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Spock's Beard: Falar sobre a banda no passado costumava ser tarefa mais fácil

Resenha - Noise Floor - Spock's Beard

Por Ricardo Pagliaro Thomaz
Postado em 29 de dezembro de 2019

Falar sobre o Spock's Beard no passado costumava ser tarefa mais fácil para mim. A banda americana costumava ter uma sonoridade absolutamente incrível. Literalmente fora deste mundo! É claro que a banda foi sofrendo modificações durante estes anos todos, e a sonoridade também foi se adaptando, naturalmente, mas acho, sinceramente, que aquela era de ouro da banda está em pausa. Nunca podemos afirmar que algo terminou enquanto Neal Morse estiver por aí. Ah, e desculpem o atraso para falar do novo disco, mas vamos lá.

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Atualmente, a banda tem apresentado uma sonoridade um pouco menos engajante. E não me entendam mal, o som deles continua sendo bom, mas não... incrível. Como costumava ser. Aqui em Noise Floor, lançado em Fevereiro de 2018, você vai encontrar músicas boas para curtir a qualquer momento, mas nada que te deixe boquiaberto ou sem fôlego.

Algumas características do som clássico do Beard ainda continuam intactas de certa forma, mas outras acabaram se adaptando à entrada de novos integrantes, como por exemplo o vocalista Ted Leonard. Há características da segunda fase da banda, e certas sonoridades que Ted trouxe de sua experiência com a sua banda Enchant, fazendo deste disco um misto de tudo. Outras grandes influências que sempre permearam o som do grupo, como o Genesis e o Yes são ouvidas aqui acima de tudo.

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Outra mudança é que a banda volta a ser um quarteto aqui, mas desta vez de forma diferente. Dos integrantes originais do Beard só ficaram Alan Morse e Dave Meros. Ryo, que está desde o segundo disco pode ser considerado quase um original, vai, foi incorporado à banda muito cedo. E também temos o Ted, como já mencionei, que entrou no grupo em 2011.

Sentiu falta do baterista, né? Desta vez não é Jimmy Keegan, aquele carequinha de turnê que esteve nos outros discos passados. Nick D'Virgilio retorna às baquetas do seu antigo grupo neste álbum, mas não participa da banda e nem das composições, está aqui somente como baterista de apoio. De certa forma dá uma certa alegria de vê-lo de volta, mas ao mesmo tempo uma certa tristeza de vê-lo relegado apenas na função de músico contratado de estúdio, dado seu histórico com a banda.

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Vamos às novas composições, que é o que interessa. Como eu disse antes, são boas, mas nada que você vá realmente vibrar ou achar sensacional. Eu pelo menos achei pouca coisa aqui que me fizesse realmente abrir um sorriso maior do que o normal. Desde o início você percebe que a sonoridade é bem voltada ao som do Yes, tem bem esse estilão de quebradeira característico. A primeira, "To Breathe Another Day", é animadinha, tenta iniciar o disco bem, muito embora seja aquela fórmula não muito nova que estamos acostumados. A segunda, "What Becomes of Me", tenta puxar um som mais na veia do Yes, tem uma introdução bacana, ritmada, mas a música passa assim, sem muito alarde.

A terceira, "Somebody's Home", já é um pouco mais interessante, tem um refrãozinho bacana, com bons vocais, e passagens que remetem mais à personalidade sonora da própria banda, claro, com uma pitadinha de Enchant, que o Ted traz como cortesia. "Have We All Gone Crazy Yet" traz aquela sonoridade do Beard quarteto de 2003 a 2010 com os vocais de Leonard, e o mesmo pode ser dito de "So This Is Life", mas de forma mais intimista. Confesso a vocês que essa sonoridade da banda pós-Neal às vezes me enjoa um pouco. Leonard diz que as músicas estão mais melódicas e que eles estão tentando chamar a atenção das pessoas mais cedo nas composições se compararmos com o passado. Me desculpe, mas eu consigo ver isso nos discos em que o Neal Morse esteve envolvido, não agora.

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Enquanto eu penso nisso, começam as primeiras interações melodicas e distorções de "One So Wise", com aquele progressivão e aquela doideira de arranjos que o Beard sabe trabalhar tão bem ainda. Boa! Um relampejo dos velhos tempos aqui novamente, era isso que eu queria! E com pequenas pitadas do estilo do Enchant na bridge intermediária, o que fez com que tudo ficasse ainda melhor! Som viajante e imersivo! Bravo! Esse é o Beard que eu gosto! "Box of Spiders" é a instrumental do álbum, mas não uma das melhores apesar de conter passagens interessantes, você vai achar outras passagens instrumentais mais interessantes nesse disco em outras faixas. "Beginnings" fecha o disco e é outra faixa que eu achei um forte highlight do álbum, digno de menção, especialmente pela forma que fecha, épica e com aquela atmosfera do Beard clássico. Aqui termina a versão normal do disco.

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As faixas bônus do EP lançado junto com o álbum, chamado Cutting Room Floor, são mais do mesmo que a gente já teve em outras versões especiais. Não são ruins, mas não são também aquela coisa que te faz flutuar. A primeira faixa, "Days We'll Remember", é legalzinha, tem uma veia folk, mas nada além do habitual; a segunda, "Bulletproof", tem a atmosfera do Genesis setentista, a época quarteto, quando o Steve Hackett ainda era da banda, faixa bacana, mas normal também; "Vault" para mim foi a melhor deste disco bônus, mais diferenciada, com mais variações, tem um refrãozinho bacana, mas de novo, nada de impressionante; por fim, "Armageddon Nervous" é uma instrumental que remete ao som do Beard mais clássico, mas fica por isso mesmo, interessante, mas já fizeram melhor no passado, bem melhor.

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Em resumo, este disco mais recente do Spock's Beard é um disco que, como fã de longa data deles, eu não recomendo que o ouvinte casual vá atrás. Antes disso, seria maravilhoso se essa pessoa fosse atrás da compilação The First Twenty Years, que é maravilhosa e explora bons momentos da banda desde o seu início. Essa coletânea seria a apresentação ideal ao grupo americano, para depois pegar este disco e explorar mais o material anterior que é sensacional, especialmente na era de Neal Morse. Este novo álbum, porém, fica sendo algo só para os fãs de longa data mesmo, porque apesar de ter sua qualidade, não é um dos trabalhos mais primorosos do grupo, mas é sempre bom escutá-los em atividade.

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Noise Floor (2018)
(Spock's Beard)

Tracklist:
01. To Breathe Another Day
02. What Becomes of Me
03. Somebody's Home
04. Have We All Gone Crazy Yet
05. So This Is Life
06. One So Wise
07. Box of Spiders (instrumental)
08. Beginnings

Cutting Room Floor (EP):
01. Days We'll Remember
02. Bulletproof
03. Vault
04. Armageddon Nervous (instrumental)

Selo: InsideOut Music

Spock's Beard é:
Ted Leonard: voz, guitarra
Alan Morse: guitarra, violão, voz, mandolin, autoharp
Dave Meros: baixo, voz
Ryo Okumoto: órgão hammond, mellotron, piano, sintetizador, clavinete, vocoder

Músicos adicionais:
Nick D'Virgilio: bateria, voz, percussão, guitarra, violão
Eric Gorfain: violino
Leah Katz: viola
Richard Dodd: cello
David Robertson: corne inglês

Discografia anterior:
- The Oblivion Particle (2015)
- Brief Nocturnes and Dreamless Sleep (2013)
- X (2010)
- Spock's Beard (2006)
- Octane (2005)
- Feel Euphoria (2003)
- Snow (2002)
- V (2000)
- Day for Night (1999)
- The Kindness of Strangers (1998)
- Beware of Darkness (1996)
- The Light (1995)

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Site oficial:
http://www.spocksbeard.com

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Sobre Ricardo Pagliaro Thomaz

Roqueiro e apreciador da boa música desde os 9 anos de idade, quando mamãe me dizia para "parar de miar que nem gato" quando tentava cantarolar "Sweet Child O'Mine" ou "Paradise City". Primeiro disco de rock que ganhei: RPM - Rádio Pirata ao Vivo, e por mais que isso possa soar galhofa hoje em dia, escolhi o disco justamente por causa da caveira da capa e sim, hoje me envergonho disso! Sou também grande apreciador do hardão dos anos 70 e de rock progressivo, com algumas incursões na música pop de qualidade. Também aprecio o bom metal, embora minhas raízes roqueiras sejam mais calcadas no blues. Considero Freddie Mercury o cantor supremo que habita o cosmos do universo e não acredito que há a mínima possibilidade de alguém superá-lo um dia, pelo menos até o dia em que o Planeta Terra derreter e virar uma massa cinzenta sem vida.
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