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Resenha - Atomic Soul - Russel Allen

Por Bruno Coelho
Postado em 30 de maio de 2006

Nota: 9 starstarstarstarstarstarstarstarstar

Lançado já há algum tempo pela Hellion, Atomic Soul, trabalho solo do vocalista Russel Allen, une as duas palavras de seu título com perfeição. Cantando de forma bem mais despojada do que em sua banda, o Symphony X, Sir Russel Allen parece jogar toda sua alma na garganta, misturando sua potência com a rifferama hard rocker anos 70/80 até atingir níveis atômicos. Se você tinha até hoje torcido seu nariz a tudo que levava o rótulo Hard Rock, está na hora de rever seus conceitos, como dizia uma recente propaganda da FIAT. Atomic Soul é um trabalho que realmente se destaca entre tantos outros lançados em 2005.

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Abrindo com "Blackout", o disco já parece avisar aos fãs do trabalho de Sir Russel no Symphnony X que o som vai ser murro após murro no queixo. Riffs pesadíssimos, vocais rasgados cheios do "drive" característico do vocalista, tornando tudo bem mais sujo e direto, reacendem o espírito de décadas passadas com menos glitter, menos farofa e muito mais "bolas" do que se costuma ouvir.

"Unjustified" entra com riffs que soam como uma bigorna sendo arrastada em asfalto bruto. A voz segue na mesma pegada,como se Russel tivesse brita na garganta. Referências claras de Rainbow, Dio e até, mais distantemente, um pouco de Soundgarden - referências estas abertamente declaradas pelo próprio vocalista: "Eu era fascinado por bandas como Rainbow, Dio, Led Zepellin e Black Sabbath. Mais tarde Badlands, Alice in Chains e Soundgarden". E toma-lhe o groove que já citei por toda a faixa.

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"Voodoo Hand" dá pitadas de Southern Rock ao trabalho, sendo uma faixa bem mais melodiosa que as duas primeiras. O refrão grudento e, mais uma vez, a performance soberba do vocalista, fazem desta faixa um dos maiores destaques do álbum. A cadenciada "Angel" precede a performance mais limpa e calma da também cadenciada "The Distance". Apesar de não encantarem como as que abriram o disco, as faixas servem para mostrar o quão versátil a voz de Sir Russel é e põem em evidência um pouco do lado suave de sua voz.

"Seasons of Insanity" é mais um grande destaque do disco. Melodiosa, acelerada e com Russel alternando seus vocais entre a brutalidade e a leveza, a faixa ainda conta com um dos melhores refrãos da obra inteira. Mais uma vez os riffs vêm na cara e o solo de Michael Romeo, apesar de curto, mostra que nada neste disco foi "feito nas coxas". Há muito cuidado em cada uma das faixas e o bom gosto de Allen em cada uma de suas composições - sim, ele compôs e produziu tudo - transparece a vontade de não jogar apenas um caça-níqueis para fãs no mercado.

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"Gaia" aparece para esfriar os ânimos e se você havia, por motivos que não consigo entender, cansado do disco até aqui, não pôde ouvir mais um show de Allen em "Loosin' You". Todos os fãs do vocalista precisam conhecer esta faixa. Apaixonante, cheia de groove e com linhas de voz surpreendentes para aqueles que só conhece o trabalho dele no Symphony X ou até para quem apenas apreciou seu trabalho no projeto The Battle, ao lado do não menos excelente vocalista Jörn Lande (ex-Ark e Masteplan).

Festa! Whiskey! Southern Rock! "Saucey Jack" prolonga a pegada grooveada de "Loosin' You" em um disco que, se até agora não tiver te feito bater cabeça, estalar os dedos e querer dirigir rápido pelas ruas da cidade com uma gata do lado, brother, certamente vai te ter feito pelo menos sorrir com o bom gosto das composições...

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A longa "We Will Fly" é a cereja no topo do bolo, acrescentando tons progressivos ao álbum e tornando influências de Deep Purple ainda mais claras. O vocal melodioso e menos rasgado, com linhas muito bonitas, faz dessa a minha faixa favorita no álbum. Um feeling diferente, transmitido desde o verso de abertura: "So here we are... It's the world against us again". Mais uma prova de que é possível identificar um disco feito com o coração quando ele também chega ao nosso.

A faixa-título fecha o álbum com pegada. Mais rápida que qualquer outra, "Atomic Soul" é também destaque, com mais um solo inspirado de guitarra e outro de mellotron (feito por Jens Johansson, do Stratovarius) que são imperdíveis!

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Vale destacar a presença de outro companheiro de Russel no Symphony X, o baterista Michael Pinella, que, junto com Michael Romeo, desfila por algumas das faixas do álbum.

Se é diversão e bom Hard Rock o que se procura, Atomic Soul é o álbum certo para você. Um companheiro mais que bem vindo em qualquer bebedeira homérica de sábado a noite. O problema vai ser encontrar um companheiro para este álbum no seu CD Player, já discos com tanta pegada são difíceis de encontrar e Hard Rock farofa e mal feito é o que não falta nos dias de hoje - ou até nas décadas que inspiraram este aqui...

Tracklist:
1. Blackout
2. Unjustified
3. Voodoo Hand
4. Angel
5. The Distance
6. Seasons Of Insanity
7. Gaia
8. Loosin’ You
9. Saucey Jack
10. We Will Fly
11. Atomic Soul

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Sobre Bruno Coelho

Bruno Coelho é Arquiteto, escritor, poeta, produtor de eventos, pai, tradutor, intérprete e professor de inglês. Morou em cinco capitais brasileiras e hoje dedica-se ao árduo labor de organizar eventos na capital maranhense de São Luís. Fã do Dream Theater, Tool, Symphony X, Pain of Salvation e Evergrey, encontra espaço pra novas bandas e vertentes sempre.
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