Judas Priest: como surgiu "Painkiller", um dos marcos da história do heavy metal
Por Tchelo Emerson
Postado em 18 de fevereiro de 2023
O canal Metal Musikast no Youtube está revisitando toda a discografia do Judas Priest. A série JUDAS PRIEST - DISCOGRAFIA COMENTADA terá um total de 18 vídeos com resenhas detalhadas. São muitas informações e curiosidades sobre cada um dos álbuns de estúdio da banda britânica
Em 2022 a banda Judas Priest teve vários motivos para comemorar. Além de completar 50 anos de atividade, os ingleses foram nomeados para o Rock and Roll Hall of Fame, oportunidade em que convidaram os ex-membros K.K. Downing (guitarrista e um dos fundadores da banda) e Les Binks (bateria) para uma festejada participação no evento.
As celebrações continuam na estrada, já que o Judas Priest ainda está em turnê mundial que passou pelo Brasil, com participação na primeira edição do KNOTFEST em 18 de dezembro, no Sambódromo do Anhembi, em São Paulo, e no dia 15 do mesmo mês na casa de espetáculos VIBRA, também na capital paulista.
O décimo segundo vídeo da série traz uma resenha completa do álbum "Painkiller".
Você pode ver o vídeo completo no player a seguir
No final dos anos 90 o Judas Priest já tinha uma carreira consolidada no cenário do heavy metal mundial. Desde os primeiros passos com o álbum "Rock Rolla", passando pelos clássicos setentistas, até culminar no imenso sucesso alcançado com os discos "British Steel" e "Screaming for Vengeance", os ingleses tinham atravessado várias fases e diversas possibilidade musicais que vinham agregando à sonoridade do heavy metal tradicional.
Na segunda metade dos anos 80, influenciados pelas tendências musicais em voga nos Estados Unidos, o Judas Priest lançou um de seus álbuns mais experimentais: Turbo. Guitarras sintetizadas e uma abordagem mais próxima do "hair metal" praticado naquele país levaram o som da banda a níveis mais, digamos, comerciais e melódicos.
Como o álbum seguinte, "Ram it Down", os ingleses tentaram voltar para uma sonoridade mais pesada e voltada para o heavy metal tradicional que os consagrou. Entretanto, desentendimentos com o então baterista Dave Holland (o que levou a banda a gravar o disco com bateria eletrônica), uma certa saturação em relação ao trabalho com o produtor Tom Allom e algumas distrações que os principais compositores da banda ainda tinham em relação à dúvida se deveriam apostar numa sonoridade mais pop, foram fatores que frustraram os planos do Judas Priest.
Quando os guitarristas K. K. Downing e Glenn Tipton se reúnem com o vocalista na Espanha para trabalharem sobre as ideias musicais de cada um, os compositores do Judas Priest decidem que teriam que compor o disco mais intenso e pesado de toda a carreira da banda.
O que os levou a pensar assim foi o conhecimento sobre o cenário do heavy metal mundial na época, já que havia um novo subgênero do heavy metal, o thrash metal, que estava elevando algumas bandas mais jovens ao patamar de novas revelações da música pesada. Estamos falando de Metallica, Megadeth, Anthrax, Testament, entre outras.
Atento a isso, os três compositores do Judas Priest decidem contratar o produtor Chris Tsangarides, que já havia trabalhado como assistente de produção e engenheiro de som nas sessões de gravação do clássico "Sad Wings of Destiny" (1976). Com o passar daqueles anos, Tsangarides tinha acumulado mais experiência produzindo Tygers of Pan Tang, Thin Lizzy, Magnum, dentre outros. Mais que isso, o produtor conhecia bem a nova linguagem musical das bandas de thrash metal, o que poderia trazer uma sonoridade atualizada para o Judas Priest.
Outro fator que contribuiu para a criação do álbum "Painkiller" foi a troca de bateristas. Dave Holland já estava cansado da rotina de turnês e gravações e acabou deixando a banda após uma discussão acalorada com Glenn Tipton. Para o seu lugar chegou Scott Travis, um baterista técnico e afeito a linhas de bateria mais complexas. Se nos anos 80 o Judas Priest pode contar com o estilo minimalista de Dave Holland para compor músicas de apelo comercial que agradaram em cheio os fãs norte-americanos de rock clássico ou hair metal, agora havia chegado o momento de retomar as linhas mais ricas e técnicas que um metal mais pesado exigia. Para isso Scott Travis era um nome adequado, pois já demonstrava sua técnica e seu virtuosismo na banda Racer -X, influenciado por John Bonham (Led Zeppelin) e neil Peart (Rush).
A introdução da faixa-título, que abre o "track list" do disco, já era a declaração de intenções de toda a banda: compor um disco pesado e intenso, no qual a bateria assumia a mesma importância das guitarras e do vocal.
"Hell Patrol", a música seguinte, mantém as características que serão observadas em todo o álbum: bases de guitarra pesadas e intensas, com solos virtuosos, ao lado de linhas de bateria exibindo técnica e virtuosismo, junto com interpretações viscerais e versáteis do vocalista Rob Halford.
O álbum mantém o mesmo padrão a todo o tempo, nivelando a qualidade por cima. Numa obra tão pesada e intensa, não havia espaço para uma balada. Mas a banda conseguiu compor uma música mais cadenciada e épica, "A Touch of Evil".
Questão muito discutida pelos fãs foi a participação do tecladista Don Airey, que tocou as linhas de baixo num sintetizador Moog, pois o baixista Ian Hill não estava presente nas sessões de gravação.
"Painkiller" foi lançado em setembro de 1990. Na verdade, o disco estava pronto desde abril, mas a banda teve que responder a um processo judicial absurdo por alegadas mensagens subliminares em músicas do álbum "Stained Class", o que acabou atrasando o lançamento do álbum.
A turnê de promoção do "Painkiller" teve início em Montreal, no Canadá, no dia 18 de outubro de 1990, tendo o Megadeth e Testament, na América do Norte; e Annihilator e Pantera, na Europa.
Foi na turnê do "Painkiller" que o Judas Priest fez sua estreia em palcos brasileiros, com o memorável show de 23 de setembro de 1991 na segunda edição do Festival Rock in Rio.
A capa ficou a cargo do artista Mark Willkinson, que já havia trabalhado em "Ram it Down" e traz uma série de simbologias próprias do Judas Priest.
Rob Halford disse: "Decidimos gravar o álbum mais forte, intenso e poderoso de nossa carreira. 'Painkiller' é o Sgt. Peppers do Priest. É o nosso grande marco de referência musical, que serve de parâmetro para todo o resto".
O vídeo é o décimo segundo da série chamada "JUDAS PRIEST. - DISCOGRAFIA COMENTADA", que vai abordar curiosidades sobre todos os álbuns da banda britânica, que é considerada por muitos a precursora do próprio heavy metal.
METAL MUSIKAST no Youtube é um novo canal para os fãs de metal encontrarem muita informação e histórias sobre as principais bandas de várias vertentes do metal.
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