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Resenha - Krisiun, Torture Squad e Test (Clash Club, São Paulo, 28/09/2013)

Por Durr Campos
Postado em 30 de setembro de 2013

Como bem colocou Alex Camargo, frontman da atração principal da noite, KRISIUN, o underground nacional está fervendo. Não há melhor adjetivo para descrever o atual momento em que vivemos com as bandas sérias deste país. Para quem já se tocou, como é o caso do TORTURE SQUAD, TEST e da já citada protagonista, fazer metal no Brasil é ter a consciência de que o trajeto será impiedoso, sem grandes retornos financeiros ou reconhecimento, mas de um prazer sem tamanho. De fato "viver" esse negócio não quer dizer exigir título de herói ou mártir simplesmente por montar uma banda, mas colocar a cara fora da garagem para bater e trabalhar duro em prol de qualidade. Quando tenho a chance de cobrir shows como os ocorridos no último sábado, 28, no Clash Club, a vontade em continuar a fazer isso só aumenta. Acompanhe abaixo como foram os principais momentos.

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Fotos: Kennedy Silva. Veja uma galeria de imagens no link abaixo.

Finalmente tive o prazer de acompanhar um show do Test, um dos nomes mais cult e atuantes do grindcore atual. Por sorte eles são daqui e, aos desavisados informo, possuem na bagagem demos, DVDs não oficiais, um 7" EP e seu debut "Arabe Macabre", lançado ano passado em CD e LP. A formação consiste apenas em João Kombi (vocal/guitarra) e o exímio baterista Barata, um fenômeno nas baquetas. As composições são curtas como pede o estilo, mas seu método matemático de tocar faz com que as músicas sofram novas configurações sempre que executadas ao vivo. Por exemplo, se um deles precisa tomar um gole de cerveja ou mesmo passar uma toalha na cara, basta um sinal para que um riff seja estendido ou aquela batida seja repetida ao ponto de não prejudicar o repertório. Além do mais, a inclusão de elementos de black e death metal dão um toque único à insanidade dos ritos de Kombi, um dos mais criativos músicos dos últimos 10 anos no Brasil. Destaques para a faixa que dá nome ao disco de estreia, além de "Morrer Lentamente" e "Atormentado pela Maldição", uma ode ao barulho. Se tiver a oportunidade não deixe de vê-los.

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O Torture Squad, como muitos devem saber, passou de quarteto a um power-trio, contando hoje com os remanescentes André Evaristo assumindo os vocais além das guitarras, Castor no baixo e vozes, além do grande baterista Amilcar Christófaro. Prestes a lançar seu primeiro álbum conceitual, "Esquadrão de Tortura", baseado nos 20 anos de ditadura militar no Brasil, o grupo soube mesclar velhas canções e outras mais recentes com maestria. Iniciaram com "Horror And Torture", do Pandemonium (2003), seguida de outro clássico, "Mad Illusion", do ótimo Asylum of Shadows (1999). Apesar da falta que faz o ex-vocalista Vitor Rodrigues, ouvir ao vivo músicas tão boas supera qualquer ausência. E tome mais pancadaria, desta vez com "The Unholy Spell", do álbum de mesmo nome, e a sensacional "Generation Dead", do Æquilibrium, derradeiro com Vitinho no comando do microfone. Do "Esquadrão de Tortura" escolheram a que abre, "No Scape From Hell", para situarem os fãs com novo material. A receptividade não poderia ser melhor, inclusive. Velocidade e técnica são as bases do Torture, sendo assim tê-la no set casou perfeitamente. Ainda houve tempo para uma sequência brutal com "Abduction Was the Case", "Living For the Kill" e a sensacional "Chaos Corporation", cantada em uníssono. Renovado, o Torture Squad respira novas ares e nos brinda com o que de melhor sabem fazer: thrash/death classe A! Aguardo ansioso pelo que virá.

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Após um show impecável no Rock In Rio ao lado dos alemães do Destruction no último dia 22 de setembro, o Krisiun retornou aos palcos paulistanos com uma energia sobre-humana por estarem em sua "casa", como os próprios costumam referirem-se à capital que os receberam na primeira metade dos anos 90 quando deixaram o Rio Grande do Sul em busca de uma carreira internacional, feito conquistado com louvor, diga-se. Por conta disso, não há de se espantar uma casa lotada para acompanhar de olhos e ouvidos abertos um dos mais disputados sets do death metal mundial. Sem delongas, começaram com as perfeitas "King of Killing" e "Combustion Inferno", esta do poderoso álbum Southern Storm (2008), um dos mais aclamados dos irmãos Kolesne. A nova "The Will to Potency" mostra o porquê de Max ainda ser considerado um dos melhores bateristas deste planeta, bem como a maravilhosa "Vicious Wrath", destaque de Assassination (2006). A banda parou por um minuto exigindo que os seguranças mantivessem um fã na casa, pois não sei bem o motivo, o garoto estava sendo levado por pelo menos quatro grandalhões. "Deixa o moleque aí, o rapaz não fez nada!", bradava Alex e Moyses, guitarrista, para os aplausos de todos. O clássico absoluto "Ravager", do essencial Conquerors of Armageddon (2000), abriu uma roda linda na pista e assim ficou com a vinda de outra das novas, "Descending Abomination", assim como a surpresa da vez, "Conquerors of Armageddon", fora do repertório há uma década. Nem é preciso dizer o impacto gerado.

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"Sem vocês não somos porra nenhuma!", não se cansava em lembrar o vocalista, em um gesto de humildade poucas vezes visto em atrações deste porte. Daí em diante só foram metralhadas do tipo de "Bloodcraft", a obrigatória "Blood of Lions", talvez a mais conhecida do mais recente trabalho de estúdio The Great Execution (2011), além das incríveis "Minotaur" e "Hatred Inherit", uma das que mais conectaram banda e plateia. E como a noite era especial, o Krisiun convidou um amigo de longa data, Antônio Araújo, guitarrista do Korzus, para executarem juntos "Black Metal", canção que resume o estilo que batizou e até mesmo o trabalho do Venom, compositores originais do hino. Se com o Destrucion no Rock In Rio a performance já havia sido notável, aqui só agregou devido a pegada única e simpatia de Antônio. Depois da tempestade não houve calmaria e mais dois clássicos seguiram em sequência: primeiro "Apocalyptic Revelation" do disco de mesmo nome, editado em 1998; depois aquela que seria a "Black Metal" do Krisiun, isto é, "Black Force Domain", do debut de 1995 e até hoje considerado por muitos como o melhor trabalho de Alex, Moyses e Max. Opiniões a parte, encerrar assim foi colocar a cereja no bolo e servir o banquete maquiavelicamente indigesto da confraria perversa que foi aquilo tudo ali no Clash Club. Apenas um adendo, senti falta de algo do "Agelesss Venomous", um dos melhores em sua discografia.

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Sobre Durr Campos

Graduado em Jornalismo, o autor já atuou em diversos segmentos de sua área, mas a paixão pela música que tanto ama sempre falou mais alto e lá foi ele se aventurar pela Europa, onde reside atualmente e possui família. Lendo seus diversos artigos, reviews e traduções publicados aqui no site, pode-se ter uma ideia do leque de estilos que fazem sua cabeça. Como costuma dizer, não vê problema algum em colocar para tocar Napalm Death, seguido de algo do New Order ou Depeche Mode, daí viajar com Deep Purple, bailar com Journey, dar um tapa na Bay Area e finalizar o dia com alguma coisa do ABBA ou Impetigo.
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