X Japan
Por Rafael Benevides
Postado em 06 de abril de 2006
Tudo começou entre amigos, como se inicia uma banda qualquer. Mas esta "banda qualquer" era mais incomum que as outras. Primeiro, formar uma banda de rock no Japão aparentemente não era uma idéia muito promissora nos anos 80, mais precisamente em 1982, quando Yoshiki Hayashi terminava o colégio junto com seu amigo de infância, Toshimitsu Deyama. Yoshiki convidou Toshi para irem a Tokyo, montar uma banda de rock.. Toshi planejava fazer faculdade de medicina, mas acabou aceitando. Muito bem, temos uma banda, e o que seus integrantes podem fazer? Toshi canta bem, sabe atingir tons muito altos. E Yoshiki estudou piano desde os 5 anos e é bastante habilidoso com a bateria. Com a ajuda de Yuji e Tomo nas guitarras e Tokuo no baixo, uma banda chamada NOISE (que posteriormente mudou seu nome pra X) começou a se apresentar por Tokyo e chegou até a gravar um single, I’ll Kill You.
Como eu já disse, ter uma banda de rock no Japão, nessa época, não era muito fácil. O X não era a única, mas até então nenhum grupo havia conseguido grande destaque na mídia. Porém, Yoshiki era um homem de visão, e sua mãe acreditava nele. Tanto que vendeu o negócio da família e deu todo o dinheiro pro filho criar, em 1986, a famosa Extasy Records e dar mais impulso à sua banda. Seu primeiro lançamento foi o single Orgasm. Nessa época a formação era Toshi, Jun (guitarra), Hikaru (baixo) e Yoshiki.
Em 1987, Taiji substitui Hikaru e hide substitui Jun, junto com o guitarrista Isao, que deixou o grupo por um acidente e deu lugar a Pata. Estava estabelecida a formação clássica do X.
O primeiro álbum, Vanishing Vision, sai quando eles ainda são independentes, em 1988. Foi um sucesso absoluto. Cerca de 10.000 cópias vendidas nas primeiras semanas. Sucesso esse que garantiu posições na Oricon (Original Conference ~ o ranking dos mais vendidos no Japão). Este álbum era a síntese perfeita do lema da banda, "Psychedelic violence ~ Crime of visual shock" ("Violência psicodélica, crime do choque visual"). A maioria das músicas eram pesadas e rápidas, como Vanishing Love, I’ll Kill You e Kurenai. Mas também havia um pouco de drama (Alive) e a tradicional balada (Unfinished), além de outras músicas.
O X foi a primeira banda de rock nacional a fazer um grande sucesso no Japão. Chocando com seu visual e com suas músicas pesadas (alternando às vezes com melodias românticas ao som do piano de Yoshiki), eles não apenas popularizaram o rock em seu país, bem como colaboraram parar a próxima moda do Japão durante o resto dos anos 80 e 90: o Visual Kei. "Visual" vem do inglês e não vou "traduzir" pra não ofender sua inteligência. "Kei" vem do japonês e significa "linhagem". Portanto, "Linhagem Visual". As conseqüências do sucesso absoluto logo surgiram: um contrato com a gravadora Sony do Japão. Agora, X era uma banda major.
E para "debutarem", lançaram seu segundo álbum, Blue Blood, e um vídeo com o primeiro show major, "Bakuhatsu-Sunzen". Blue Blood era um álbum, digamos, sonoramente mais rico que o Vanishing Vision. Além das músicas mais agitadas como a própria Blue Blood, X, Orgasm e uma regravação de Kurenai, o disco tem músicas mais leves e fáceis de ouvir como Week End e Celebration, contando também com Rose of Pain, onde Yoshiki com certeza se inspirou na "Fugue in G minor (BWV 578)" de Bach para compô-la, uma regravação de Unfinished e outras músicas. Foi iniciada uma turnê 89~90, chamada "Rose & Blood" e foram lançados singles e mais vídeos.
O álbum Jealousy foi lançado em 1991 e chegou a ficar em primeiro lugar na Oricon. Este parece ser um trabalho mais "descompromissado", com relação ao álbum anterior. Fora, Silent Jealousy e Stab Me In The Back, as outras músicas são mais tranqüilas. Aliás, Love Replica é um tanto... diferente, por assim dizer. E é também nesse álbum que é gravada a balada Say Anything, cujo "modelo" Yoshiki usou em algumas outras canções muito tocantes e famosas. Mais singles, vídeos, shows, e a essa altura do campeonato o X já estava aparecendo bastante na TV também. A banda segue com a turnê "Violence in Jealousy". Ainda em 91, Yoshiki realiza um trabalho aparte do X, com seu amigo Tetsuya Komuro (do grupo de música eletrônica globe). Os dois formam o grupo V2 e gravam o single Virginity, com Yoshiki no piano e na bateria e Komuro no vocal.
O ano de 1997 foi o fim para o grupo. Começou com o lançamento de Dahlia The Video – Visual Shock Vol. 5 Part I e depois Dahlia The Video – Visual Shock Vol. 5 Part II. Em 22 de setembro o X anuncia seu fim e o último show, dia 31 de dezembro no Tokyo Dome. O motivo para Yoshiki decidir encerrar a carreira da banda é o fato do vocalista Toshi ter saído dela. Em entrevistas posteriores Toshi afirmou categoricamente que não é o mesmo homem que há 10 anos e repudia tudo relacionado a X. Chegou até mesmo a leiloar as roupas que usava no grupo. Ele disse que por mais que se dedicasse à banda, sempre havia algo faltando. O porquê de tudo isso? Sabe-se que nesse ano Toshi casou-se com a atriz Kaori Morisumi. Ela fazia parte de uma seita chamada Remuria. Por influência de sua esposa, Toshi juntou-se à seita, e dizem as más línguas que seu guru (acusado de ter ligações com grupos terroristas no Japão) teria feito uma espécie de lavagem cerebral no cantor. Há também o fato de que Toshi não tinha vontade de ser um astro do rock quando jovem. Yoshiki o convenceu a entrar nessa e, juntamente com hide, o ensinava como se comportar em apresentações, como cantar, se maquiar, etc. Toshi era tido como o cantor perfeito e insubstituível para as músicas do X. Por isso, e por se sentir abalado, Yoshiki dissolveu a banda.
Enfim, os lançamentos antes do último concerto foram os álbuns LIVE LIVE LIVE, LIVE LIVE LIVE EXTRA, Ballad Collection e Singles – Atlantic Years, também o single Forever Love (Last Mix) e o vídeo Dahlia Tour Final 1996. Após o final da banda também houve lançamentos. Em 98, os álbuns X Japan Live in Hokkaido 1995.12.4 e Art of Life Live e o single The Last Song. Em 99, o album X Perfect Best e o video The Last Live. E em 2002 o lançamento mais recente, Trance X, com remixes eletrônicos das músicas da banda, feitas por diversos DJs.
Hide era o ex-membro mais promissor. Iniciou sua carreira solo em 1994, quando a banda já não estava tão ocupada. Seu sucesso era crescente, principalmente depois do fim do X, quando ele pôde se dedicar inteiramente a seus projetos pessoais. Sua banda suporte ganhou nome e juntos eles formara o hide with Spread Beaver. hide também montou uma banda nos Estados Unidos, Zilch. Yoshiki até tinha planos para o retorno do X, com hide no vocal. Porém, em 98, dia 02 de maio, uma tragédia atingiu os fãs. hide foi encontrado morto em seu apartamento, com uma toalha amarrada a seu pescoço e à maçaneta da porta do banheiro. Os motivos para que ele tenha cometido tal ato não são de conhecimento público, mas alguns afirmam que a letra da música Pink Spider é sua carta de suicídio. O ocorrido abalou também diversos músicos, que se reuniram junto com os fãs no funeral do ídolo para prestarem uma última homenagem. Yoshiki, Pata, Heath e Toshi realizam uma última performance de Forever Love. I.N.A., ex-percussionista e programador do Spread Beaver (também foi roadie do X), formou a banda Dope HEADz com Pata e Heath. O grupo participou do cd lançado em homenagem a hide, que contou também com outras bandas como Luna Sea e GLAY. Pata e Heath já haviam previamente realizado trabalhos solos paralelamente ao X.
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