Krisiun: Ainda sem entender o motivo da rejeição a este álbum
Resenha - Ageless Venomous - Krisiun
Por Giales Pontes
Postado em 30 de novembro de 2014
Nota: 9
Após o aclamado ‘Conquerors Of Armageddon’ (2000), o Krisiun criou uma expectativa monstruosa acerca de seu trabalho! O death metal extremo, ultra distorcido e assustadoramente veloz que caracterizou seus três primeiros álbuns, fixou uma imagem e um conceito bem definido no imaginário dos fãs e da imprensa. Portanto, pode-se dizer que até certo ponto, foi natural a enorme cobrança que se abateu sobre este ‘Ageless Venomous’ (2001). Porem, não se imaginava que tal rejeição iria durar tantos anos.
Gravado no Creative Sound em São Paulo, o álbum teve produção de Tchelo Martins e da própria banda. Com uma gravação limpa, que tornava possível identificar claramente todos os mínimos detalhes da técnica instrumental do power-trio gaúcho, não faltou quem criticasse a banda, reclamando que o som havia sido descaracterizado, que sem o peso usual o Krisiun era apenas mais uma banda comum, e uma série de outras acusações feitas no calor do momento.
Sim, ‘Ageless Venomous’ não é tão pesado quanto ‘Conquerors Of Armageddon’. Sim, a qualidade de gravação é cristalina (e será que alguém poderia me dizer porque diabos isso seria necessariamente ruim? O Morbid Angel possui álbuns muito bem produzidos e isso não impediu que fossem maravilhosos!). E depois há outras questões, como a necessidade de tentar evoluir dentro de seu estilo. Esse negócio de ficar gravando o mesmíssimo álbum para sempre, mudando apenas a arte da capa e os títulos das músicas, é algo que funcionou para pouquíssimos artistas na história do rock. Então, louve-se a iniciativa da banda em tentar algo diferente, ainda que restrito à técnica de gravação do material.
Após uma breve introdução macabra típica das bandas de death metal, ‘Perpetuation’ arromba os ouvidos desavisados com a estupidez sonora de sempre. Os ‘blast beats’ de Max Kolesne estão lá para não deixar dúvidas de que a banda que estamos ouvindo é o Krisiun mesmo! ‘Dawn Of Flagellation’ inicia um pouco mais cadenciada(para os padrões Krisiun, claro!), mostra uma explosão de riffs do tipo pesadelo, onde Moysés é sem dúvida a estrela. O solo é aquele festival de guinchos entremeados por alguma melodia mais tímida, e o peso geral impressiona! Uma de minhas favoritas.
A batida espaçada de um tambor primitivo sobre o som de fogo ardendo, serve de introdução para a faixa-título. O que Moysés toca aqui chega a ser angustiante. A progressão em "sweep picking" cria uma sonoridade que me faz pensar em terremotos, tsunamis varrendo cidades inteiras, tamanho o tetricismo que sua guitarra demonstra. Alex posta-se soberano em todo o álbum. Seu vocal cavernoso-gutural, que vez ou outra arrisca uns berros mais rasgadaços na linha black metal, contribui definitivamente para criar essa aura tétrica no som da banda.
‘Evil Gods Havoc’, ‘Eyes Of Eternal Scourge’ e ‘Saviour’s Blood’ seguem o ataque sonoro, honrando a desgraceira death metal típica do trio. ‘Saviour’s Blood’ por sinal tem um dos riffs mais empolgantes do álbum. A instrumental ‘Serpents Spectres’ mostra todo o virtuosismo dos músicos. São dezenas de riffs, solos, mudanças de andamento, tudo envolto na agressividade e velocidade de sempre. A propósito: você toca guitarra? Curte death metal? Se a resposta para ambas as perguntas for sim, eis aqui a música para você. Estude-a! Ame-a! E tente tocá-la, nem que seja a última coisa que você faça na vida! Se conseguir isso, você será no mínimo, um ótimo guitarrista.
‘Ravenous Hordes’ leva adiante a maravilhosa podreira sem deixar a peteca cair. Logo a seguir, temos a grande surpresa do álbum: ‘Diableros’. Gravada apenas com violões e percussão, e parecendo uma espécie de música flamenca tocada a velocidade da luz, esta belíssima instrumental mostra-se um verdadeiro achado em meio ao caos sonoro normalmente produzido pelo Krisiun.
‘Sepulchral Oath’ é a desgraça derradeira deste ‘Ageless Venomous’, e como de costume, traz guitarras tétricas, pesadas e velozes. Aqui o batera Max não se esforça nem um pouco para amenizar sua levada estilo "metralhadora desgovernada". Alex segura bem as pontas com seu baixo distorcido "no talo", e urra feito um urso raivoso "Decomposed, fallen god feed with rottenness embraced by plague, never to see the divine light...."
Hoje, 13 anos se passaram desde o lançamento de ‘Ageless Venomous’, e eu ainda tento entender as razões de tamanha rejeição para com este trabalho, que embora não seja tão pesado quanto ‘Conquerors’, é sim um grande álbum. Em tempo: a banda sempre demonstrou um cuidado especial com a arte gráfica de seus trabalhos, e neste não foi diferente. A arte da capa, feita pelo americano Joe Petagno, é fantástica, e serve para evidenciar ainda mais essa preocupação da banda com todos os detalhes que envolvem o resultado final de uma obra metálica!
Line-up:
Alex Camargo (Baixo/Vocal)
Moysés Kolesne (Guitarras/Violões)
Max Kolesne (Bateria/Percussão)
Track-list:
1 . Perpetuation
2 . Dawn Of Flagellation
3 . Ageless Venomous
4 . Evil Gods Havoc
5 . Eyes Of Eternal Scourge
6 . Saviour’s Blood
7 . Serpents Spectres
8 . Ravenous Hordes
9 . Diableros
10. Sepulchral Oath
Receba novidades do Whiplash.NetWhatsAppTelegramFacebookInstagramTwitterYouTubeGoogle NewsE-MailApps