Megadeth
Por João Paulo Andrade
Postado em 06 de abril de 2006
Quando em 1983 foi expulso da banda Metallica, pouco antes de gravarem o primeiro disco Kill'em All, por seu irremediável problema com alcoolismo, Dave Mustaine jurou se vingar montando uma banda melhor e mais pesada que o Metallica. Na realidade Dave não foi oficialmente despedido, pior, foi colocado bêbado dentro de um ônibus pelos outros componentes e quando acordou estava do outro lado do país. Mustaine conseguiu, pelo menos em parte, cumprir sua promesa, montando o Megadeth, uma das melhores e mais influentes bandas de thrash metal da história do rock.
A primeira versão do Megadeth contava, além de Dave, com o baixista David Ellefson, o guitarrista Chris Polland e o baterista Gar Samuelson. Com esta formação lançaram em 1985 o excelente "Killing Is My Business And Business Is Good". A aceitação, tanto por parte da crítica quanto do público, foi excelente. O diferencial em relação ao Metallica era bastante claro desde o início, as músicas eram mais rápidas, os instrumentais mais técnicos.
Após lançarem "Peace Sells But Who's Buying" em 1986, Chris Polland e Gar Samuelson foram despedidos da banda por Mustaine, sendo substituídos pelo guitarrista Jeff Young e pelo baterista Chuck Behler.
"So Far So Good So What", lançado em 1988, foi seu álbum de maior sucesso até então, principalmente em virtude da excelente versão thrash metal do hino punk "Anarchy In The Uk" dos Sex Pistols (transformada em "Anarchy In The USA" e com algumas mudanças na letra).
A banda porém, desde seu início, passava por problemas sérios de relacionamento, com Mustaine sempre menosprezando a participação dos outros membros e constantemente sofrendo overdoses ou sendo preso por porte de drogas. Em uma de suas muitas overdoses foi constatado que Mustaine havia ingerido oito tipos de drogas de uma só vez. Em mais uma de tantas crises na banda Mustaine despediu também Jeff Young e Chuck Behler.
Preso por dirigir sobre efeito de drogas e sendo reincidente Mustaine foi obrigado a se internar em uma clínica de rehabilitação. Após alguns meses declarava-se um novo homem, sóbrio e mais responsável. Reformou a banda, chamando o guitarrista Marty Friedman e o baterista Nick Menza. A nova formação foi a melhor que já passou pelo Megadeth. Marty Friedman veio a formar com Mustaine uma das mais precisas e respeitadas duplas de guitarristas do thrash.
O novo álbum, "Rust In Peace", de 1990, realmente trazia um Megadeth mais adulto e meticuloso em suas composições, o que levou o álbum a ser considerado pela maioria o melhor trabalho da banda, e pela primeira vez um trabalho realmente da banda, não apenas de Dave Mustaine, conforme declarado por ele próprio. A tour do disco passou pelo Brasil em 1991, quando a banda se apresentou no Rock In Rio II.
Com "Countdown To Extinction", lançado em 1992, a tendência de elaborar o som e as letras se confirmou, inclusive com a banda sendo acusada de se vender e fazer música comercial, como é de praxe. Críticas radicais à parte, "Countdown to Extinction" foi um excelente álbum, mostrando uma banda profissional e ótimas composições. Destaque para as letras de Mustaine, várias abordando os problemas com drogas pelos quais havia passado.
"Youthanasia", lançado em 1994, manteve o bom nível do álbum anterior, embora não tenha conseguido a mesma repercussão. A eterna rixa entre Megadeth e Metallica, mais precisamente entre Mustaine e Hetfield, também foi encerrada, com o Megadeth e Metallica tocando juntos em alguns shows.
O trabalho que se seguiu, "Cryptic Writings", foi um álbum de "volta às origens" com músicas que lembram toda a carreira da banda. Se apresentaram no brasil em 1997, ao lado de Queensryche e Whitesnake. Logo após, Nick Menza teve que operar seu joelho em virtude de um cisto. Sua integração com a banda já não era a mesma e Dave Mustaine e David Ellefson decidiram substituí-lo por Jimmy Degrasso. Degrasso se apresentou no Brasil com o Megadeth em 1998 no Philips Monsters of Rock. Seu estilo agressivo e técnico se encaixaram perfeitamente ao som da banda, e logo foi aclamado pela maioria dos fãs. Antes de tocar bateria no Megadeth, Degrasso já tinha se apresentado e tocado na banda de Alice Cooper. Antes disso, vale dizer, integrou por algum tempo uma das formações do Suicidal Tendencies.
Definida a nova line-up, a banda passou boa parte do ano de 99 preparando o novo disco. "Risk" foi a manifestação de mais uma ousadia do grupo, que trocou o som trash de antes (ainda presente no álbum "Cryptic Writings") por músicas ora calcadas no hard rock ora com elementos mais eletrônicos (como "Crush'Em" e "Insomnia"). O resultado desagradou muitos fãs, mas ainda foi êxito de vendas e rendeu alguns prêmios.
Apesar da comparação com a fase "Load" do Metallica e o desgosto de parte do público, a banda iniciou uma tour. Pouco depois da virada do ano, a Internet foi palco para muitos boatos sobre a saída de Marty Friedman. O que era algo pouco imaginável realmente aconteceu, e em janeiro de 2000 Friedman alegou interesse em seguir outro estilo de música diferente do praticado pela banda. Para completar a tour foi chamado Al Pitrelli, guitarrista do Savatage.
Em 2001, após uma tulmutuada mudança de gravadora, o Megadeth lança "The World Needs a Hero", se não um dos melhores discos de sua carreira, pelo menos uma volta digna ao estilo metal.
Em 2002, logo após o bem sucedido lançamento de "Rude Awakening", esperadíssimo primeiro registro ao vivo oficial da carreira da banda, ocorre o inesperado: Dave Mustaine anuncia o fim do Megadeth. Em comunicado oficial explicou que uma grave lesão no braço prejudicaria a sua performance na guitarra e que aproveitaria a oportunidade para dar mais atenção à sua família, deixada de lado durante os anos de turnês e gravações. Boatos dariam conta de que o ferimento de Mustaine teria sido sofrido em uma clínica de rehabilitação, após uma recaída no uso de drogas por parte do vocalista.
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