Motörhead: Philip Campbell - O cara que não foi
Por Rodrigo Contrera
Postado em 21 de julho de 2016
Quem assistiu as exéquias do Lemmy, transmitidas ao vivo lá de Hollywood, e iniciadas, num lindo discurso do filho do Cara, deve ter notado uma ausência: o guitarrista do Cara.
Phil dividia as guitarras da banda dominada e guiada pelo baixo, quando começou, pelo Wurzel, que foi saído porque tava lá só por estar - o Lemmy conta na bio.
Phil nunca se recusou a ser a presença secundária fundamental do cara que pensava em 4 cordas (tentava em seis, mas não conseguia). Nunca chamou a atenção para si, e tinha - poucos sabem, basta reparar - escrito WANKER no peito. Wanker é punheteiro, tem coragem, você aí?
Várias vezes, entrevistados comentaram, durante a história da banda, que Mr. Campbell era subestimado. Não sei como avaliar, mas acredito neles. Pois, ao contrário de Mickey Dee, "the best drummer of the world", nos dizeres do Lemmy, Phil era recatado.
Mas só lhes peço que reparem no olhar dele, nos shows. O cara é duro, talvez até mais que o Lemmy, e desencanado. Ele, pelo que sei, tem esposa e tudo, mas não gosta dos holofotes. Só fica mesmo embaixo deles porque sua vida, a vida que escolheu, foi essa.
Daí minha singela teoria. Phil sabia que quando a maior garota do Lemmy morreu este não foi ao enterro. E, sabedor de todas as histórias do grande amigo, não quis vê-lo morto. Nem chamar a atenção. Nem discursar. Nem falar (ele pouco fala).
Até porque, venhamos e convenhamos, o próprio Lemmy talvez fosse rir para caralho ao vê-lo fazendo papelão.
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