Sepultura
Por Haggen Kennedy
Postado em 06 de abril de 2006
Foi em Belo Horizonte, no ano de 1983 que a história do Sepultura começou. Mais precisamente quando os irmãos Cavalera Max e Igor decidiram chamar seus amigos de colégio Paulo Junior e Jairo para montar uma banda.
Um ano depois, num festival de bandas em Belo Horizonte, a Cogumelo Records contrata a banda, após o dono da gravadora ter assistido o show do Sepultura, e o grupo decide fazer um disco. O nome é Bestial Devastation, que foi gravado em apenas dois dias (dividido com a banda Overdose), mas só seria lançado em 1985. A banda, então, faz uma tour brasileira pra promover o novo petardo.
Já em 1986, é gravado o Morbid Visions, ainda pela Cogumelo Records e a banda sai em turnê novamente. Pouco depois, a gravadora relançaria o Bestial Devastation e o Morbid Visions em um só LP/CD. Ainda no mesmo ano, o guitarrista Jairo sai da banda, e Andreas Kisser, que já havia feito algumas jams com o grupo, junta-se a ele. Ainda em 86, o Sepultura processou o selo Shark por ter lançado albuns do Sepultura fora do Brasil.
No ano seguinte, depois de escrito o álbum, sai o Schizophrenia, que foi o primeiro com Andreas na guitarra, e o último com a produção da gravadora Cogumelo. Foi com esse disco que a banda disparou, e vendeu cerca de 10.000 cópias nas primeiras semanas. A gravadora New Renaissance lançou o disco nos Estados Unidos.
Em 89, o Sepultura assinou com a Roadrunner Records, conseguindo um contrato de (pasmem!) sete anos. Como era o que a banda precisava (grande contrato numa grande gravadora), lançaram o novo disco pelo novo selo, sendo o terceiro petardo do grupo: Beneath the Remains. Este foi gravado em nove dias e produzido por Scott Burns. O disco
foi um dos melhores lançamentos do ano sendo comparado até a Reign in Blood, do Slayer. E, pela primeira vez, o Sepultura sai em tour fora do Brasil, tocando junto com o Sodom na Áustria.
Em 90, a banda toca em vários shows, incluindo o Dynamo Open Air Festival, com cerca de 26.000 pagantes, e conhecem Gloria Bujnowski, empresária do Sacred Reich. O grupo decide tê-la também como empresária. Depois das apresentações, o Sepultura entra em estúdio para regravar Troops of Doom, que a RoadRunner usaria para relançar o Schizophrenia remixado. Ainda no mesmo ano, a Cogumelo relança Bestial Devastation com uma nova versão de Troops of Doom. É a batalha entre as gravadoras.
Em 1991, o Sepultura toca no Rock in Rio II, para 50.000 pessoas. Dois meses depois, a atual gravadora da banda lança Arise, que vende cerca de 160.000 cópias nas 8 primeiras semanas, sendo considerado pela grande maioria dos fãs de longa data, o melhor disco do grupo.
No mesmo ano, são lançados alguns singles, como Arise, Under Siege (Regnum Irae), Dead Embryonic Cells e Altered State.
Em 92 Third World Posse é lançado. O cd tem 3 músicas ao vivo tiradas do vídeo Under Siege (ao vivo em Barcelona), além de Drug Me (de Jello Biafra) e Dead Embryonic Cells, do disco Arise. Ainda em 92, acontece o casamento de Max com a atual empresária Glória.
Em 93, o Sepultura lança o disco Chaos AD, que já possuía influências tribais e já não tinha toda a violência de Arise, e menos ainda dos primeiros álbuns da banda. Ainda assim, percebia-se que a banda ainda se preocupava com a situação geopolítica mundial, pois pérolas como Refuse/Resist e Territory estão incrustadas neste álbum, além de Manifest, que denunciava o massacre da penintenciária do Carandirú, famosa chacina de presidiários.
Chaos AD também inclui um cover do New Model Army, The Hunt. Biotech is Godzilla foi escrita por Jello Biafra, além de uma faixa especial, onde os integrantes se acabam de rir e gritar, e mais uma versão de Polícia, dos Titãs, disponível apenas na versão brasileira do CD. O single Territory também é lançado nesse mesmo ano. Ainda em 93 nasce o primeiro filho de Glória e Max: Zyon.
Em 1994, o EP Refuse/Resist é lançado. O álbum é uma espécie de coletânea com músicas ao vivo, de estúdio, Drug Me (de Jello Biafra) e ainda uma música de nome Inhuman Nature, da banda Final Conflict. O single Slave New World é lançado.
No mesmo ano, a banda é registrada como sendo o primeiro grupo terceiro mundista a tocar no Donington Monsters of Rock, na frente de 50.000 pessoas, quantidade equalitária ao Rock In Rio II, onde o Sepultura também foi atração (pra quem diz que o Brasil não tem público como na Europa).
Em 94, Andreas se casa com Patrícia, e a banda começa a compor material para novo álbum e single. No ano seguinte, o segundo vídeo do Sepultura, o Third World Chaos é lançado, contendo alguns clips da banda, trechos de entrevistas com a MTV brasileira, americana, européia, até japonesa. O vídeo contém até um trecho de entrevista em que o entrevistador é Bruce Dickinson (quando ele tinha de seu programa de entrevistas na rede inglesa de televisão). Ainda em 95, nasce Giulia Cavalera, a primeira filha de Patrícia e Andreas; Igor se casa com Monika, e Igor Amadeus, segundo filho de Glória e Max, nasce.
Em 1996, o single Roots Bloody Roots é lançado, contendo 4 faixas: Roots Bloody Roots, Procreation of the Wicked (um cover da banda black metal oitentista Celtic Frost), Refuse/Resist e Territory (ambas gravadas ao vivo em Minneapolis, EUA). Como de praxe, outros singles foram lançados: Ratamahatta e Attitude. Mais tarde, no mesmo ano, sai Roots, um dos álbuns mais aguardados do ano.
O disco mostrou um lado mais experimental da banda, com uma música com participação de Carlinhos Brown (Ratamahatta), e presença ao longo do disco de percussão, berimbau e várias batidas tribais. O disco contém ainda duas músicas gravadas conjuntamente com os índios Xavantes, no Mato Grosso (Jasco e Itsari). A versão brasileira tem também Procreation of the Wicked e Symptom of the Universe do Black Sabbath, além de Lookaway, escrita por Jonathan Davis da banda Korn.
Em meados de 96, a banda fica sabendo do assassinato de Dana Wells, filho de Gloria Cavalera. Max e Gloria vão para os EUA e o Sepultura toca em trio no Donnington 96, com Andreas nos vocais. O grupo termina a tour tocando no Ozzfest, após cancelar 3 semanas de shows dos Estados Unidos. Mais tarde, a Roadrunner lança a coletânea The Roots of Sepultura.
Finalmente, em dezembro de 1996, chega a bomba: Max Cavalera deixaria a banda. Aconteceu quando os outros três integrantes, em reunião, decidem demitir Gloria Cavalera do posto de empresária da banda, alegando que esta dava apenas espaço para seu marido, Max, ao contrário de antigamente, quando o Sepultura aparecia, todos os 4 integrantes estavam na foto, e não apenas Max Cavalera. Com a esposa fora da banda, Max se sente traído e resolve separar seu caminho do caminho do resto da banda. A discussão é imensa.
"Durante este um ano e meio, pensamos em tudo", diz Andreas. "De fato, pensamos em dizer se foda a todo mundo, se foda a música, se fodam as bandas, a porra toda. Mas não tomamos nenhuma decisão durante o período mais turbulento, porque essas decisões geralmente se mostram erradas, mais tarde. Fizemos as coisas calmamente, e levamos o tempo necessário para pensar a respeito da situação toda". Ainda nesse ano, nasce a primeira filha de Igor e Monika, Joanna.
Em 1997, sai outra coletânea: Blood-Rooted. A Roadrunner lança também uma coleção de músicas do Sepultura, com versões alternativas e demos: o B-Sides, além de relançar todos os discos do Sepultura até Arise, com os nomes de Gold CD re-issue, remasterizados e com faixas bônus. Sai ainda o vídeo We Who Are Not as Others.
Então, em 98, o Sepultura volta com um novo single, Against, mostrando todo o poder do novo vocalista Derrick Leon Green, apelidado carinhasamente de Predador. O single, produzido por Howard Benson e mixado por Bill Kennedy, levou o Sepultura ao terreno onde eles provavelmente estarão daqui por diante.
"Não sabíamos nem se devíamos usar o nome Sepultura, diz Igor Cavalera a respeito da evolução da banda. Decidimos que escreveríamos algumas músicas primeiro, e se não soasse como Sepultura, então pararíamos de usar o nome na mesma hora. Mas logo que tínhamos as músicas, vimos que tínhamos razão para manter o nome. E quanto mais tocamos, mais confortáveis nos sentimos. O único apoio que tivemos
durante todo o tempo foi tocar música. Várias pessoas pensavam que o Sepultura era apenas Max, e que nós éramos apenas músicos por detrás dele", diz Andreas. "Mas o Sepultura sempre foi todo mundo junto, e com a contribuição de todos para as idéias. Temos a mesma atitude, a mesma música, a mesma mensagem. A única coisa diferente é que Derrick está aqui, agora."
Nascido em Cleveland, Derrick Green canta desde os 16 anos, quando entrou na banda hardcore Outface. Ele e o guitarrista se mudaram para Nova Iorque após seis anos juntos para formar a Overfiend. Quando o Sepultura anunciou que estavam procurando por um novo vocal, um dos produtores da Roadrunner enviou-lhes uma demo do Overfiend e pediu para darem uma olhada.
"Nós enviamos pra ele uma fita de Choke e pedimos para colocar vocal nela, relembra Andreas. Nós gostamos pra caralho, então o convidamos para vir ao Brasil, porque ficaríamos aqui até o fim do ano passado. Então nos juntamos, e na mesma hora, sacamos que ele era
o cara. Não apenas por causa das habilidades do Derrick, mas porque ele é como nós. Ele realmente acredita nas mesmas coisas, tem o clima certo, além do quê ele adora futebol."
Em maio, o Sepultura viajava para o Japão para gravar, junto com a banda de precussão japonesa KODO, a música Kamaitachi, uma das faixas do novo album. Já em abril, começa a gravação das músicas restantes, já com a participação de Derrick.
Em agosto, o Sepultura toca no show Barulho Contra a Fome, que serviu para angariar fundos e comida para os pobres, e o segundo single da banda, Choke, é agendado para ser lançado em Novembro.
Sobrevivendo ao período mais difícil de suas carreiras, o Sepultura retoma suas atividades e volta com seu novo álbum, que falará por eles. "É uma boa hora pra voltar à idéia do que o Sepultura é!", conclui Igor. "Não é apenas eu, ou Andreas, ou Paulo, ou o Derrick - é a química de quatro pessoas tocando juntas."
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BIOGRAFIA OFICIAL
Quando a maldição foi lançada, poucos imaginavam que aqueles despretensiosos garotos iriam voar tão longe. Como muitos sabem o SEPULTURA nasceu como uma brincadeira no começo dos anos 80 na cidade de Belo Horizonte. Mas o destino foi generoso, e não brincava, quando colocou no caminho do metal Paulo Jr. (baixo), Jairo Guedez (guitarra), Max (guitarra) e Igor Cavalera (bateria). O Death Metal Brasileiro ainda engatinhava quando o SEPULTURA lançou sua primeira gravação, o famoso split álbum BESTIAL DEVASTATION/SÉCULO XX (85), dividido com os conterrâneos mineiros do OVERDOSE. Músicas extremas como’‘Bestial Devastation’ e ‘Antichrist’ mostravam à que vinha a banda, e começava a crescer uma legião de fãs pelo Brasil. Após este primeiro passo, foi inevitável ao SEPULTURA realizar a grande experiência musical da banda de metal surgida do nada, um disco próprio. E nasceu MORBID VISIONS (86), um álbum memorável, apesar da produção precária. Como na gravação anterior há bons riffs e músicas, um exemplo é o hino ‘Troops of Doom’. O disco proporcionou o começo dos shows pelo Brasil, mas também a despedida de Jairo Guedez.
[an error occurred while processing this directive]O SEPULTURA crescia com uma velocidade sem precedentes na cena brasileira. E conseguiram sem demora preencher a vaga deixada por Jairo, com o excelente músico Andreas Kisser, dotado de um estilo inovador e arrojado. Foi em seguida lançado SCHIZOPHRENIA (87), um álbum cheio de gás novo que logo tornou-se um marco do metal brasileiro devido á boa produção e músicas marcantes ( ‘Escape to the void’ e a instrumental ‘Inquisition Symphony’, entre outras). Em turnê, a banda foi escalada para tocar em lugares de difícil acesso, como Manaus no Amazonas.A partir deste ponto o SEPULTURA passou a despertar interesse mundial. O furor provocado pelo SCHIZOPHRENIA fez com que houvesse um lançamento pirata do disco por uma gravadora européia, que chegou á inacreditável marca de 30.000 cópias vendidas (porém sem a banda poder usufruir dos direitos autorais). Após a boa repercussão do disco de 1987, o SEPULTURA continuou a galgar os degraus da fama, assinando um contrato de longos anos com a gravadora Holandesa RoadRunner. Isso possibilitou à banda gravar aquele que veio a ser um dos discos mais respeitados da história do metal mundial. BENEATH THE REMAINS (89), é até hoje uma grande referência. Foi gravado no Brasil, e apesar do orçamento apertado trouxeram o produtor norte-americano Scott Burns. Ele foi uma peça fundamental devido á sua experiência. Proporcionou condições favoráveis de trabalho para a banda e os ensinou a trabalhar como profissionais, passando informações valiosas aos músicos iniciantes O produtor mixou e masterizou o trabalho em sua terra natal, algo inédito para uma banda de metal brasileiro na época.
Lançado o disco o SEPULTURA partiu para sua primeira turnê internacional, viajando pela Europa junto com os alemães do Sodom, Estados Unidos, e México. A banda chamou atenção por onde passou e seu nome despontou na mídia mundial. Nesta turnê encontraram uma de suas fontes de inspiração, Lemmy Kilmister e seu Motörhead, cruzaram o muro de Berlim ainda na época da guerra fria, e até conheceram o Metallica (banda muito forte na época). Foi gravado nesta época o primeiro vídeo clipe do SEPULTURA, ‘Inner Self ‘, que tal qual ‘Mass Hypnosis’ e ‘Beneath the Remains’, tornou-se um clássico da banda.
A história continua com o disco ARISE (91). Curiosamente ele foi lançado antes no Brasil devido ao festival Rock in Rio II, no qual o SEPULTURA foi um dos destaques. Esta versão antecipada leva o título ARISE ROUGH MIXES. Logo a apresentação no Rio a banda promoveu um show gratuito em São Paulo na praça Charles Müller em frente ao estádio do Pacaembu. A audiência de aproximadamente quarenta mil pessoas mostra a força que o SEPULTURA já possuía. Infelizmente algumas pessoas confundiram o espírito de confraternização dos fãs, e um rapaz foi assassinado. Esta fatalidade criou um falso mito sobre o público da banda, que repercutiu por muitos anos negativamente fazendo com que muitos produtores de shows brasileiros temessem marcar shows com o grupo.
No exterior, por sua vez, a turnê do ARISE foi longa e passou por lugares longínquos e inéditos como Grécia e Japão. Na Austrália foi lançado um dos primeiros singles oficiais da banda, o ‘Third World Posse’. Outros singles deste álbum são ‘Under Siege’ e ‘Dead Embryonic Cells’.Na Holanda tocaram estrearam em um festival internacional de grande repercussão, o ‘Dynamo Open Air’, para mais de trinta mil pessoas. E atraíram mais de 100.000 fãs, nas duas apresentações feitas em estádios, quando estiveram na Indonésia. Lá também foram premiados com fitas cassetes de ouro pelas excelentes vendas.Gravaram os clipes de ‘Arise’ e ‘Dead Embryonic Cells’, e lançaram seu primeiro home-vídeo, ‘Under Siege’, que foi gravado em Barcelona, Espanha. Com todos estes acontecimentos ligados ao disco ARISE o SEPULTURA firmou seu nome mundo a fora.CHAOS A.D. (93) foi um dos passos mais importantes da história da banda. O SEPULTURA optou por um lado musical nunca antes explorado, misturando seu som brutal com elementos de música popular e com isto definiram a linha musical de vanguarda que se tornou sua marca registrada.O lançamento do CHAOS A.D. foi em grande estilo, em um castelo medieval na Inglaterra e com a presença de boa parte da imprensa mundial. O SEPULTURA foi capa de muitas revistas por todo o mundo. Nesta turnê a banda foi até Israel gravar o clipe da música ‘Territory’, também lançada como single. Este vídeo foi eleito o melhor Vídeo Clipe do ano pela MTV Brasil, que levou a banda á Los Angeles para receber o astronauta de prata. Outros clipes/singles tirados deste álbum foram ‘Refuse/Resist’ e ‘Slave New World’, e o home-vídeo ‘Third World Chaos’.
Nesta turnê o SEPULTURA foi a primeira banda de Metal da América Latina a se apresentar no famoso e tradicional festival "Monsters of Rock", no Donington Park, Inglaterra. E também a primeira banda do Brasil a tocar na Rússia.De volta á terra natal a banda foi convidada a tocar no festival ‘Hollywood Rock’ só após um abaixo-assinado feito pelo fã clube oficial brasileiro. Isso devido ao boicote por parte dos organizadores do evento, amedrontados com o triste incidente em SP anos atrás.
Outro momento que deve ser registrado é o projeto paralelo de Max e Alex Newport, NAILBOMB, que teve o suporte de Andreas, Igor e Dino Cazares. A dupla lançou um disco, POINT BLANK, e se apresentou no ‘Dynamo Open Air’. O que resultou no Disco ao Vivo PROUD TO COMMIT COMMERCIAL SUICIDE, virando algo culto entre os fãs da banda.
A concepção do disco ROOTS (96) começou com a experiência musical e espiritual que o SEPULTURA teve com a tribo dos índios XAVANTES. A música ‘Itsari’ foi gravada na Aldeia Pimentel Barbosa no ano de 1995, ás margens do Rio das Mortes no Estado de Mato Grosso. Já o restante do álbum foram feitas em Malibu no estúdio Índigo Ranch, dotado de instrumentos de idade avançada, e fazendo da gravação a mais crua o possível.
Neste disco a banda mergulhou fundo nas experiências musicais. Os clipes/singles foram ‘Roots Bloody Roots’ gravado na cidade de Salvador; ‘Attitude’ que teve fotos de tatuagens de fanáticos por SEPULTURA como capa e contou com a participação especial da família Gracie no vídeo clipe. ‘Ratamahatta’ foi um clipe diferente de todos os anteriores do SEPULTURA, feito todo em animação gráfica computadorizada. Ainda foi lançado o disco duplo THE ROOTS OF SEPULTURA, no qual um dos discos conta boa parte da história musical da banda, e o segundo é o álbum ROOTS.
O SEPULTURA continuava fazendo suas incansáveis turnês pelo mundo, só que o ambiente interno era de desgaste. A banda foi convidada para se apresentar nos maiores festivais europeus, e novamente no ‘Monsters of Rock’ como uma das principais atrações. Porém o destino impediu Max de se apresentasse no festival, já que o grande amigo da banda, filho da empresária e afilhado do vocalista (Dana Wells) havia falecido. E em uma das mais importantes apresentações da carreira da banda o SEPULTURA estava como um trio. Neste dia contaram com a ajuda de diversos amigos para conseguir fazer o show, pois a notícia havia sido um grande choque para todos. O público presente entendeu a situação e fez um minuto de silêncio a pedido da banda, uma cena que dificilmente se repetirá com tamanha multidão.
Após um breve luto, o SEPULTURA precisou voltar a estrada, pois haviam muitos compromissos agendados. A banda estava no topo da pirâmide e o respeito e admiração que desfrutavam era fora do comum. Infelizmente os constantes desentendimentos com sua empresária Glória, que é esposa do Max, fizeram a banda chegar numa encruzilhada, e a Sepultribo se separou. Andreas, Igor e Paulo tinham a convicção de que a empresária já não estava mais os representando do jeito que deveria e comunicaram sua decisão de não renovar seu contrato de trabalho. Havia a opção de que ela continuar a cuidar dos interesses de Max. Ele não aceitou a decisão dos companheiros e abandonou o SEPULTURA, achando estar sendo injustiçado. A partir de então as trevas caíram sobre o SEPULTURA e o futuro era incerto.
Com o tempo a banda acostumou-se á nova situação imposta. Sabia que não iria parar o trabalho de uma vida toda dessa forma e tampouco podiam deixar seus fãs órfãos. O SEPULTURA é mais que entretenimento, é uma ideologia. E assim que puderam começaram a escrever seu próximo álbum, como um trio. Max formou sua própria banda (SOULFLY).
Igor, Paulo e Andreas passaram a escrever de uma nova forma. Agora o baixo ganhou uma importância ainda maior, como base das músicas. Andreas assumiu os vocais, mas nunca havia cantado antes e não se sentiu á vontade no posto. Decidiram encontrar um novo vocalista para o SEPULTURA.As fitas de demonstração chegaram em grande quantidade aos escritórios da Roadrunner, e o processo de seleção não foi fácil. Um pequeno grupo de finalistas foi selecionado, e os candidatos receberam uma fita com músicas nas quais deveriam trabalhar (inclusive escrevendo letras) antes de encontrarem a banda para os testes. Os testes finais aconteceram no Brasil, porque para fazer parte do SEPULTURA é imprescindível gostar do país e se identificar com a cultura local. Também foi levado em conta a integração e a afeição entre o grupo.
Desde o começo da procura, a voz e a aparência de Derrick Green impressionou. Quando ele esteve no Brasil para os testes sentiu-se em casa, virou Palmeirense, e se entendeu extremamente bem com a banda. Ele preenchia todos os requisitos necessários, e se tornou parte da família.
A maior parte das músicas já estava pronta, esperando a gravação dos vocais, e a banda estava sob pressão para lançar o disco, mas trabalharam buscando a perfeição. Em 1998 foi lançado AGAINST, um álbum empolgante, de composições e letras fortes. Muitos sentimentos foram traduzidos neste disco, o resgate da autoconfiança, a vontade da volta à estrada. AGAINST contou com a participação de amigos de longa data da banda. João Gordo em ‘Reza’ e Jason Newsted em ‘Hatred Aside’; e também o grupo de percussão japonês KODO hospedou a banda na ilha de Sado, onde vivem, e lá gravaram a faixa ‘Kamaitachi’.
Era chegada a hora de reencontrar fãs e deixar claro que as fofocas propagadas pela mídia (que anunciou o fim da banda) não passavam de grandes mentiras. O primeiro show do AGAINST foi um grande evento beneficente em São Paulo, o BARULHO CONTRA FOME. Apesar de feito vários shows com suas antigas bandas, o Derrick nunca havia se apresentado para um público tão fiel, exigente e numeroso como os fãs brasileiros do SEPULTURA. Para tanto a banda ensaiou tocando em uma casa de shows pequena em Los Angeles (Brick by Brick), usando o nome ‘TROOPS OF DOOM’.
O BARULHO CONTRA FOME foi um grande sucesso, que os 30.000 fãs presentes lembrarão para sempre. Convidados muito especiais tocaram aquele dia. Mike Patton veio da Itália para o show. Jason Newsted veio dos Estado Unidos. E os índios Xavantes enfrentaram a selva de pedra da metrópole. Carlinhos Brown veio da Bahia. Jairo Guedez matou as saudades da ex - banda, e o lendário Zé do Caixão abençoou a banda. A crítica e a empolgada audiência receberam calorosamente o Derrick na Sepultribo.
Saíram do AGAINST os singles ‘TRIBUS’, ‘AGAINST’ e ‘CHOKE’ (este último ganhou um vídeo clipe gravado durante o BARULHO CONTRA FOME). A turnê rodou o mundo todo e foi bem sucedida. O SEPULTURA tocou pela primeira vez com os gigantes do metal SLAYER, pondo fim ao mito sem fundamentos de que as bandas não se davam bem. E para a alegria dos fãs brazucas de longa data fizeram uma turnê nacional, após anos de espera.
Finda a turnê os quatro músicos estavam ansiosos para começar a trabalhar o próximo disco. A época do AGAINST será sempre lembrada como o oxigênio da carreira do SEPULTURA, inspirado quando mais precisaram e que lhes deu força para construir toda uma Nação.NATION (2001) é um álbum que já nasce vitorioso e brilhante, inclusive como disco de ouro. Andreas, Paulo, Derrick e Igor criaram um lugar utópico, para as pessoas que importam: fãs, amigos e famílias. A letra de ‘SEPULNATION’ é auto-explicativa, a música do SEPULTURA é sua arma, e eles a usam com destreza.
Graças á ajuda da vasta Sepultribo na Internet, a banda foi convidada para tocar na terceira edição do ROCK IN RIO. Lá o NATION foi apresentado á multidão de 150.000 pessoas, não havia um ser que não estivesse empolgado naquela memorável noite de janeiro (apesar de alguns veículos da imprensa nacional ainda não aprenderem a respeitar um dos maiores fenômenos da música brasileira, o mundo viu com certeza o poder de fogo que os espera). Entraram no palco ao som do hino ‘VALTIO’, feito com a colaboração dos músicos finlandeses do APOCALYPTICA.
Também colaboraram na Nação os músicos Jello Biafra e Dr. Israel, e quota pensamentos de gente brilhante (Madre Teresa de Calcutá, Albert Einstein, Gandhi e o 14o Dalai Lama).
O disco mostra um SEPULTURA maduro, cicatrizado e consciente. Resultado da estabilidade proporcionada por Derrick, que participou ativamente na composição do álbum. Seu crescimento na banda é explícito.
A Nação SEPULTURA já está sendo erguida!
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