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Turilli/Lione Rhapsody: esta versão do Rhapsody começou melhor

Resenha - Zero Gravity Rebirth and Evolution - Turilli/Lione Rhapsody

Por Victor de Andrade Lopes
Postado em 04 de agosto de 2019

Nota: 9 starstarstarstarstarstarstarstarstar

A sandice em torno do nome "Rhapsody", lenda italiana do power metal sinfônico, está mais absurda que aquela vez em que duas diferentes versões do Queensryche lançaram dois discos no mesmo ano (2013). Após deixar o grupo principal em 2011, o guitarrista Luca Turilli formou sua própria versão de Rhapsody. Depois, ele a encerrou para formar uma terceira versão (!) só com ex-membros do próprio Rhapsody of Fire (??). Enquanto isso, o que sobrou da banda original tocou a vida e já fez sua estreia em estúdio neste mesmo ano de 2019.

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Se você, meu leitor assíduo, achou o início deste texto familiar, provavelmente é porque estou abrindo-o mais ou menos da mesma forma que abri a resenha de The Eighth Mountain, o primeiro álbum do Rhapsody of Fire com sua formação atual. Aliás, eu poderia fazer um post inteiro comparando a situação deles ao paradoxo do navio de Teseu, sobre o qual escrevi para a saudosa revista Mundo Estranho, mas vamos focar na música da estreia desta versão do Rhapsody - devidamente intitulada Turilli/Lione Rhapsody, por ser liderada também pelo consagrado vocalista Fabio Lione.

É com Zero Gravity: Rebirth and Evolution que esta formação (que, lembrando, envolve ainda Dominique Leurquin (guitarras), Patrice Guers (baixo) e Alex Holzwarth (bateria), também remanescentes da era clássica da banda) faz seu primeiro aceno para o mundo, após uma bem-sucedida campanha de financiamento coletivo. Se o lançamento dos dois trabalhos fosse uma partida de futebol, eu poderia descrevê-la como uma goleada ou um passeio. Porque isto aqui é muito melhor do que The Eighth Mountain - que já não foi ruim, vale ressaltar.

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E a superioridade não é simplesmente pela qualidade da produção, pela química entre os integrantes e pelo talento individual dos mesmos - para as quais aliás eu nem vou dedicar muitas palavras para não chover no molhado.

Ela se dá também pela criatividade nas composições. Isso mesmo: um grupo que se tornou conhecido por criar um dos sons mais clichês do power metal aproveitou o último ano desta década para desfazer a imagem de repetitivos. Com Zero Gravity: Rebirth and Evolution, eles se mostram dispostos a modernizar o som e torná-lo menos óbvio, tal como o DragonForce e o Sonata Arctica vêm fazendo recentemente.

Por exemplo, a abertura "Phoenix Rising" tem alguns toques étnicos inesperados em seu interlúdio. A faixa título faz o mesmo, desta vez com elementos árabes. "D.N.A. (Demon and Angel)", por sua vez, incorpora alguns temperos eletrônicos que deixariam Jens Johansson (do Stratovarius) com um sorriso no rosto. Aqui, a convidada Elize Ryd (Amaranthe) faz um bonito contraste com Fabio.

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Outro convidado que empresta sua voz é Mark Basile, do DGM. Em "I Am", ele nos encanta com seu timbre que parece uma média entre Bob Catley e Demis Roussos. O solo de "Fast Radio Burst" também surpreende ao trocar o ritmo frenético típico destes momentos em músicas de power metal por um um andamento mais contido e cativante.

O disco é bem sucedido também em outro aspecto: a harmonização do lado metal com os toques modernos. "Decoding the Multiverse" serve de exemplo: temos nela linhas ao piano e cordas (típicas daquelas músicas mais comerciais e que ganham clipes) dividindo espaço com riffs graves e pesados na guitarra.

Zero Gravity: Rebirth and Evolution tem espaço até para ópera: "Amata Immortale" e "Oceano" são ambas cantadas inteiramente em italiano, sem guitarras e alternando diferentes tipos de voz. A segunda é uma faixa bônus exclusiva das versões digipak e vinil duplo e conta ainda com Sascha Paeth no baixo, Arne Wiegand nas guitarras, bandolim e piano e Joost van den Broek nos teclados. E se ópera por si só não funciona muito para você, tome "Arcanum (Da Vinci's Enigma)", que a mistura com metal.

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É muito cedo para dizer quem levou a melhor na divisão do Rhapsody, mas sem dúvidas Turilli e Lione já começaram a "disputa" com ampla vantagem sobre Alex Strapoli, tecladista e líder da versão original do grupo. Alguns talvez se incomodem com minha tentativa de estabelecer algum tipo de rixa entre ambos, mas quando duas versões de um mesmo nome escolhem o mesmo ano para estrear, a natureza competitiva dos lançamentos fica óbvia até demais.

Abaixo, o vídeo de "Zero Gravity":

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Track-list:
1. "Phoenix Rising"
2. "D.N.A. (Demon and Angel)"
3. "Zero Gravity"
4. "Fast Radio Burst"
5. "Decoding the Multiverse"
6. "Origins"
7. 'Multidimensional"
8. "Amata Immortale"
9. "I Am"
10. "Arcanum (Da Vinci's Enigma)"
11. "Oceano" (faixa bônus nas versões digipak e vinil duplo)

Fonte:
Sinfonia de Ideias
http://bit.ly/tlrhapsody

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Sobre Victor de Andrade Lopes

Victor de Andrade Lopes é jornalista (Mtb 77507/SP) formado pela PUC-SP com extensões em Introdução à História da Música e Arte Como Interpretação do Brasil, ambas pela FESPSP, e estudante de Sistemas para Internet na FATEC de Carapicuíba, onde mora. É também membro do Grupo de Usuários Wikimedia no Brasil e responsável pelo blog Sinfonia de Ideias. Apaixonado por livros, ciências, cultura pop, games, viagens, ufologia, e, é claro, música: rock, metal, pop, dance, folk, erudito e todos os derivados e misturas. Toca piano e teclado nas horas livres.
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