Alice Cooper: "Zipper Catches Skin", um álbum atípico
Resenha - Zipper Catches Skin - Alice Cooper
Por Neimar Secco
Postado em 08 de maio de 2014
Personagens de ficção, seriados de TV, quadrinhos, filmes de horror B. Eis um apanhado do que povoava a imaginação de Alice Cooper ao compor as músicas desse álbum.
Zipper Catches Skin é um álbum atípico na discografia de Alice Cooper. A começar por ser um dos únicos dois (juntamente com o primeiro: PRETTIES FOR YOU, em que Alice é co-produtor). Esse álbum está muito longe dos clássicos (de LOVE IT TO DEATH até WELCOME TO MY NIGHTMARE), também não se assemelha a nada da fase autobiográfica (de ALICE COOPER GOES TO HELL até FROM THE INSIDE) e, comparando com os dois álbuns imediatamente anteriores (FLUSH THE FASHION e SPECIAL FORCES) Alice praticamente aboliu o (ab)uso de teclados (exceções feitas a "I Am The Future" e "No Baloney Homosapiens") e voltou a fazer músicas mais básicas que, com exceção da já citada "No Baloney Homosapiens", têm duração entre dois minutos e três minutos e meio no máximo.
A sonoridade do álbum ainda está mais para o pós punk e o new wave. No geral trata-se também de um álbum mais "leve", mais bem humorado que os dois anteriores, embora SPECIAL FORCES também tenha seus momentos carregados de ironia.
Em ZIPPER CATCHES SKIN, Alice volta a contar com a colaboração de Dick Wagner, após um hiato de 4 anos e dois álbuns. Esse retorno de Wagner, por si só, deu uma revigorada no som do álbum e na interpretação de Alice. É inegável que essa parceria Cooper / Wagner funciona muito bem. Wagner parece entender como ninguém a proposta de Alice no que se refere a seu humor irônico e, por vezes, sarcástico. Não se pode ignorar, porém, a importância do guitarrista John Nitzinger, compositor de prestígio na época, além do baixista e co-produtor do álbum, Erik Scott e de todos os competentes músicos que atuam aqui.
"ZIPPER" abre com "Zorro’s Ascent", uma homenagem de Alice ao herói dos quadrinhos e da TV dos anos 50 e 60. O som predominante da bateria do cubano Jan Uvena dá o tom dessa homenagem a Don Diego de la Vega.
Em seguida, o bom e velho hard rock da dupla Cooper/Wagner dá as caras na clássica "Make That Money (Scrooge’s Song)" que homenageia o personagem "O Avarento" e, por tabela, Tio Patinhas (Uncle Scrooge).
A seguir vem o tema do filme Class Of ’84 (Os Donos do Amanhã), composta pelo letrista Gary Osbourne e pelo argentino Lalo Schiffin, autor de temas para filmes como Missão Impossível.
Essa faixa e a seguinte "No Baloney Homosapiens (For Steve and E.T)" são as que mais lembram a interpretação vocal dramática, marca registrada de Alice Cooper desde o início da carreira.
O lado B do LP abre com "Adaptable (Anything For You)", faixa na qual, novamente se destaca a bateria de Jan Uvena . O new wave volta com carga total em "I Like Girls", interpretada em parceria com Patty Donahue, então vocalista da banda The Waitresses. Um potencial hit "perdido" como tantas outras músicas de Alice no início dos anos 80.
O final de I Like Girls "emenda" com o início de "Remarkably Insincere". Aqui sim, Alice Cooper, o sarcástico e irônico ressurge em plena forma. Essa música não faria feio em nenhum dos álbuns mais clássicos do cantor, na primeira metade dos anos 70.
Essa música praticamente forma uma dobradinha com "Tag, You’re It" (essa frase equivale ao nome da brincadeira de criança conhecida no Brasil como pega-pega). "Tag" é uma homenagem mais crua aos filmes de horror B (splatter films) tão em voga à época (em especial os da série Halloween, entre outros).
A próxima faixa é talvez a mais divertida do álbum: "I Better Be Good". (Melhor eu ser bonzinho). Uma faixa cujo formato "para e volta" dá a tônica da indecisão e do arrependimento do personagem que hesita em fazer tudo o que quer, apenas pelo medo de ser punido pelos pais, pela escola e pela sociedade. Nessa faixa e na seguinte destacam-se os vocais de Flo and Eddie (ex-membros da banda de apoio de Frank Zappa, The Mothers Of Invention, e presença constante nos álbuns de Alice Cooper na década anterior).
O álbum fecha com I'm Alive (That Was The Day My Dead Pet Returned to Save My Life), uma música, como grande parte desse álbum, praticamente mais "falada", do que "cantada" por Alice.
NOTAS:
ZIPPER CATCHES SKIN não teve uma tour para promovê-lo, e, infelizmente, nenhuma de suas músicas jamais foi executada ao vivo.
LANÇAMENTO: Agosto de 1982
FAIXAS:
01 Zorro's Ascent (Cooper, Nitzinger, Scott, Steele) [3:56]
02 Make That Money (Scrooge's Song) (Cooper, Wagner) [3:30]
03 I Am The Future (Schifrin, Osborne) [3:29]
04 No Baloney Homosapiens (Cooper, Wagner) [5:06]
05 Adaptable (Anything For You) (Cooper, Scott, Steele) [2:56]
06 I Like Girls (Cooper, Nitzinger, Scott) [2:24]
07 Remarkably Insincere (Cooper, Nitzinger, Scott) [2:07]
08 Tag, You're It (Cooper, Nitzinger, Scott) [2:54]
09 I Better Be Good (Cooper, Scott, Wagner) [2:48]
10 I'm Alive (That Was The Day My Dead Pet Returned To Save My Life) (Cooper, Scott, Wagner) [3:15]
FICHA TÉCNICA:
Produced and Arranged by Alice Cooper and Erik Scott
Recorded and Mixed by Dee Robb at Cherokee Studios Los Angeles
"I Am The Future" Produced by Steve Tyrell, recorded by Ed Barton at Jennifudy Studios, Los Angeles.
Photography by Jonathan Exley
Cover concept by Alice Cooper and Jonathan Exley (The blood is Renfields!)
Art Direction/Design: Jimmy Wachtel
MÚSICOS
Erik Scott – Bass
Jan Uvena - Drums, Percussion
John Nitzinger – Guitar
Richard Wagner – Guitar
Mike Pinera – Guitar
Billy Steele – Guitar
Duane Hitchings – Synthesizer
Alice – Synthesizer
Craig Kampf – Percussion
Frannie Golde, Joanne Harris, Flo and Eddie - Backing Vocals
Patty Donahue - Vocals and Sarcasm
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