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Paul Gray: "raridade neste negócio que chamamos de música"

Por Karina Detrigiachi
Fonte: Bravewords.com
Postado em 26 de maio de 2010

Paul Dedrick Gray, de 38 anos, co-fundador do SLIPKNOT foi encontrado morto em um hotel perto de Des Moines, Iowa, cidade de origem da banda, na segunda-feira (24 de maio). Um porta-voz do Departamento de Polícia de Urbandale disse que não havia provas de crime, mas a investigação está em andamento.

O redator do BraveWords.com, David Perri fez seus comentários sobre a morte de Paul:

"Eu não posso dizer que conheci Paul Gray de uma forma significativa. Os caminhos de nossas vidas convergiram em um período muito breve, apenas meia hora de conversa no dia 14 de julho de 2008, quando o SLIPKNOT estava promovendo seu mais recente álbum ‘All Hope Is Gone’. Paul e eu nem sequer nos conhecemos pessoalmente, mas somente através da linha telefônica, mas uma coisa ficou muito clara: Paul Gray era um cara autêntico.

Gray poderia ter sido um idiota. Afinal, ele era parte de uma banda vencedora do Grammy, que já vendeu milhões de discos em todo o mundo e saiu em turnê com as bandas mais conhecidas e amadas do planeta. Mas Gray não era um idiota. Ele era um cara afável, genuíno e realmente sensível, cujo uso quase constante da palavra ‘cara’ me fez sorrir durante todos os nossos 30 minutos.

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Gray não estava sendo legal somente por ser. Nossa entrevista foi cortada várias vezes em conseqüência do seu novo iPhone que estava apresentando as falhas que há nas novas tecnologias. Mas cada vez que seu telefone desligava, ele me ligava de volta e pedia profundas desculpas por nossa conversa ter sido cortada.

Depois de mais de uma década no ramo do jornalismo musical, posso dizer que, sem dúvida, isso é algo muito raro. Gray, através desse gesto de me ligar de volta várias vezes em um dia de julho há quase dois anos, provou que ele se importava.

Gray foi uma genuína estrela do rock - um dos membros fundadores do SLIPKNOT - mas no telefone ele era um cara despretensioso, falando apaixonadamente sobre música comigo, um estranho.

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Depois da nossa entrevista, eu esperava um dia encontrar o Gray pessoalmente para lhe dizer o quão legal ele foi. Eu queria dizer a ele que eu tinha entrevistado pessoas com egos e atitudes descontroladas e que tinham até agora, conseguido atingir pouco do sucesso que ele possuía. A disposição amigável e simpática de Gray foi uma espécie de exceção e raridade neste negócio louco que chamamos de música."

No dia 14 de julho de 2008, Gray concedeu uma entrevista para o site Bravewords.com e abaixo pode ser conferido um trecho da conversa.

Quando perguntado se há saudades do álbum homônimo de 1999:

"Oh cara, mas é claro. Estou nessa banda desde que eu era um adolescente e com o álbum homônimo lançado em 99, eu penso em todas as merdas pelas quais passamos antes de assinar um contrato de gravação. Tudo o que tínhamos feito antes, que nós mesmos fizemos e produzimos, tivemos que vender pois eles não estavam disponíveis nas lojas. Nós tivemos que ir à loja de música local e vender nosso CD. Em todo lugar que fomos, quando tínhamos shows, íamos para a cidade e conversávamos com as lojas locais sobre a venda de nosso CD".

"Grandes redes como Best Buy não se interessavam por nada referente a músicos de bandas locais ou sem gravadoras, então após passar por todo esse trabalho e finalmente chegar ao ponto onde você é reconhecido, assinar um contrato de verdade e saber que seu álbum será lançado em massa... isto é incrível".

"E tudo que vem junto com isso, como excursionar pelo mundo todo e conhecer todas as pessoas que conheci ao longo dos anos é incrível. Na época daquele álbum, ir para o Japão, Austrália, Europa, Canadá e América do Sul e descobrir que as pessoas fora da nossa cidade estavam realmente gostando da banda foi um puta sentimento".

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"É difícil de descrever".

"É definitivamente um lugar no meu coração que vai viver comigo para sempre".

"Nós achávamos que sabíamos o que estava acontecendo, e depois descobrimos que era uma coisa completamente diferente (risos)".

"Aparecíamos na frente das pessoas e fizemos os fãs e amigos em todos os lugares, e foi incrível. Aquele álbum, e aquelas músicas, elas foram uma sensação incrível. Esse foi um momento especial para todos na banda. Além disso, desistir da minha porra de trabalho convencional como garçom para ser realmente um músico foi incrível".

"Eu costumava ter que pagar para fazer música, porque eu tinha que tirar uma folga do trabalho perdendo assim o meu dinheiro do aluguel e tinha que falar com o meu patrão para ele não me demitir, para que eu pudesse tocar em alguns shows. E depois ainda tinha que pagar por um lugar pra tocar? Foi simplesmente fantástico. Essa época foi e será sempre um dos momentos mais especiais da minha vida".

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"Há apenas algumas outras coisas que são tão especiais. Eu me casei recentemente, conhecer a minha esposa e ter entrado para a banda foi a coisa mais especial na minha vida. Eles são de longe a das coisas mais especiais na minha vida".

"Aquela época e mais recentemente minha esposa, definitivamente são momentos muito especiais".


Morte de Paul Gray

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Sobre Karina Detrigiachi

Designer, nascida na cidade de São Paulo, Kari como é mais conhecida, cresceu ouvindo Deep Purple, Led Zeppelin, Skid Row e Alice Cooper. É apaixonada por todas as vertentes do Metal, porém ouve de tudo um pouco sem se prender a rótulos.
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