Mob Rules - "Rise Of The Ruler": Trinta anos de estrada e nenhum passo em falso
Resenha - Rise Of The Ruler - Mob Rules
Por André Luiz Paiz
Postado em 30 de setembro de 2025
Poucas bandas dentro do power metal podem se orgulhar da consistência que o Mob Rules construiu ao longo de três décadas. Desde a estreia marcante com Savage Land (1999), os alemães mostraram domínio em unir peso, melodia e narrativas épicas. O segundo álbum, Temple Of Two Suns (2000), consolidou seu nome – com direito a ótima recepção no Brasil – e logo depois veio o grande clássico Hollowed Be Thy Name (2002), considerado por muitos como a síntese perfeita da banda. Mesmo quando o estilo começou a perder espaço nos holofotes, o Mob Rules manteve-se firme e relevante, lançando trabalhos sólidos como Radical Peace (2009) e o excelente Tales From Beyond (2016). Ao longo dessa trajetória, foi possível perceber, de forma gradual, que o Mob Rules tinha algo diferente das demais bandas do gênero.

Chegar a 30 anos de carreira sem um disco ruim já seria uma conquista imensa; fazer isso mantendo frescor criativo e energia renovada é ainda mais impressionante. E é justamente isso que se ouve em Rise Of The Ruler (2025), décimo álbum de estúdio da banda, lançado agora pela nova gravadora ROAR. Mais do que um simples retorno após sete anos desde Beast Reborn (2018), o trabalho funciona como a celebração de um ciclo e, ao mesmo tempo, como uma ponte direta com o passado, retomando a história conceitual de Savage Land e Temple Of Two Suns.
Conceito e sonoridade
O álbum transporta o ouvinte para um mundo distópico e hostil, marcado pela escassez de recursos. As letras, todas escritas pelo tecladista Jan Christian Halfbrodt, sustentam a atmosfera épica, reforçada por suas linhas melódicas sempre presentes. A produção de Markus Teske garante clareza e peso, enquanto a arte de Stan W. Decker dá forma visual ao universo sombrio narrado.

Musicalmente, o Mob Rules reafirma sua identidade: uma síntese entre a grandiosidade narrativa do Iron Maiden e a velocidade contagiante do Helloween, sempre com a marca autoral que evita clichês. O vocalista Klaus Dirks, com três décadas de estrada, soa mais afiado do que nunca – seu timbre naturalmente agudo ganhou camadas de drive e agressividade, tornando as interpretações ainda mais dinâmicas. As guitarras de Sven Lüdke e Florian Dyszbalis são um espetáculo à parte: riffs cheios de personalidade, bem amarrados a composições que exalam coesão e inspiração.
Faixas de destaque
Logo de início, "The Fall of Dendayar" abre o caminho para a explosão de "Exiled", power metal vibrante e grandioso. Em seguida, "Future Loom" surge como uma das músicas mais rápidas de toda a carreira da banda, rivalizando em energia com gigantes do gênero. Já "Dawn of Second Sun" cresce gradualmente, revelando nuances e melodias que capturam o ouvinte em sua progressão.

"Back to Savage Land", lançada como primeiro single, é o elo direto com o debut: veloz, intensa e viciante. "Coast of Midgard" traz o clima épico com refrão poderoso, enquanto "Nomadic Oasis" se destaca como um ponto fora da curva – atmosférica, sombria e até com certo apelo pop, mostrando que o Mob Rules ainda sabe ousar. "On the Trail" oferece uma pausa acústica de tons campfire, com participação da vocalista Ulli Perhonen, e o encerramento com "Equilibrium (Rise of the Ruler)" amarra a narrativa em tom monumental, épico e triunfante.

Avaliação final
Rise Of The Ruler é um álbum que soa contemporâneo, mas que também poderia ter sido lançado nos anos dourados do power metal sem soar deslocado. Essa fusão de passado e presente é sua grande força: uma banda madura, mas ainda faminta, olhando para a própria história sem deixar de avançar.
Trinta anos depois, o Mob Rules segue sendo uma joia subvalorizada do gênero, mas cada vez mais impossível de ignorar. Rise Of The Ruler não é apenas um capítulo digno em sua discografia - é a prova definitiva de que estamos diante de uma das formações mais consistentes e confiáveis do power metal europeu.
Tracklist:
The Fall of Dendayar
Exiled
Future Loom
Dawn of Second Sun
Back to Savage Land
Trial and Trail of Fear
Providence
Nomadic Oasis
Coast of Midgard
On the Trail
Equilibrium (Rise of the Ruler)

Formação:
Klaus Dirks – Vocais
Sven Lüdke – Guitarra
Florian Dyszbalis – Guitarra
Markus Brinkmann – Baixo
Jan Christian Halfbrodt – Teclados
Sebastian Schmidt – Bateria
Receba novidades do Whiplash.NetWhatsAppTelegramFacebookInstagramTwitterYouTubeGoogle NewsE-MailApps