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Rammstein: A emoção de um show dentro da sala de cinema

Resenha - Live in Paris - Rammstein

Por Renan Soares
Postado em 20 de abril de 2018

Nota: 10 starstarstarstarstarstarstarstarstarstar

Inicio esse texto com a seguinte pergunta: É possível trazer a emoção de um show de uma forma que a pessoa não precise estar necessariamente lá?

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Bom, certamente que não é possível, por mais que existam DVDs ao vivo, e coisas do gênero, nada será igual a sensação de você estar no show da sua banda favorita em carne e osso.

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Mas, há mais ou menos um ano atrás, vivi uma experiência que conseguiu deixar não só a mim, mas também todos os presentes na ocasião, com uma sensação próxima de estar em um show ao vivo.

A ocasião era o lançamento do filme-concerto do Rammstein, o "Live in Paris", ocorrido no dia 23 de março de 2017 em salas de cinema de todo o mundo.

De início, fiquei surpreso com o fato de Recife receber uma sessão do filme, pois a fanbase do Rammstein não é forte aqui na cidade, e a prova disso é o fato da sala não ter enchido, mesmo a mesma sendo pequena em sua capacidade (lembrando que, assim como em todos os locais em que o filme foi exibido, a sessão foi única).

Mas enfim, chegada a hora da sessão, todos foram se acomodando em suas poltronas e esperaram o início do espetáculo. De início não sabia o que esperar do filme, sabia que o mesmo não se tratava de um documentário, e nem de um show paralelo a uma tentativa de enredo (como o Metallica tentou fazer em "Through The Never" e falhou miseravelmente). No caso, se trataria simplesmente de um show gravado pela banda em Paris em 2012, com adendo de alguns efeitos especiais durante a apresentação.

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Dá a hora, as luzes se apagam e a sessão começa. De início passam uns rápidos trailers até o grande momento realmente se iniciar.

Enquanto o filme se iniciava mostrando o Rammstein fazendo sua entrada no palco, onde eles marchavam em meio ao público empunhando a bandeira da banda, a banda francesa e uma tocha, eu falava mentalmente para mim mesmo "fica de boas, assista quieto, pois você está em um cinema".

Mas bastou a música "Sonne" começar a ser executada que esse meu plano começou a ir um pouco por água abaixo. De início, apenas "bangueava" levemente e cantava junto com a banda em voz baixa, e percebia que boa parte da sala também acompanhava a música de forma mais intensa do que eu.

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Por mais de boa que eu tentasse ficar, era impossível não acompanhar o ritmo de alguma forma, afinal, a energia das músicas do Rammstein impregna na pessoa de uma forma incrível, o peso das suas guitarras são completamente cativantes, principalmente ao vivo (e falo isso com propriedade, pois presenciei o show deles no Maximus Festival de 2016).

Em seguida, veio a música "Wollt Ihr das Bett in Flammen Sehen?", onde tentei continuar de boas, mas enquanto ao longo que a faixa era executava, mais intenso a energia do "show" ficava, principalmente no momento quando Till se utilizou dos seus ousados efeitos pirotécnicos, onde faíscas saem de uma luva usada por ele.

Logo após, quando "Keine Lust" começou a ser executada, alguns dos presentes chegaram a se levantar e pular ao som da música, além daqueles que cantavam as letras em voz alta e "bangueavam" que nem um louco. Quando percebi isso, me juntei a eles, e comecei a "banguear" dando soco no meu próprio joelho (como o Lindemann faz, ha ha).

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A partir daquele momento, praticamente todos agiam como se estivessem realmente em um show do Rammstein ao vivo, batiam cabeça, cantavam junto, batiam palma, e inclusive gritavam e aplaudiam ao fim de cada música (só faltou um mosh pit).

Mesmo sentado na cadeira, eu estava em um nível extremo de êxtase, tinha ignorado o fato que estava dentro de uma sala de cinema, e que a banda não estava realmente de carne e osso, bangueava, cantava e levantava os braços da mesma forma que fiz durante o show do Rammstein no Maximus Festival.

No telão, via-se o excelente trabalho feito pelos editores do filme com os efeitos especiais. Por alguma razão, os takes em câmera lenta, principalmente em pontos estratégicos (nesse caso, nas cenas com pirotecnia), sempre dão aquele a mais para o show.

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Outro efeito interesse é quando há um vídeo de "background" em algumas músicas, como por exemplo, em "Ohne Dich", que o rosto do Lindemann aparece de fundo no vídeo cantando a música, e em "Engel", quando uma mulher também aparece de fundo fazendo o vocal feminino.

O que achei desnecessário foram os efeitos do tipo, quando faziam o Till soltar uma língua de cobra com os olhos completamente pretos, quando esbranquiçam os olhos do Paul Landers em um rápido momento, e quando colocam caninos de monstros em um fã na plateia. A única exceção eu dou apenas para os raios colocados nas mãos do Flake durante o solo de teclado na música "Du Hast", que ficou esteticamente bonito.

Um dos pontos altos ficou por parte, primeiramente, da execução da música "Du Hast", uma das mais conhecidas do grupo alemão, onde toda a sala cantou em uma única voz, e foi mostrado um dos efeitos pirotécnicos mais insanos da banda, quando o Lindemann dispara um canhão de faísca que vai e volta no ar, tendo seu fim "explodindo" no palco.

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Segundamente, outro ponto alto foi a transição da banda para um pequeno palco montado em meio a plateia, onde eles atravessaram uma passarela com o baterista Christoph Schneider vestido de mulher, carregando os outros cinco integrantes amarrados em uma guia de cachorro e dando chibatas em cada um deles, mostrando o perfeito exemplo da bizarrice que todo bom fã da banda conhece.

E nada como um momento bizarro para introduzir outro tão bizarro quanto, que é quando eles executam a música "Buck Dich", onde tem a famosa cena onde o Lindemann tira um pênis de plástico de dentro da calça, e "molesta" o Flake explicitamente (além de depois começar a soltar um jato de água através do mesmo).

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O setlist seguiu com "Mann Gegen Mann" e a "Ohne Dich", já citada anteriormente, onde depois eles retornam ao palco principal e agradecem ao público pela presença, simulando o final do show.

Mas claro que não terminava ali, pouco depois a banda retornava para o "bis". Enquanto as músicas "Mein Hertz Brent" e "Engel" eram executadas, eu ficava na esperança de ouvir "Ich Will", minha faixa favorita do Rammstein, da mesma forma que fico quando estou em um show realmente.

Minhas expectativas não foram atendidas, pois o filme foi encerrado com a música "Pussy", proporcionando mais um momento bizarro, quando Lindemann monta em um pênis gigante que começa a soltar espuma no público.

Mesmo após a banda agradecer a presença do público mais uma vez, e após os créditos começarem a subir, eu e mais um monte de gente da sala não saiu de lá, com a esperança de que mais uma música fosse tocada (no meu caso, torcia para que fosse "Ich Will")

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Os que esperaram até o pós-créditos, tiveram as expectativas atendidas (não com "Ich Will", tendo essa sido inclusa apenas na versão estendida lançada no DVD). Veio a música que não podia faltar naquele setlist em específico por motivos óbvios, a "Fruehling in Paris".

Com isso, o filme se encerrava de vez, deixando todos os fãs do Rammstein naquela sala de cinema completamente satisfeitos, e com a sensação e o cansaço de quem estava no show em questão.

E me pergunto, se alguém aleatório entrasse naquela sala e visse a cena de um monte de marmanjos bangueando e gritando enquanto via o show no telão, o que provavelmente pensariam? Ha ha.

TRACKLIST

Sonne
Wollt Ihr Das Bett In Flammen Sehen?
Keine Lust
Asche Zu Asche
Feuer Frei!
Mutter
Mein Teil
Du Riechst So Gut
Du Hast
Bück Dich
Mann Gegen Mann
Ohne Dich
Mein Herz Brennt
Engel
Pussy
Frühling In Paris
Renan Soares
[email protected]

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Sobre Renan Soares

Nascido em Recife no dia 03 de novembro de 1994, Renan adentrou ao mundo do rock/metal a partir dos 13 anos de idade e até hoje permanece fielmente no mesmo. Desde que se formou em Jornalismo pela Universidade Católica de Pernambuco, tem se dedicado a conseguir dar a relevância merecida ao nome do estilo.
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