Resenha - Rebel Hearts - Föxx Salema.
Por Willba Dissidente
Postado em 04 de abril de 2020
Sétimo lugar na votação dos leitores da revista Roadie Crew como disco do ano em 2019, "Rebel Hearts" debut de FÖXX SALEMA, é um álbum que chega rompendo paradigmas e preconceitos. Sabe aquela ideia arraigada na sociedade que música composta por LGBT tem que ser dançante e alegre como Britney Spears? Ou que no Rock'n'Roll as roupas coloridas do KISS nos discos "Asylum" e "Animalize", ou o Hair Metal em geral, são os mais LGBT que se pode ter no underground? Pois esqueça! "Rebel Hearts" é um disco pesado de Heavy Metal, de arte toda escura, tratando de temas densos e sombrios; além de ser o primeiro disco solo de uma mulher trans no Metal brasileiro!
Vinda de Bragança Paulista, interior do Estado de São Paulo, quase na divisa com Minas Gerais, Amy "Föxx" Salema é cantora e compositora com mais de 23 anos de carreira. Ela reside com seu marido, o tecladista Cleber, desde 2018 na região metropolitana de Belo Horizonte, capital de Minas Gerais. Foi só em 2013 que ela resolveu lançar suas composições próprias. À principio, esse trabalho que durou até 2016 era mais focado no Hard Rock, com influências das décadas de 1980 e começo da de 1990. Ela organizou festivais e se apresentou na sua cidade natal, São Paulo, Campinas e outras cidades. Sem uma banda, para "Rebel Hearts", seu debut, Amy apostou numa sonoridade clássica do Heavy Metal (com a adição de teclados); na maioria do tempo tradicional, mas às vezes flertando com o Power Metal e o Speed Metal.
Föxx Salema é uma mulher transgênera (que não fez a mudança fisiológica no corpo) e ativista de esquerda pelos direitos humanos e pelos direitos civis, com respeito às minorias e contra a disseminação do ódio. Sua identidade de gênero, sua orientação sexual e sua luta pela liberdade e por um mundo com justiça social não só prevalecem como dão o tom de sua música. Não é necessário ser de esquerda ou LGBT+ para curtir o som da musicista, mas é preciso ter mente aberta e livre de preconceitos para compreender e aceitar a mensagem passada.
Heavy Metal não é música de relaxamento, é a vida de todos nós que amamos esse gênero musical. Por isso, ao se curtir os 25 minutos do disco "Rebel Hearts" você ouvirá de muito das lutas e percalços que a cantora FÖXX SALEMA passou refletidos no Heavy Metal. Longe de ser estritamente auto-biográfico mas cantando de maneira a ser interpretado pelo ouvinte, o CD que abre com intro muito rápida de batidas do coração da própria cantora, começa com a faixa título, "Rebel Hearts"; de refrão grudento e abusando no bumbo duplo e intrincada linha de baixo. Destaque absoluto do trabalho, "Vengeance Will Come" tem uma parte gutural no refrão muito legal de se cantar. Mais cadenciada que a anterior, a canção acelera no andamento para os refrães e tem o solo de guitarra mais inspirado de Karine Campanille. Falando em solos de guitarra, "I", tem uma estrutura bem interessante e com muitos solos entre as linhas vocais. Também é o tema que o refrão mais repete, mas isso sem se tornar chato.
Começando como uma balada triste e de letra tensa, "Emotional Rain" se transforma, após o refrão em um tema pesado e a letra se torna positiva, conversando com a parte balada e triste da canção. Já arrancando com os dois pés no peito, "Subconscious" tem o andamento de bateria mais entusiasmado do disco. Fazendo um adendo, merece destaque o trampo dos musicistas de estúdio Alessandro Kelvin, na bateria, e a multi-instrumentista Karine Campanille, atualmente nas bandas MAU SANGUE, KULTIST, MESSIAS EMPALADO e VIOLENCE INCREASES FEAR. Também uma mulher transexual, Karine cuidou com o mesmo esmero do baixo, da guitarra e dos teclados em "Rebel Hearts". E já que citamos o teclado, "Mankind" tem nas teclas seu destaque. Isso claro, sem contar a letra focada na "desinformation age", nos levando a pensar nas "fake news", no Brasil de sistema judiciário comprado e a superficialidade de programas como Big Brother. Um relançamento, "Constant Figh", uma regravação e não um "bônus", tem aquele baixo bem empolgante para vociferar sua crítica social.
Com uma introdução rápida, uma regravação e seis faixas inéditas, "Rebel Hearts" é um disco cuja audição passa rápido, que pode ser ouvido muitas vezes sem enjoar. A produção do disco é bem limpa e os instrumentos poderiam ter ficado um pouco mais pesados sem sobreporem na mixagem final, todavia, esse é um disco gravado e financiado de maneira 100% independente, além de ser a primeira investida solo de FÖXX SALEMA.
Os saudosistas dos anos 1980, vão adorar esse feeling passadista, mas talvez falte um pouco de "punch" para as gerações mais novas. Todavia, o que importa, é que esse é um disco incisivo e forte, cuja aspereza é energizada pelo carisma e personalidade do coração revolucionário da artista, que vem em trovejando em tempestade emocional!
"Rebel Hearts" vem em cd original de mídia prensada, caixa no formato digipack e e encarte de oito páginas com a arte toda trabalhada em preto com todas as letras, ficha técnica e fotos da cantora.
Recomendado para os fãs de: GARCIA & GARCIA, HAMMER (a banda inglesa), SAVATAGE (antigo), PINK CREAM 69, VIPER (com André Matos), HELLOWEEN, ANGRA (com André Matos) etc.
FÖXX SALEMA:
Amy "Föxx" Salema - Vocal (principal, backings e coral).
Karine Campanille - Guitarra, Baixo e Teclado.
Alessandro Kelvin - Bateria.
Para shows ao vivo a formação da banda, além da vocalista é:
Cleber Magalhães - Teclado.
Tonny Lessa - Baixo.
Rafael Costa - Bateria.
Augusto Oliveira - Guitarra.
Discografia:
Constant Fight (Single, digital, 2013).
Mankind (Raw Version) (Single, cd, 2018).
Rebel Hearts (Full Length, cd, digipak, 2019).
Rebel Hearts - 2019 - Nacional - Independente - 25'44''.
01 . Vulpine Beat (00:07)
02 . Rebel Hearts (02:58)
03 . Vengeance Will Come (02:51)
04 . I (04:21)
05 . Emotional Rain (03:45)
06 . Subconscious (03:43)
07 . Mankind (04:31)
08 . Constant Fight (2018 Version) (03:28)
Onde comprar ou escutar on-line:
O álbum em si pode ser ouvido em inúmeros serviços de streaming, dentre eles, o Spotify:
O está sendo vendido tanto na loja física quanto no site da Die Hard (http://bit.ly/2tSub5o) na Galeria do Rock em São Paulo, no Rio Grande do Sul através da Som de Peso (http://bit.ly/38Q4b9m) e em Minas Gerais pela Punho Cerrado Distro (www.facebook.com/restoyo82) e pela Kaotic Records (www.facebook.com/kaoticrecordsbh).
Site:
http://www.foxxsalema.com.br
Receba novidades do Whiplash.NetWhatsAppTelegramFacebookInstagramTwitterYouTubeGoogle NewsE-MailApps



Steve Morse diz que alguns membros do Deep Purple ficaram felizes com sua saída
A melhor música do Pink Floyd para Rob Halford, que lamenta muitos não compreenderem a letra
O melhor compositor de letras de todos os tempos, segundo Axl Rose do Guns N' Roses
Bruce Dickinson revela os três vocalistas que criaram o estilo heavy metal de cantar
A banda australiana que não vendia nada no próprio país e no Brasil fez show para 12 mil fãs
Blackberry Smoke confirma quatro shows no Brasil em 2026
O recado curto e direto que Iron Maiden passou a Blaze Bayley quando o demitiu
O álbum que, para Geddy Lee, marcou o fim de uma era no Rush; "era esquisito demais"
E se cada estado do Brasil fosse representado por uma banda de metal?
Moonspell celebrará 30 anos de "Wolfheart" com show especial no Brasil
Jane's Addiction anuncia que membros fizeram as pazes e comunica fim das atividades
Regis Tadeu coloca Deep Purple no grupo de boybands ao lado do Angra
A lendária banda de rock que Robert Plant considera muito "chata, óbvia e triste"
Regis Tadeu explica se reunião do Barão Vermelho terá tanto sucesso como a dos Titãs
Será que ele curtiu? O dia que Adrian Smith tocou na guitarra de Kirk Hammett

Edguy - O Retorno de "Rocket Ride" e a "The Singles" questionam - fim da linha ou fim da pausa?
Com muito peso e groove, Malevolence estreia no Brasil com seu novo disco
"Opus Mortis", do Outlaw, é um dos melhores discos de black metal lançados este ano
Antrvm: reivindicando sua posição de destaque no cenário nacional
"Fuck The System", último disco de inéditas do Exploited relançado no Brasil
Giant - A reafirmação grandiosa de um nome histórico do melodic rock
"Live And Electric", do veterano Diamond Head, é um discaço ao vivo
Slaves of Time - Um estoque de ideias insaturáveis.
Com seu segundo disco, The Damnnation vira nome referência do metal feminino nacional


