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Ten

Postado em 06 de abril de 2006

Por Leandro Testa

A amizade da namorada de Gary Keith Hughes e da garota com quem Vincent Burns vinha ficando, foi o estopim do que, anos depois, se tornou uma notável trupe de ‘hard melodic rock’ (nada festiva, mas sim classuda), simplesmente batizada como TEN. O primeiro contato ocorreu num pub inglês, por volta de 1987, quando os músicos felicitaram um ao outro pelas respectivas assinaturas de um acordo com gravadora, Hughes como artista solo, e Burns com sua antiga banda, DARE.
Logo que o cantor lançou seu disco, Vinny ficou muito entusiasmado com o resultado, com seu timbre único, propondo então, que ambos trabalhassem juntos algum dia.

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Conflitos com o beberrão vocalista do DARE, que andava sob muita pressão e ‘enchia a lata’ antes de subir aos palcos, acarretaram numa briga em um hotel de Berlim, e assim na saída de Burns, peça-chave no conjunto, tanto que a A&M Records, tão logo ficou sabendo do ocorrido, despediu-a de seu ‘cast’.

Prevendo o encerramento precoce do seu investimento, o ex-THIN LIZZY Darren Wharton, que conforme a lenda disse mais do que devia, tratou de pedir desculpas, mas isso não trouxe o ‘axe-man’ de volta. Assim, o outro tecladista, toda a equipe de roadies e o tour manager também decidiram pular fora. Como os remanescentes não conseguiam um novo contrato, Greg Morgan manteve por mais um pouco seu posto, e não havendo mais esperança, seguiu os passos de seus companheiros.

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Enquanto isso, o guitarrista egresso formou o "natimorto" SCREAMCHILD, e logo se juntou ao ASIA (abr-mai/92), substituindo Al Pitrelli (ALICE COOPER, SAVATAGE, MEGADETH), quando novamente tentou juntar forças com Gary. Sua saída em 1993 e o comprometimento em excursionar com o ULTRAVOX, fizeram com que ele próprio tivesse de adiar tais planos, algo que finalmente só veio a se concretizar em 1995.

Inicialmente a idéia era a de dar continuidade à carreira de Hughes, este que vinha procurando alguém mais hábil no manusear das seis cordas, e que auto-produziria aquele terceiro álbum. Mas com a confirmação de Mike Stone (JOURNEY, QUEEN, WHITESNAKE), seu ‘status’ trouxe um cheiro de oportunidade, e por fim, de um projeto nascia o TEN.

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No tempo em que a dupla esteve em concentração, Hughes (um compositor em potencial) aprimorou cerca de trinta músicas, dando prioridade àquelas que entrariam no debute auto-intitulado, o qual contou com diversos instrumentistas convidados, à exceção da bateria, que era programada.

Seguiu-se um processo demorado de mixagem, pulando de estúdio em estúdio, já que ela nunca ficava satisfatória. Entretanto, eles concluíram que alguém apropriado devia se encarregar das baquetas, e assim, Vinny recrutou seu ex-companheiro Greg Morgan, sendo necessária mais uma modificação de último minuto no produto quase finalizado. Enquanto isso, o segundo trabalho já vinha sendo gravado numa outra localidade, e, um mês depois, as partes eletrônicas já preparadas foram substituídas com a inclusão de Morgan.

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Para as iminentes apresentações, eles ainda precisavam completar seu ‘line-up’, e foi assim que a base do DARE voltava à ativa, evocando mais um velho conhecido, o baixista Martin "Shelley" Shelton, e ainda John Halliwell e Ged Rylands, ambos do KAGE, também da cidade de Manchester.

Em maio de 1996, a empreitada inicial atinge as lojas, obtendo reconhecimento imediato, com notas bastante elevadas nas publicações do gênero, especialmente no Japão, que se tornou o maior mercado para o grupo, tendo vendido, só no primeiro dia, 9.500 cópias das 18.000 disponíveis de X, o que o colocou em excelentes posições nos rankings oficiais daquele país.

A resposta inesperada fez com que a Zero Corporation, sua representante nipônica, demandasse urgentemente um sucessor, mas mal eles sabiam que este já estava pronto. No meio de setembro, The Name of the Rose emergia para arrebatar melhores colocações na "Terra do Sol Nascente", com 30.000 unidades comercializadas em dez dias.

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A turnê, que obviamente passou por lá, começou em Londres, e depois prosseguiu pela Alemanha, outro ponto onde o TEN mais se despontava. Todavia, aquele giro trazia uma baixa, com Shelley saindo, e, no seu lugar, Andrew "Drew" Webb como ‘free-lancer’. Já era 1997 e assim, os frutos eram colhidos enfaticamente, quando os prêmios e as votações começavam a revelar os que mais se destacaram no exercício anterior.

Em menos de um ano ultrapassaram a marca de 100 mil CDs ‘na praça’ e sem deixar a peteca cair, focaram atenções em The Robe, que saiu do forno em outubro, obtendo bastante divulgação nas rádios japonesas, onde já estavam agendados espetáculos para dezembro.

Já com Steve McKenna no baixo, essas datas proporcionaram o registro do duplo ‘ao vivo’ Never Say Goodbye, que foi preparado no começo de 1998, e teve quatro dos seis ‘b-sides’ (ou seja, sobras da última sessão) como bônus na Europa (época em que trocaram a MTM pela italiana Frontiers Records).

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Em junho, o irrequieto e polivalente Hughes veio com o excelente Precious Ones, resumido pela revista Young Guitar como "a obra-prima do AOR europeu", trazendo ‘de quebra’ Morgan e Burns, ou seja, a base do TEN.
Entre dezembro e janeiro próximos foi lançado Spellbound, o mais bem-sucedido, pesado, diversificado e uma continuidade épica herdada de The Robe, que mais uma vez mostrava a genialidade de Gary, dono de onze das doze faixas ali existentes, sendo a remanescente co-escrita por ele em parceria com Vinny.

É interessante notar que depois da magnífica introdução (uma das melhores que já escutei), o sexteto detona praticamente um ‘power metal’ (!!!), "Fear the Force", e daí em diante, desfilas temas pra lá de vigorosos, encaixando momentos mais calmos como as lindíssimas "We Rule the Night", "Wonderland" e a assumidamente ‘mela-cueca’ "Till the End of Time", que encerra a viagem a séculos passados.

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Porém, é uma pena notar a versão nacional* pegando pó nas vitrines das lojas paulistas, a míseros R$ 10,00, só porque ninguém teve a oportunidade de conhecer o ótimo legado do TEN... e o que mais chama atenção: ela vem recheada com duas músicas brinde, além de um dos seus maiores e mais antigos cartões de visita, "Can’t Slow Down", ‘ao vivo’. Para maiores informações, acesse o site da RB Records.

Novembro foi um período muito importante para o TEN, já que seus três álbuns iniciais foram relançados com a adição de algumas ‘bonus-tracks’ e, também porque o tecladista Don Airey (RAINBOW, OZZY, etc) fez sua estréia no festival ‘The Gods’, do qual a banda participara em praticamente todas as vezes desde a sua formação (e em 2002 renderia um suposto CD/DVD/VHS).

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Sua ajuda se estendeu até a edição posterior do evento, seguida da primeira aparição em arenas espanholas, quando já divulgavam o quinto ‘full-lenght’, Babylon, que saíra em agosto de 2000.

Inversamente contrária à anterior, tal obra conceitual (Hellion Records no Brasil) é futurista. Porém, graficamente, ambas trazem em comum uma pintura de Luis Royo, responsável pela premiadíssima "Memory in White", como denominava a sua maravilhosa criação utilizada na capa de Spellbound.

Um novo "maestro" (Paul Hodson) foi acolhido, e Far Beyond the World (dez/2001), que se divulgou ser uma singela volta às raízes, veio envolto de uma notícia insólita: um dos fundadores da banda, Vinny Burns, já não se sentia mais feliz em estar nela, e assim fez sua despedida. As audições para a ocupação da vaga logo começaram, e nem havia completado um mês quando o jovem Chris Francis foi escolhido, apesar da dificuldade em decidir qual dos candidatos era o "menos melhor".

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Seu curriculum que incluía estudos no Guitar Institute of Technology e um prêmio como "Melhor Guitarrista de 2000" pela Guitarist Magazine tranqüilizou os fãs, que estavam prestes a ver mais uma excursão no eixo Europa-Japão.

Após isso, boa parte dos integrantes se ocupou com passatempos em paralelo, e em meados de 2002, mesmo com material já encaminhado, a gravação do novo opus não aconteceria antes que fossem lançadas as duas partes de Once and Future King, um ‘revival’ da fábula do Rei Arthur idealizado pelo ‘mastermind’ Gary Hughes, que não só tem ele como protagonista, mas conta também com outros expressivos vocalistas no papel de Merlin, Mordred e Sir Galahad.

Entrementes, Vinny Burns, agora livre para expressar suas idéias, voltou a juntar forças com seu ex-parceiro de ULTRAVOX, Sam Blue (GEORDIE), que também cantara em boa parte da primeira investida solo de Vinny (The Journey – 2000).

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Burns Blue teve seu ponto de partida marcado para junho de 2003, mas muito antes já apontava todas as miras para o tradicional festival ‘The Gods’, onde seria dado o pontapé inicial nos palcos.

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