotógrafo CECIL BEATON aparece o escritor e jornalista americano TRUMAN CAPOTE, autor do clássico "A Sangue Frio" de 1966. Polêmico e altamente excêntrico, CAPOTE, entre outras façanhas, expôs a vida de seus conhecidos da alta sociedade na novela "Preces Atendidas", disfarçando as personagens sob o manto ficcional. Segundo a auto definição do autor, falecido em 1984 por overdose : "Sou alcóolatra, sou drogado, sou homossexual, sou um gênio". A definição perfeita de um garoto eternamente atormentado.
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