Futebol e Rock n' Roll: a história de um tri mundial
Por Alexandre Capitão
Postado em 17 de dezembro de 2015
Essa é uma história de futebol e rock´n roll.
Há 10 anos atrás, exatamente no dia 18 de dezembro de 2005, eu saía de casa para ver Marcelo Nova na Status Show em Santo André. Eu já fazia parte da sua trupe, já havia sido aceito pelo grupo, e principalmente por Marcelo Nova que já abrira as portas para minha presença.
Saí de Campinas onde morava, e fui para a casa do Ari Mendes, manager de Marceleza, de onde partiria a van em direção à casa de show. Naquela noite, o rei do rock não passaria o som. Sua jovem banda na época era formada por Denis Mendes (bateria), Stevan Sinkovitz (guitarra), Fabiano Fabi (guitarra) e Cesar "Urso" Peto (baixo). Eu era solteiro, não tinha filhas, não tinha hora pra ir, nem hora pra voltar. Minha única preocupação naquela noite, além do show em si, era meu time. O glorioso São Paulo Futebol Clube jogaria a final do Mundial Interclubes na madrugada após o show, e eu tinha que estar inteiro e acordado, torcendo pelo tricampeonato.
Ao ouvir meus planos, voltar pra casa, dormir um pouco ou ficar acordado para ver o jogo, Cesar Peto convidou a todos para assistir o jogo na sua casa. Sairíamos do show direto pra lá. Além de mim, o Fabi aceitou o convite, mesmo não sendo sãopaulino. Assunto jogo resolvido, voltei a focar minha atenção para o show.
A Status era uma casa muito interessante, boa estrutura, palco grande. A expectativa era de um grande show. O Charlie Brown Jr. também se apresentaria. Os meninos passaram o som e fomos para o camarim, aguardando a chegada do Marcelo. Sempre pontualíssimo, logo estava lá, com a primeira dama, Inêz Nova.
Com a casa lotada gritando "bota pra fudê", Marcelo subiu ao palco para o principal concerto da noite. Ele não elaborou set list, mas sabia muito bem para onde queria conduzir todos aqueles jovens, à frente ou em cima do palco. E foi disparando uma um hit atrás do outro, porrada atrás de porrada. E uma das coisas que marcou sua performance naquela noite, foram as poucas palavras. Ele pouco falou, adotando o estilo Mike Tyson, sem dar tempo pra respirar.
Assisti ao show me alternando entre a parte de trás do palco e o espaço à frente dele. Olhando-o de frente, vi um Marcelo Nova sedento, com o olhar de predador encarando a presa. Olhando de trás, pude ver uma plateia dominada e entregue ao seu comandante. E dali, fui privilegiado ao ver o ato final desse concerto, com o rei do rock dividindo a bateria, enquanto Santo André queimava junto com Joana D´arc. Meu Deus, fui direto para o balão de oxigênio.
A casa de shows não havia sido projetada para o atendimento dos fãs, com isso Marceleza não pode atender à todos, como sempre faz após seus concertos. Mesmo assim, consegui colocar dentro do camarim Douglas Bustus, um amigo que tinha ido de Jacareí para ver o show. Como é bom poder fazer isso...
Deixamos o ABC na mesma van. A primeira parada foi no condomínio dos Nova, na Zona Sul de São Paulo. Chovia a cântaros. Inêz e Marcelo desceram correndo, mas da maneira que chovia, era impossível não terem se encharcado. Seguimos sem eles em direção ao outro lado da capital paulista, a última parada seria retornar à casa do Ari. Ele, Denis e Stevan foram para suas casas. Pegamos os carros, e partimos para o segundo ato da noite, o tricolor do Morumbi em campo.
Encontramos um belo lanche preparado pela esposa do Cesar Peto. A família Urso se mostrou uma grande anfitriã. Nos fartamos de comer, e como haviam algumas horas para o início do jogo, decidimos por dormir um pouco. Ainda excitado pelo show do Marcelo Nova, estando num ambiente novo pra mim e aguardando pelo jogo mais importante da história do meu clube, a adrenalina não me deixou fechar os olhos. O sol começava a nascer, e logo estávamos juntos na sala do apartamento.
São Paulo Futebol Clube e Liverpool Football Club estavam em campo, mas o time vindo da terra dos Beatles já saiu para a pressão, mostrando que não queria dar chances para o time da terra de Marcelo Nova. Com um elenco digno de seleção, contando com craques como Gerrard, Reina, Morientes, Luis Garcia, Xabi Alonso e Peter Crouch, arma para a bola aérea com seus 2 metros de altura, e comandados por Rafa Benitez, atual treinador do Real Madrid. Conseguiu entender o tamanho da encrenca? Do lado tricolor, os destaques eram o mito Rogério Ceni, Amoroso, e Lugano "paulada".
O Liverpool começou partindo pra cima de forma incrível. Assistindo o jogo com um palmeirense, fora de casa, e diante de um esquadrão decidido a matar logo o certame, comecei a pensar se tomei a temer pelo pior, mas a salvação logo se anunciou. Um corintiano invadiu o campo querendo tirar onda, a partida foi interrompida e o torcedor rival foi para as confortáveis instalações do sistema carcerário japonês. A parada esfriou o ímpeto inglês, quando o jogou recomeçou, Diego Lugano passou a mão na bunda da Penny Lane, e com os ânimos reajustados, o São Paulo igualou o jogo, e mostrou sua força. Numa rápida troca de passes, Aloísio "Chulapa" colocou o volante Mineiro, na cara do gol. E com uma frieza só encontrada nos atacantes, Mineirinho deslocou o goleiro e tocou no outro campo. 1 a zero, São Paulo.
O que se viu a seguir foram infindáveis tentativas do Liverpool superar Rogério Ceni, mas o melhor jogador da história do São Paulo fez da partida mais importante da sua vida, sua melhor atuação, sendo eleito pela FIFA como MVP do torneio.
E assim o álbum branco ganhou faixas preta e vermelha, e o mundo se tornou tricolor pela terceira vez.
De joelhos, dei uma "volta olímpica" ao redor da mesa de centro da sala do Cesar Peto, principalmente para aborrecer o Fabi, que torceu contra durante o jogo todo.
Infelizmente perdi o contato com esses músicos e bons caras. Não tive mais notícias do Fabi após ele deixar de ser guitarrista do Marcelo Nova. O Urso conseguiu destaque junto com a banda de hard rock Shadowside, gravando, co-produzindo e compondo para o belo álbum Dare to Dream, chegando a excursionar internacionalmente. Mas atualmente, não sei como anda seu trabalho.
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Essa foi uma noite perfeita. O rock do Marceleza, o futebol do São Paulo, e a conquista do mundo, unidos no mesmo girar de relógio. O privilégio de assistir meu ídolo, e ver meu time sagrar-se campeão mundial pela terceira vez. Inesquecível.
Ao mesmo tempo que essa conquista completa 10 anos, o M1to Rogério Ceni encerra sua carreira. Ceni e Nova, dois reis em seus reinos, únicos e incomparáveis naquilo que fazem. Felizes aqueles que vivem na mesma época que seus ídolos.
Futebol, tricolor e rock´n roll, meu Deus como isso é bom.
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