Jag Panzer
Postado em 06 de abril de 2006
Por Marcelo `Slayer the Priest` Hissa
Os frequentadores dos pequenos bares e clubes do Texas começaram a década de 80 assistindo vez ou outra aos shows de um grupo chamado Tyrant. Naquela época, o metal estava em alta nos EUA e mesmo as bandas ainda desconhecidas tinham um público fiel. Claro que ninguém esperava que aquele quarteto que tocava covers de Iron Maiden, Black Sabbath, Rainbow e Judas Priest além de algumas composições próprias viesse a ser um dos nomes mais conhecidos do rock pesado norte-americano, o Jag Panzer. Harry Conklin, Marck Briody, Rick Hilyard e John Tetley ainda estavam na high school (equivalente ao ensino médio no Brasil) quando montaram o Tyrant. Sua popularidade na região era grande e logo se notou o potencial deles.
Em maio de 1981, a primeira demo tape, com a música "Tower Of Darkness", foi gravada.em apenas três horas dentro de um limitado estúdio de quatro canais. Este primeiro passo mostrou que era possível algo maior acontecer e, cinco meses mais tarde, as músicas "Battle Zones" e "The Crucifix" foram gravadas para uma nova demo. O material chegou até Andrew Banks, editor do fanzine Heavy Metal Times. Por intermédio dele, as gravadoras Metal Blade e Azra mostraram interesse no Jag Panzer. Ao mesmo tempo, o grupo soube que já existia uma banda homônima estabelecida na Califórnia. O quarteto achou a solução por acaso, em uma biblioteca da escola. Encontrado em um livro, o nome "Jagdapanzer" soou interessante. Uma pequena adaptação na palavra e o grupo estava rebatizado para entrar na história.
Um contrato foi fechado com a Azra, que deveria relançar as duas demos, e garantir a gravação de um EP e dois álbuns. Em 1982 o Jag Panzer finalmente entrou no estúdio Startsong para gravar "EP", que trazia as duas faixas da segunda demo, "Death Row", "Metal Melts The Ice" e "Iron Shadows". A empolgação foi tanta que o grupo arriscou uma mudança para Los Angeles em 1983, mas o resultado não foi o esperado. Mesmo com o disco fazendo sucesso no underground, o som não era comercial o suficiente para Los Angeles.
De volta à estrada, o Jag Panzer mudou-se para o Colorado e logo iniciou as gravações de "Ample Destruction", que traria um segundo guitarrista, chamado Joey Taffola.
O ano de 1984 seria marcado por uma série de problemas, apesar do lançamento dos dois primeiros trabalhos na Europa. Hilyard deixou de ser o baterista do grupo e foi substituído por um veterano músico de Denver, Reynold "Butch" Carlsson, que não ficou muito tempo no cargo, saindo junto com Taffola para montar a banda do guitarrista.
Ironicamente, as elogiadíssimas performances ao vivo não ajudaram o grupo. Raramente o Jag Panzer conseguia fazer seus próprios shows, mas era sempre chamado para abrir as tours de grupos estrangeiros, como aconteceu com o Grim Reaper e o Slade.
As vendagens começaram a melhorar, mas outros problemas precisariam ser enfrentados, Conklin que foi para o Riot e uma troca de gravadora se fez necessária, já que o suporte da Azra não estava sendo adequado.
Briody e Tetley ainda acreditavam no futuro promissor do Jag Panzer. Da busca por novos integrantes surgiram Christian Lesegue, um velho amigo da dupla que assumiria as guitarras, o adolescente Rikard Stjernquist (bateria) e Bob Parduba, vocalista da banda Alloy Czar (também da cidade de Denver). Parecia estar tudo resolvido.
"Chain Of Command" foi gravado e uma tour abrindo para Helloween e Megadeth pôs o grupo em destaque na mídia. No entanto o aguardado contrato com um novo selo não veio e Parduba e Lesague demitiram-se.
Com uma line-up incompleta, os remanescentes dedicaram-se à composição para um futuro disco. O lado bom desta etapa foi o interesse da Metal Blade por lançar "Chain Of Command" nos Estados Unidos, enquanto a Metalcore o faria na Europa. No mesmo embalo, "EP" foi licenciado para a Mausoleum Records nos demais continentes.
É desta época também o episódio envolvendo o pirateamento de "Ample Destruction" pelas gravadoras Bonzai e Barricade.
O tempo passou e o Jag Panzer, um gigante adormecido na avaliação da imprensa, retornou na virada da nova década. Com a influência de novos integrantes, o grupo alterou ligeiramente seu som, diminuindo as característiscas melódicas do disco anterior e tornando-se mais thrash metal. Os vocais agora eram tarefa para Daniel Conca e Chris Kostka estaria na guitarra.
Durante 1994 uma demo foi lançada e o single "Jeffrey" abriu as portas para o lançamento de "Dissident Alliance" via Rising Sun na Europa e, mais tarde, pela Pavement nos Estados Unidos.
Os fãs não se identificaram com a nova face do grupo mas, com esta formação, o Jag Panzer conseguiu a primeira tour por palcos europeus, abrindo para o Overkill.
Quando tudo parecia resolvido, Conca e Kostka não resistiram ao clima instável no grupo e se retiraram. Outra vez foi preciso se adaptar ao destino. Os demais integrantes passaram à construção de um estúdio próprio e, paralelamente, gravaram duas novas faixas sem a parte vocal. Concluídas as gravações, notou-se que a voz do vocalista original seria a ideal para este novo material. Convidado apenas para uma participação em nome dos velhos tempos, Harry Conklin aceitou gravar. O produto final tinha qualidade e todos concordaram que uma nova demo tape precisava mostrar que o velho Jag Panzer ainda estava vivo. O resultado foi quase imediato, com um respaldo muito grande por parte da crítica e a virada definitiva na carreira do grupo.
Avaliado e aprovado, o Jag Panzer ganhou - finalmente - um contrato adequado às suas qualidades junto à Century Media. O primeiro benefício foi uma chance de poder trabalhar com o lendário produtor Jim Morris, um especialista em metal. Taffola foi convidado para gravar alguns solos no novo álbum, mas seus compromissos pré-agendados impediram-no de colaborar com os velhos parceiros durante a nova tour.
Em 1997 saiu o disco "The Fourth Judgment", cuja tour pela Europa foi em conjunto com Gamma Ray e Hammerfall. Para a viagem foi necessária a inclusão de um novo guitarrista. Todas as sugestões indicaram Chris Broderick, que passou facilmente pelos testes e, no palco, mostrou-se um profissional de alto gabarito.
Um dos destaques do disco foi uma faixa gravada anteriormente mas que nunca chegou a ser incluída em um trabalho oficial. "Shadow Thief" teve muita repercussão e muitos fãs pediram uma compilação com outras faixas como esta. Banda e gravadora apostaram na idéia e uma série de músicas antigas e ainda não aproveitadas foi preparada para o disco seguinte, "The Age Of Mastery" (1999). Muito bem recebido, o álbum propiciou a primeira tour como headliner pela Europa, além de shows nos Estados Unidos junto com o Iced Earth. Outro ponto alto foi a apresentação no festival de Wacken, na Alemanha.
Isto tudo abriu novas portas e motivou os integrantes do Jag Panzer, que lançaram "Tane To The Throne" em 2000. Foi uma requintada opção ao público metal, fruto de muita pesquisa e trabalho intenso nas composições. O disco é conceitual e inspirado em "MacBeth", uma das obras-primas do escritor inglês William Shakespeare. A ótima repercussão empolgou os músicos que logo após a tour iniciaram a composição de "Mechanized Warfare". Lançado em 2001, o álbum tem tanta qualidade que rendeu comparações ao clássico "Ample Destruction".
Receba novidades do Whiplash.NetWhatsAppTelegramFacebookInstagramTwitterYouTubeGoogle NewsE-MailApps