Satan: O regresso com "Life Sentence"

Julgo não ser novidade para os leitores deste blog, a minha paixão por bandas de heavy metal, em especial, os grupos que surgiram do New Wave Of British Heavy Metal. O movimento marcou a eclosão de uma série de bandas que trariam toda a identidade que o metal possui nos dias de hoje. Não me aventuro a afirmar que o gênero criou o clássico visual que virou quase um estereótipo do meio - Jaqueta de couro, corrente, calça jeans ou de couro (fica a seu critério) e pulseiras spike – mas com certeza ajudou a firmar uma identidade que virou um verdadeiro clássico dentre os segmentos que surgiram do metal.

O N.W.O.B.H.M ocorreu predominantemente na Inglaterra, podendo citar como seus maiores expoentes grupos lendários como Judas Priest, Iron Maiden e Def Leppard. Assim como qualquer movimento musical, houve o surgimento de inúmeras bandas que infelizmente não lograram êxito dentro do mercado fonográfico, de maneira, que hoje não dispõe de tanto conhecimento por parte do público em geral. Importante ressaltar que mesmo não gozando desse "reconhecimento" dentro do mainstream, isso não significa dizer que tais bandas não apresentam potencial para tanto.

Neste sentido, hoje vamos conversar sobre um dos grupos mais clássicos desse movimento. Estou falando do Satan, mais precisamente do seu disco "Life Sentence", lançado em 2013.

Acredito que um ponto que possa gerar estranheza por parte da grande maioria que começou a ler esta resenha, é o fato de eu anunciar uma banda que faz parte do maior movimento de heavy metal nos anos 80s, porém, me dedicar a escrever sobre um disco que foi lançado à 10 anos atrás, praticamente 30 anos depois da explosão do N.W.O.B.H.M na Europa, mas eu posso explicar:

Satan foi a primeira banda deste movimento que eu tive contato, sendo justamente Life Sentence o disco que me inseriu na discografia da banda. Por óbvio, que eu já havia escutado gigantes do segmento, como Judas Priest e Iron Maiden, contudo, foi com os britânicos do Satan que eu descobri sobre toda a cena que assolou o mercado fonográfico inglês.

Confesso que não sei precisar com exatidão a forma com que cheguei a banda, mas lembro que a primeira coisa que me saltou aos olhos foram as capas de seus discos, que em sua grande maioria eram feitas como se fossem pinturas. Se não estou enganado, o que acabo de relatar ocorreu em 2013, ano de lançamento de Life Sentence, o que poderia justificar este meu primeiro contato.

Antes de continuar, vale a pena destacar algo minimamente inusitado. Caso você já tenha gostado do pouco que ouviu e tem interesse em procurar pela discografia do grupo, recomendo que pesquise também pelas bandas Blind Fury e Pariah. Ambas, se tratam do próprio Satan, isso porque a banda mudou de nome duas vezes ao longo da carreira. A primeira em 1985, quando lançaram o disco "Out of Reach" sob o título de Blind Fury. Enquanto a segunda ocorreu logo depois, adotando o nome para Pariah, lançando três trabalhos: "The Kindred" (1988), "Blaze of Obscurity" (1989) e "Unity" (1997).

A banda sempre se diferenciou pela sua técnica, apresentando elementos que posteriormente seriam características próprias de gêneros como speed metal e power metal. Assim, Life Sentence é uma ótima escolha para conhecer melhor a banda, que não lançava um disco sob a alcunha de Satan desde 1987, quando divulgaram seu segundo álbum, "Suspended Sentence".

O trabalho marca o retorno de um grupo que nitidamente não perdeu a mão quando o assunto é heavy metal. O disco está recheado dos mais diversos riffs e licks, que se alternam entre momentos melódicos e power chords agressivos. Este contraste fica evidente em canções como Twenty Twenty Five e Incantations.

Ainda, sobre o trabalho realizado pelos guitarristas Steve Ramsey e Russ Tippins, é possível ver um constante flerte de ambos com o speed metal. Músicas como Cenotaph, Siege of Mentality, Testimony e Life Sentence, demonstram não somente a técnica da dupla, como apresentam uma série de riffs que tranquilamente colocariam a banda como um expoente do speed metal.

Mas é inegável que o maior destaque da banda fica com o vocalista Brian Ross. Na minha opinião, são poucas as bandas de heavy metal que possuem uma voz tão marcante quanto ao do vocalista do Satan. Ross parece cantar com uma naturalidade que lhe é única, de maneira que faz parecer fácil a tarefa de ser um frontman de uma banda de metal.

Gostaria de pedir ao leitor que nunca teve contato com a lendária banda inglesa, que lhe dê uma chance. O grupo continua a lançar novos materiais, sendo o seu mais recente, o disco "Earth Infernal" de 2022. Portanto, a dica de hoje fica com uma banda clássica do N.W.O.B.H.M, que mesmo fora do mainstream, ainda lança trabalhos originais e com uma qualidade incrível, como é o caso de Life Sentence.