O que precisa acontecer para surgir o próximo Angra ou Sepultura no Brasil
Por Gustavo Maiato
Postado em 08 de julho de 2024
O ponto de interrogação é antigo. Qual próxima banda de metal furará a bolha e se tornará a próxima do Brasil no patamar de Angra e Sepultura? Essas bandas carregaram e carregam as cores verde e amarela por diversos países que passaram e acumulam fãs, prestígio e influência.
Para ir direto ao ponto, o grande problema é que o mundo mudou e hoje a atenção das pessoas está pulverizada. Não só há infinitas bandas lançando literalmente milhares de músicas todos os dias como fora da música há streamings de séries e filmes, redes sociais e toda sorte de entretenimento. Difícil competir.
Talvez se a Crypta ou Nervosa surgissem nos anos 1980, seriam maiores do que hoje. Ou até mesmo grupos como Tuatha De Danann e Hibria poderiam ter mais espaço. Se a rede social abriu caminho para todos terem vozes, com todos falando ao mesmo tempo, ninguém entende nada.
Outro ponto a ser seriamente considerado é a originalidade. Uma banda só vai despontar caso seja original. Ponto final. A música, a linguagem, a estética ou tudo junto. Algum tempero precisa ser daqueles que o ouvinte diga: "Hum, nunca ouvi isso antes". Não precisa reinventar a roda, mas bandas gringas recentes como Sleep Token souberam entregar algo mais particular.
Um terceiro ponto – e talvez o mais importante de todos – é que bandas de qualquer estilo (e principalmente o metal, que anda sempre à margem) que desejam crescer precisam abrir a mão e investir. Sem dinheiro não se compra tráfego pago, não armazena lista de e-mail, não se paga influencers ou shows de abertura.
Essas pequenas (ou não tão pequenas assim) ações vão se somando e no final o alcance da banda para conquistar novos fãs depende da grana investida. Antes, tinha a gravadora para fazer isso. Hoje, todo músico underground precisa ter CNPJ. Se quiser crescer, pelo menos.
Angra e Sepultura tinham máquinas por trás. No caso do Angra, a Rock Brigade. E no caso do Sepultura, a Roadrunner. As bandas que desejam ser eles hoje, contam com os próprios esforços. Mesmo que haja algum selo investindo por trás, não se pode contentar com isso e muitas vezes gastar do próprio dinheiro para fazer além.
Somando todos esses fatores, parece cada vez mais difícil que surja outra banda do naipe das supracitadas. Não é impossível, mas reunir todos esses ingredientes é coisa rara. Porém para o bem da música pesada tupiniquim, isso é preciso. Quem se habilita?
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