Sepultura: Influenciado por U2, Beneath The Remains faz 25 anos
Por Nacho Belgrande
Fonte: Playa Del Nacho
Postado em 07 de abril de 2014
O dia de hoje marca os 25 anos da explosão do avassalador terceiro álbum do SEPULTURA, "Beneath The Remains", o primeiro a ter grande repercussão internacional. Em uma entrevista exclusiva com a edição bretã da revista especializada METAL HAMMER, o líder e fundador daquela formação insuperável do grupo, MAX CAVALERA, comenta sobre a obra:
"Acredite ou não", diz Max, com certeza o ser humano mais Metal já parido na América do Sul, "muitas das letras em ‘Beneath The Remains’ foram inspiradas pelo álbum ‘War’, do U2."
"Antes daquilo", ele segue, "Eu era inspirado por BLACK SABBATH e MOTÖRHEAD, mas comecei a ouvir ao U2, que tinha letras realmente muito boas. Se você ouvir à faixa-título de ‘Arise’ do Sepultura, que veio depois de ‘Beneath The Remains’, um dos versos principais é ‘Under a pale grey sky’, que fora tirada diretamente de ‘Under a blood red sky’, da faixa ‘New Year’s Day’."
Não era o que você esperava ouvir? Bem, é justo dizer que Max nunca foi exatamente previsível, mesmo em idos de 1989, quando ele e sua banda de desajustados urbanos subiram no palco do mundo com seu disco de estreia pela gravadora Roadrunner, ‘Beneath The Remains’. O Sepultura – que naquela época tinha ANDREAS KISSER, PAULO JR. e o irmão de Max, IGGOR – nunca jogou de acordo com as regras, menos ainda quando se tratava de achar um modo de sair do gueto musical de São Paulo, onde eles residiam. Enquanto seus dois LPs e um EP anteriores tinham recebido louros dos fãs locais, Max sabia que o Sepultura precisava agir globalmente se quisessem dar o próximo passo. Sua estratégia o levou a um continente diferente.
MONTE CONNER, agora chefão da Nuclear Blast Entertainment e figurão da Roadrunner por mais de três décadas, lembra-se de seu primeiro encontro com Max.
"Foi muito difícil se comunicar com o Sepultura no começo", ele lembra, "porque Max era o único membro que falava inglês. Na Roadrunner, ficamos muito nervosos sobre o fato de nunca termos contratado uma banda do Brasil, então eu peguei os contratos ao Consulado Brasileiro em Nova Iorque e os autentiquei para mostrar que eram documentos legítimos."
Uma vez que o acordo foi assinado, a Roadrunner não perdeu tempo em enfiar o grupo em um estúdio no Rio de Janeiro com SCOTT BURNS, então um produtor iniciante.
"O orçamento para ‘Beneath The Remains’ era de somente 8 mil dólares, mas nós logo percebemos que era pouco demais para fazer uma gravação competitiva usando um produtor estadunidense", lembra Conner. "Eu fiz com que CEES WESSELS [dono da Roadrunner] aprovasse um orçamento de 13 mil dólares, o que era uma quantia muito alta para nós na época. Deveria ser um disco de oito músicas, mas a banda chegou em mim no último minuto e me disse que eles tinham uma nona faixa que era muito forte. Eu perguntei a Cees se aumentaríamos o orçamento em mais mil dólares para ela. Por sorte, ele concordou, já que aquela derradeira faixa, ‘Primitive Future’, tornou-se o fechamento ideal para o disco."
O produto final estarreceu a todos os envolvidos, sem contar as legiões de metalheads do mundo inteiro: a velocidade e a agressão diretas das músicas, aliadas aos vocais bestiais de Max, eram um grande progresso em relação a qualquer coisa que o Sepultura havia produzido até então. Ao descartar suas obsessões temáticas anteriores por demônios e guerras, Max abordou temas mais pessoais como alienação e exploração – tópicos com os quais milhares de headbangers se identificaram. Graças a Scott Burns, a incrível força das músicas não e perdeu na mixagem, a exemplo do que havia ocorrido com os lançamentos prévios da banda: a selvageria dos riffs de Max e Andreas e o poder implacável da bateria de Iggor se destacavam com clareza, fruto de uma engenharia precisa para impacto maximizado. Não é de se espantar com o fato de ‘Beneath The Remains’ ter chegado a Disco de Ouro em vários países.
"É louco pensar que tem 25 anos que fizemos aquele disco!", ri Max. "Realmente não parece fazer tanto tempo. Eu ainda amo aquele álbum. Foi um grande passo para nós e um novo direcionamento. Nós tivemos que gravá-lo à noite, porque não conseguimos tempo de estúdio durante o dia, e isso afetou o modo que o álbum soava. Eu amo as músicas, ainda assim. ‘Inner Self’ é uma de minhas faixas favoritas do Sepultura: eu amo aquelas letras porque é como eu me sentia na época. ‘Walking in dirty streets/With hate in my mind… ’ A letra preserva essa emoção. ‘Beneath The Remains’ também é ótima, e ‘Stronger Than Hate’ é uma faixa matadora também."
Perguntado sobre o porquê de o álbum ter sido tamanho progresso para o Sepultura, Max elabora: "Estávamos tão empolgados sobre estarmos em uma gravadora nova, e sabíamos que tínhamos que fazer algo mais poderoso do que nossos discos anteriores. Era death-thrash metal, creio eu, porque há influências de ambos os estilos de música. ‘Mass Hypnosis’ tinha muitos riffs melódicos, mas daí você tinha ‘Beneath the Remains’, que é death metal – muito rápida, brutal e na cara."
Todos esses anos depois, a abordagem de Max ao metal não mudou. "Quando eu digo que uso música como uma arma", ele pondera, "não é conversinha como quando as pessoas o dizem. Muitos de meus riffs são criados para liberar raiva, e há muito disso em ‘Beneath The Remains’. Você descarrega suas emoções desse modo. Até hoje, eu ainda sou apaixonado por música rápida!"
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