Black Sabbath: da magia negra até o pó branco
Por Andrezinho Martini
Fonte: Guardian
Postado em 13 de junho de 2013
O que segue abaixo é a tradução de um trecho de uma matéria de autoria de Paul Lester, publicada no Guardian.
O metal sombrio e monolítico do Black Sabbath, que capturou a escuridão no final dos anos 60 quando o sonho hippie azedou, é imortal mas seus criadores são tão suscetíveis as efeitos do tempo como todos nós. Eles criaram as fundações de toda uma sub-cultura - a MTV os colocou em primeiros numa lista das maiores bandas de heavy metal enquanto todas as gerações, desde o 'new wave of british heavy metal' do final dos 70 até o grunge, os proclamam 'Os Padrinhos' - mas eles não estarão ai pra sempre.
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Novamente, eles estiveram curando feridas desde o fim dos anos 60. Butler relembra ter experimentado terríveis problemas de rim, acreditando que iria morrer. Foi quando seus pais, rígidos católicos que iriam 'chicotear e bater' nele se xingasse ('Por isso,' ele diz, 'eu raramente xingo hoje em dia'), testemunharam o real processo de imersão de seu filho nas artes obscuras: eles ficaram horrorizados ao ver seu quarto pintado de preto, com toda sua coleção de parafernálias satânicas.
'O médico ligou pra que eles me levassem pro hospital,' ele lembra, sempre o cômico Brummie, 'e meu pai veio, tipo, 'Mãe do céu!', arrancando todas as cruzes invertidas e figuras de Satã das paredes.'
De acordo com Butler, que foi responsável por grande parte das letras ao longo do tempo, quando eles se juntaram, o Black Sabbath nunca pretendeu festejar o mal, mas esgueirar lentamente a malevolência pela sociedade. 'Guerra era o tema principal [de nossas letras],' diz Butler. 'Meus irmãos estavam todos no exército e eu pensei que eu teria que ir lutar no Vietnam. E tinha a bomba atômica e o sentimento de que todos iríamos acabar explodindo.'
'Era paz e amor,' intervém Iommi, 'mas de repente isso foi pro buraco.' O Sabbath sempre foi associado com o sinistro, mas eles se afastaram do cargo de precursores do apocalipse após Butler ter uma visão do diabo no fim de sua adolescência. 'Era uma forma preta,' ele diz, 'com chifres e tudo. Eu pirei. Foi ai que começamos a alertar contra o satanismo.'
Surrealmente, Butler lembra estar no topo das paradas com 'Paranoid' e ter uma conversa sobre forças superiores com Cliff Richard. 'Eu usava uma cruz do Sabbath [de porta cabeça] e ele disse: 'Oh, você é cristão?' e eu disse:' É, eu era bem religioso,' ele diz, 'mas eu não acredito em mais nada agora.'
Questionado sobre fé após ser confrontado pela sua própria mortalidade, Iommi diz que acredita em deus. Butler, que ainda usa um crucifixo ao redor do pescoço, acrescenta: 'Eu tenho quando estou em um avião - a primeira coisa que faço é rezar.' Com relação a Osbourne, quem criou o título da música 'God is Dead?', ele tem dúvida, mesmo falando com a convicção de devoto.
'Eu fiz um bom trabalho tentando me matar por 64 anos,' ele diz no telefone de sua casa em LA. 'Mas alguma coisa me manteve vivo. Eu não sei se é deus, destino ou sei lá. Eu sou mente aberta. Mas não acredito em religião organizada de maneira alguma.'
'Nós nunca fomos ocultistas,' ele diz. 'Era um hobby, até começarmos a ser convidados para rituais de magia negra em cemitérios. Ai fui acusado de fazer isso e morder aquilo e apareciam pessoas fazendo piquetes nas arenas com banners. Mas se você ouvir as músicas não tem nada que seja pró-magia negra ou pró-satanismo. É como 'God is Dead? no final a letra diz: 'eu não acredito que deus esteja morto. Mas eles só ouvem as palavras 'deus está morto.''
Por três anos eles foram uma das maiores bandas do mundo. Seguindo o sucesso de Black Sabbath (1970), Paranoid (1970) e Master of Reality (1971), eles se viram, juntamente com o Led Zeppelin e o Deep Purple, como pioneiros de um movimento de rock pesado e progressivo. Eles eram ainda maiores nos EUA, onde foram gravar seu quarto album, Black Sabbath Vol. 4, em 1972. Mas daí, o problema não era a magia negra, mas sim pó branco.
'Nós éramos jovens rapazes, fazendo o que rapazes fazem,' diz Iommi, se referindo ao seu prodigioso consumo de cocaína - o álbum continha uma faixa chamada 'Snowblind' [Snow: Neve; Blind: cego]. Enclausurados em uma mansão em Bel Air, seu comportamento degenerado, envolvendo substâncias e groupies, era, relata Butler, equiparável ao de Calígula.
Iommi dispensa a ideia de que ele, Butler e Ward eram a fundação da banda para as excentricidades de Osbourne. 'ninguém conseguia controlar ninguém,' reflete o guitarrista, que quase sofreu uma overdose uma noite no Hollywood Bowl. 'Eu estava cheirando coca de tudo quanto é jeito, usando quaaludes [pílulas para dormir], e sabe deus o que mais. Nós costumávamos ter [cocaína] fluindo num avião particular.'
Vol. 4, diz Butler, custou $60.000 - $15.000 a menos que a conta de cocaína. O baixista relembra quando alguém batizou sua bebida com ácido, fazendo com que tentasse 'por um fim a isso' pulando da janela do hotel. 'Tony e Bill tinham que me segurar na cama,' ele se arrepia. 'eu comecei a parar com as drogas depois disso.'
O texto completo (em inglês) está no link abaixo:
http://www.guardian.co.uk/music/2013/jun/06/black-sabbath-cocaine-private-plane
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